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SALVADOR

Pituba: de fazendas a centro urbano, entenda como o bairro de Salvador foi planejado

De um passado rural a um polo de comércio e serviços, a Pituba teve sua história traçada por um planejamento urbano

Divo Araújo

Por Divo Araújo

17/09/2025 - 11:36 h
Bairro da Pituba
Bairro da Pituba -

A Pituba que conhecemos hoje não nasceu por acaso. Diferente de outros bairros de Salvador, sua formação foi fruto direto de um planejamento urbano que remonta aos anos 1930, quando a região começou a ser redesenhada com ruas amplas, traçado geométrico, arborização e loteamentos bem definidos.

Segundo o historiador Rafael Dantas, a Pituba representou uma ruptura em relação ao Centro Antigo de Salvador. “Pituba é um bairro que nasce planejado”, explica.

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“O grande ponto de diferença entre a Pituba e o passado colonial português da cidade é que ela já se desenvolve dentro de inspirações modernas, com ruas amplas e loteamentos projetados”, reforça.

Antes desse processo, a área era marcada por grandes fazendas, dunas cobertas por vegetação de restinga e trechos de mata atlântica, além de casas de veraneio.

“Pituba, como a gente conhece, começa a dar seus primeiros passos neste momento. Antes disso, era um lugar de grandes fazendas, e registros do século XIX apontam a região como muito verde”, completa Dantas.

Parque Júlio Cesar
Parque Júlio Cesar | Foto: Cedoc A TARDE

A transformação da Pituba acompanhou um movimento mais amplo vivido por outras cidades brasileiras nas primeiras décadas do século XX, quando capitais como Belo Horizonte e São Paulo também buscavam reorganizar seus espaços com novas concepções urbanísticas, baseadas na ideia de modernidade.

Foi Joventino Pereira da Silva, que recebeu as terras do seu cunhado, o português Manoel Dias da Silva, quem primeiro vislumbrou transformar a Pituba em um bairro de alta renda. No início da década de 1920, ele contratou o engenheiro Theodoro Sampaio para elaborar o plano urbanístico, aprovado em 1932, que previa a abertura de dez vias paralelas ao mar e 15 transversais, algumas batizadas com nomes de estados brasileiros.

O projeto seguia os critérios do Plano de Desenvolvimento Urbano de Salvador, exigindo infraestrutura mínima para loteamentos, como áreas verdes, vias públicas, abastecimento de água, esgotamento sanitário e energia elétrica.

Na mesma época, famílias e construtoras começaram a adquirir grandes glebas, apostando na expansão de Salvador para o eixo norte. Entre os compradores estava a família Odebrecht, que no fim da década de 1920 adquiriu terras que dariam origem ao Caminho das Árvores.

Avenida Magalhães Neto
Avenida Magalhães Neto | Foto: Cedoc A TARDE

Pavimentação da orla

A transição de área rural para bairro urbano se consolidou ainda na primeira metade do século XX, especialmente com a pavimentação da

Avenida Octávio Mangabeira, em 1949. “Esse movimento foi muito importante para a Pituba, pois conectou os bairros da orla oceânica de Salvador”, explica Dantas.

Até o fim dos anos 1950, no entanto, a região ainda mantinha coqueirais, pescadores e poucas construções, geralmente casas amplas, com quintais, pomares e grandes varandas.

A urbanização acelerou a partir dos anos 1960 e 1970, com a implantação de equipamentos estruturantes como o Colégio Militar de Salvador, o Clube Português, o Parque da Cidade e a Igreja de Nossa Senhora da Luz, projetada por encomenda de Joventino.

Praça Belo Horizionte -  Pituba
Praça Belo Horizionte - Pituba | Foto: Cedoc A TARDE

A segunda metade da década de 1970 consolidou a Pituba como área estratégica de expansão urbana. A criação da “Zona Homogênea da Pituba”, em 1976, definiu o bairro como território propício para empreendimentos imobiliários voltados às camadas de maior renda. Nesse período, a abertura de avenidas como Tancredo Neves, Magalhães Neto e Antonio Carlos Magalhães conectou a região ao novo vetor de crescimento de Salvador.

