FORMADOR DE CAMPEÕES
Projeto social de boxe transforma vidas em São Cristóvão
Gabriel e Samara Solis integram e brilham no Objetivo Olímpico
Por Larissa Falcão / Portal MASSA!
A Bahia esteve muito bem representada no Campeonato Mundial Juvenil de Boxe, que aconteceu em outubro deste ano, no Colorado, Estados Unidos. O atleta Gabriel Solis, de apenas 17 anos, cria do bairro de São Cristóvão, em Salvador, brilhou e conquistou o vice-campeonato na categoria 70kg.
A história do jovem atleta com o esporte começou quando ele tinha apenas 5 anos de idade, por incentivo do seu tio, ex-pugilista e treinador responsável pelo Projeto Social Objetivo Olímpico, Reinaldo Solis.
“Sempre quando tinha algum treino, eu acompanhava, pedia a meu tio para me levar e ele me levava. Com o decorrer do tempo, eu fui me apaixonando pelo boxe, e em 2022, eu passei a treinar sério, em meio aos atletas de competição. Em 2023 foi a minha primeira luta, eu competi no Campeonato Estreante de Boxe e me consagrei campeão, mais tarde também fui campeão baiano, e consegui uma vaga para o Campeonato Brasileiro de Boxe, e também fui campeão”, contou ao Portal MASSA!.
Desde então, o boxe mudou completamente a vida do jovem, que hoje vive em função do esporte. Com apenas dois anos de carreira, Gabriel foi duas vezes campeão brasileiro, tetracampeão baiano e vice-campeão mundial, nos Estados Unidos. O feito é motivo de orgulho para o atleta.
“Me sinto honrado em saber que várias pessoas estão me reconhecendo como vice-campeão mundial, eu passo na rua e a pessoa fala comigo. É uma honra trazer essa medalha aqui para Salvador. Uma pessoa tão jovem assim, que ninguém dava nada. Trazer essa conquista aqui para Salvador é uma experiência muito boa para mim e para o projeto aqui que eu treino, para minha família”, vibrou o garoto.
Ex-pugilista é mente à frente de futuro do boxe baiano
Considerado a maior referência no boxe para Gabriel, o treinador Reinaldo Solis, de 44 anos, idealizador do Projeto Social Objetivo Olímpico, localizado no bairro de São Cristóvão, em Salvador, tem uma história especial com o esporte, que o tornou pugilista por alguns anos.
“Nos anos 80 e 90 era muito complicado viver em Salvador sem saber boxe, para se defender, pois a cidade tinha uma cultura de confusão por todo lugar. Então fui obrigado a aprender boxe para me defender, mas depois foi virando uma paixão, e eu comecei a treinar e me desenvolvi, mesmo em meio às dificuldades financeiras. [...] Fiz algumas lutas, mas não tive uma carreira tão vitoriosa, pois comecei muito tarde, com 18 anos, e logo vieram as responsabilidades. Era muito difícil ser atleta e pai de família ao mesmo tempo, mas ainda lutei algumas vezes”, contou ao MASSA!.
Em 2007, Reinaldo sofreu um acidente de moto, que o desmotivou a voltar ao esporte. No entanto, o treinador deu a volta por cima, e se reinventou para manter o amor pelo boxe vivo, mas agora com um outro objetivo: mudar a vida de crianças e jovens, através da luta, e de forma gratuita.
“Eu resolvi fazer a minha parte, eu era uma pessoa problemática antes do boxe, e o boxe me educou. Então eu vi que seria uma ótima ferramenta pra eu estar ajudando outras crianças também. Então fiz a minha parte, eu quis ser a mudança que a gente quer ver no mundo. Juntei uma turma, e logo de cara já tinha umas 100 crianças, a princípio era só pra ensinar mesmo, mas depois muitos foram se destacando e eu também fui me desenvolvendo como treinador. Comecei despretensiosamente, não achava que eu ia me tornar um grande treinador”, detalhou.
O projeto de Reinaldo foi responsável por tornar diversos jovens campeões brasileiros e baianos, além de campeões mundiais. Atualmente, o Objetivo Olímpico conta com mais de 200 alunos, dentre eles, crianças, mulheres, e atletas que já competem profissionalmente.
Medalhista no Pan-Americano é cria do Projeto
Seguindo os mesmos caminhos do tio e do primo, a pugilista Samara Solis, de 20 anos, também foi descoberta pelo Projeto Social Objetivo Olímpico. Sobrinha do treinador, ela iniciou em 2019 no boxe, com o objetivo de vencer o sobrepeso e viu no esporte a sua mais nova paixão.
“Eu entrei com o objetivo de perder peso, mas fui praticando, e aí eu fui gostando. Como meu tio é o treinador, ele me incentivou mais a entrar na equipe de competição. Então foi aí que passei a gostar de estar em cima do ringue, de competir. De 2019 para cá tenho vencido muitas barreiras, especialmente a do sobrepeso, mas também novas dificuldades que surgem, competições, que cada ano o nível vai aumentando”, relatou ao MASSA!.
A primeira competição profissional de Samara foi em 2021, onde conseguiu a classificação para disputar o Pan-Americano Júnior, na Colômbia, e saiu com a medalha de bronze. Desde então, o que era para ser um esporte com foco na perda de peso, tornou a pugilista tetracampeã estadual, campeã mundial Estudantil na França, e também medalhista Pan-Americana.
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