SALVADOR
Projetos apresentados no Encontro Estudantil revelam avanços da ciência e educação
Tamarindo é a aposta dos alunos do Centro Territorial de Educação Profissional de Araci
Por Madson Souza
No livro de ficção científica “A vida e as mortes de Severino Olho de Dendê”, o autor Ian Fraser, imagina um universo futurista em que o dendê se tornou o principal combustível da galáxia. A previsão ainda parece longe de nossa realidade, mas quem sabe o futuro dos combustíveis está em outro fruto. O tamarindo é a aposta dos alunos do Centro Territorial de Educação Profissional de Araci, que possuem uma pesquisa, com resultados positivos, sobre o potencial da matéria-prima como biocombustível.
Esse é apenas um dos projetos presentes no Encontro Estudantil da Rede Estadual de Educação, que começou ontem na Arena Fonte Nova. O tema da vez é “Arte, ciência e democracia: caminhos para a sustentabilidade” e toda programação tem como foco o protagonismo dos alunos, no encontro que deve reunir 7 mil participantes, o que inclui professores e gestores escolares, conforme nota da Secretaria de Comunicação da Bahia.
As produções dos estudantes da rede pública vão desde projetos científicos e apresentações culturais, até toda sorte de possibilidades, desenvolvidas e apresentadas por alunos dos 27 Territórios de Identidade da Bahia. O encontro é gratuito e segue com atividades hoje e amanhã.
Ainda não é viável abastecer o carro com combustível de tamarindos. Mas a substância já encarou o teste de inflamabilidade e demonstrou resultados positivos ao entrar em combustão de forma rápida, porém sem a fumaça escura e tóxica, segundo um dos responsáveis pelo projeto, Jonatas Silva.
Outro aspecto ressaltado pelo estudante é que a utilização do tamarindo pode também gerar uma valorização da matéria-prima local, beneficiando as comunidades rurais.
São resultados positivos como esses, que o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, presente no evento, ressalta. “O objetivo aqui é fazer uma grande confraternização, um encerramento do ano. Ouvir também as vozes dos meninos, olhar os projetos desenvolvidos, seja de ciência, de lideranças estudantis, de comunicação, tudo isso dá pra gente alegria”, afirma.
Na Arena Fonte Nova, a pesquisa de Jonathas e seus colegas tem uma mesa com tamarindos, panfletos sobre o estudo e um pouco do material já produzido. Basta demonstrar sinal de interesse que o jovem aluno explica o processo desenvolvido.
A pesquisa possui tanto potencial que a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) disponibilizou seu destilador fracionado para o estudo. “As pessoas chegam aqui e dizem ‘nunca imaginaria isso do tamarindo’. Pra nós é muito recompensador”, conta.
Outros projetos
O biocombustível a partir de tamarindo é apenas uma das diversas propostas presentes no Encontro. Outra que chama muita atenção é o Tradulibras, aplicativo tradutor e produtor de libras. A proposta é que o sistema além de traduzir da língua brasileira de sinais para o português, possa também traduzir do português para libras. O foco é que o aplicativo seja usado em salas de aula, mas também para o ambiente profissional, conforme os alunos do Centro Estadual de Educação Profissional em Gestão e Negócios do Norte Baiano.
O que surgiu de uma discussão em sala de aula evoluiu ao longo de dois anos e já tem até protótipo com interface, aba para cadastro e opções para quem busca traduzir da libra ou do português. Segundo uma das alunas desenvolvedoras do projeto, Lara Stephany, as próximas fases do projeto são botar o aplicativo para funcionar e prover o funcionamento offline do sistema.
“A escola nos deu todo suporte, ajudou a procurar parcerias e aos poucos estamos conseguindo. A gente vê um futuro realmente nisso, não é só um projeto de escola. É um aplicativo que pode trazer uma inclusão social muito grande. Percebemos isso ao fazer entrevistas com alunos surdos”, conta Lara.
A professora e coordenadora do projeto, Deusimara Borges, aponta que sentiu uma grande evolução dos alunos ao longo desse processo e que esse é o papel dos professores. “É um aplicativo com potencial de ajudar muito na educação profissional e básica. E o nosso papel é esse: incentivar o aluno a desenvolver ideias e colocar no papel e trazer para esses encontros”, afirma.
Apresentações em diversas áreas motivam a participação
O Encontro estudantil da rede pública da Bahia vai para além da ciência, com diversos projetos no viés cultural. Alguns chamam atenção no primeiro momento, mas só são desvendados ao se aproximar, como é o caso da apresentação sobre a Fazenda do Boi Morto. O esqueleto do crânio de um boi atrai o olhar para o trabalho dos alunos do Colégio Estadual de Macururé.
O esqueleto sobre uma tampa com terra, que cobre uma caixa, e a pele do animal ao redor do objeto, indicam “que o boi está morto, mas que a memória esta vida”, narra Alvaro dos Santos, um dos quatro estudantes responsáveis pelo projeto. O trabalho é sobre a fazendo dos avós de Álvaro, mas também sobre o município de Macururé. Ao retirar a tampa da caixa com a cabeça do boi, a história é contada.
A secretária de educação da Bahia, Rowenna Brito, destaca a importância deste momento para a educação pública. “ Os estudantes apresentando ciência, inovação, cultura, arte, colhendo os frutos de todo o investimento da revolução que a gente está fazendo na infraestrutura, mas, sobretudo, na formação de profissionais da educação”.
Estão previstas ainda no evento palestras, workshops, e mesas-redondas, além de apresentações dos projetos artísticos e culturais realizados pela Secretaria da Educação (SEC), como o Festival Anual da Canção Estudantil (Face), TAL (Tempo de Artes Literárias), Dança Estudantil (Dance), Encontro de Corais Estudantis (Encante)... Também fazem parte da grade, premiações.
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