A instalação do Terminal Rodoviário, do Detran e do Shopping Iguatemi completou o embrião de um novo centro financeiro, deslocando a centralidade econômica da capital para o entorno da Pituba, Itaigara e Caminho das Árvores.

O crescimento ganhou ainda mais força com a nova dinâmica econômica trazida pela Refinaria Landulpho Alves e, posteriormente, pelo Polo Petroquímico, atraindo uma classe média mais abastada que passou a residir permanentemente no bairro.

Conjuntos residenciais, como o Parque Júlio César, marcaram o início da verticalização, intensificada nas décadas de 1970 e 1980. “Com as primeiras avenidas e a chegada de grandes empreendimentos, a Pituba começou a se consolidar como um bairro moderno e integrado à cidade”, lembra Dantas.

Na virada para os anos 2000, a requalificação da Praça Nossa Senhora da Luz e do entorno buscou resgatar a centralidade social do bairro. Hoje, a Pituba é um dos territórios mais dinâmicos de Salvador, concentrando habitação, comércio e serviços de saúde e educação, majoritariamente privados.

Bairro da Pituba
Bairro da Pituba | Foto: Cedoc A TARDE

LINHA DO TEMPO

SÉCULOS XVII e XVIII

Início do século XVII: A área já existia como fazenda, com uma capela de taipa e a imagem de Nossa Senhora da Luz, trazida de Portugal. As terras foram doadas a Dom Antônio Ataíde, passando posteriormente ao seu filho José Félix, Barão do Rio Vermelho.

SÉCULO XIX

1881: Os herdeiros do Barão do Rio Vermelho vendem as terras ao português Manoel Dias da Silva, que dá nome à principal rua do bairro. A região era quase desabitada, com coqueiral, dunas, mata atlântica e vilas de pescadores.

SÉCULO XX

Início dos anos 1920: Joventino Pereira da Silva ganha as terras do cunhado e planeja transformar a Pituba em um bairro de alta renda, encomendando o projeto da Cidade Luz ao engenheiro Theodoro Sampaio.

Segunda metade da década de 1920: Loteamento de terras e início da construção de casas de veraneio e chácaras. A família Odebrecht adquire terras que dariam origem ao Caminho das Árvores.

1932: Aprovação do Plano Urbanístico da Pituba de Theodoro Sampaio, com a abertura de dez vias paralelas ao mar e 15 transversais. A prefeitura aprova a Estrada da Pituba como Av. Manoel Dias da Silva.

1949: Pavimentação da Av. Octávio Mangabeira, impulsionando a urbanização.

1954: Início da construção da Igreja de Nossa Senhora da Luz.

1959: Joventino Silva doa e vende terras que darão origem ao Parque da Cidade.

1960: Entrega da Igreja de Nossa Senhora da Luz.

1961: Inauguração do Colégio Militar de Salvador.

1963: Inauguração do Clube Português.

1968: Abertura da Av. Tancredo Neves.

Fim dos anos 1960: Início do processo de verticalização do bairro.

Início dos anos 1970: Construção do Parque Júlio César.

1970: Abertura da Av. Magalhães Neto.

1974: Implantação do Terminal Rodoviário de Salvador e do Detran-BA.

1975: Inauguração do Parque da Cidade Joventino Silva e do Shopping Iguatemi, além da abertura da Av. ACM.

1976: A Pituba é declarada Zona Homogênea.

Final da década de 70: A expansão urbana acompanha a refinaria Landulpho Alves e o Polo Petroquímico, atraindo classe média abastada.

Início dos anos 1980: Intensificação da verticalização. A Av. Tancredo Neves se consolida como o novo centro econômico da cidade.

1999: A Av. Manoel Dias passa por reforma.

2001: Reurbanização do Parque da Cidade.

2012: Requalificação da Praça Nossa Senhora da Luz e entorno.

2014: Nova reforma e modernização do Parque da Cidade.

A partir de 2020: A Pituba se consolida como um bairro dinâmico, com comércio, serviços privados e alta concentração de habitações verticais.

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