POLÍCIA
Pernambués zera homicídios por 90 dias e atinge marca histórica
De acordo com o IBGE, Pernambués é a 11ª favela mais populosa do Brasil e o terceiro bairro mais populoso da capital baiana
Por Luan Julião

O bairro de Pernambués, em Salvador, alcançou um marco inédito: completou 90 dias sem o registro de mortes violentas. O último homicídio na região foi contabilizado no dia 3 de março de 2025, conforme dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP).
Com uma população expressiva e desafios sociais históricos, Pernambués ocupa posição de destaque no cenário urbano de Salvador. De acordo com um suplemento do Censo 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o bairro aparece como a 11ª favela mais populosa do Brasil e o terceiro bairro mais populoso da capital baiana, atrás apenas de Itapuã e Pituba.
A marca é resultado direto de estratégias de enfrentamento às organizações criminosas e da intensificação do policiamento direcionado, desenvolvidas pela 1ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM) e pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Análise criminal e policiamento focado
Em entrevista exclusiva ao Portal A TARDE, o major Leandro Burgos, comandante da 1ª CIPM há dois anos, destacou o papel da inteligência policial e da diversificação das modalidades de patrulhamento.

"Aqui em Pernambués, nós desenvolvemos um trabalho dedicado de análise criminal, fazendo um mapeamento das ocorrências policiais e, a partir daí, estabelecendo um gradiente de importância de cada uma delas. A partir desse estudo, nós direcionamos o policiamento para uma atuação focada naquele problema."
Prioridade ao combate aos homicídios
Segundo o major, o combate ao crime contra a vida é prioridade absoluta:
"E como a gente escalona a importância dos crimes, hoje, com certeza — como sempre — o mais importante é o crime contra a vida, né? São as mortes violentas. A gente tem se preocupado muito em atribuir um policiamento mais reforçado, com a intensificação de ações nas áreas que a gente entende que a probabilidade de uma ação delitiva violenta é maior."
Diversificação de estratégias
A atuação da 1ª CIPM inclui patrulhamento motorizado, policiamento a pé e o uso de motocicletas, estratégia que busca dar maior capilaridade ao trabalho da tropa.
"Então, a gente, a partir daí, desenvolve as ações com diversas modalidades de policiamento, como o policiamento motorizado, com as viaturas, o policiamento a pé, o motopatrulhamento, também usando as motocicletas. Então, assim, a gente diversifica bastante as modalidades, até para poder conseguir alcançar uma densidade maior no que diz respeito à nossa atuação."
Recorde histórico é celebrado pela tropa
O comandante celebrou o recorde alcançado, atribuindo a conquista ao comprometimento dos policiais militares:
"Bom, a gente precisa, de fato, comemorar, porque, na série histórica desde a fundação da primeira companhia independente até os dias de hoje, nós acabamos de atingir um recorde de período sem morte violenta. Isso aí, de fato, é um marco, é algo que precisa ser celebrado, porque, com certeza, é o resultado de muito esforço da nossa tropa, né? É o consciente de um trabalho abnegado, incansante e incansável dos policiais militares que aqui labutam, e nós realmente estamos muito felizes, né, comemorando essa marca."
Manter os resultados é o novo desafio
Apesar do avanço, o major Burgos reconhece que o desafio agora é manter o resultado:
"O desafio agora é maior, porque manter esse patamar de resultado, essa condição estatística favorável que nós alcançamos, não é nada simples. Porém, como nós, dentro do modus operandi que conseguimos estabelecer, alcançamos — né? — obtivemos sucesso, nós vamos tentar manter as mesmas ações, de acordo sempre com o estudo que é realizado a partir da análise criminal, a partir dos dados de inteligência que nós conseguimos coletar, né? Realizando não só o policiamento convencional, como também diversas operações, para que a gente siga mantendo esse nível de controle dos crimes violentos."
Geografia impõe obstáculos ao patrulhamento
Um dos obstáculos enfrentados pela PM na região é a geografia acidentada do bairro, que limita o acesso de viaturas em algumas áreas. A solução tem sido o reforço no patrulhamento a pé.
"A topografia do terreno realmente impõe uma série de obstáculos para que nós consigamos alcançar determinadas localidades dentro do bairro e, sendo assim, esse acesso só pode acontecer a pé. Então, muitas vezes, precisamos abrir mão do veículo que usamos para o policiamento regular. É necessário o patrulhamento a pé em determinadas áreas, e isso notadamente é um elemento dificultador — mas não um impeditivo — para realizarmos o policiamento dentro do nosso planejamento."
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