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TRÂNSITO

‘Roubadinha’ e contramão: infrações de motociclistas aumentam risco de acidentes

Em 2024, foram 3 mil ocorrências com 84 vítimas fatais em Salvador, que ganhará sua primeira motofaixa

Ana Cristina Pereira

Por Ana Cristina Pereira

24/02/2025 - 6:00 h
Frota de motos teve um aumento de 33% em Salvador
Frota de motos teve um aumento de 33% em Salvador -

Agilizar o deslocamento de casa para o trabalho foi o principal motivo que levou o copeiro Denilson Silva Santos à autoescola para tirar a habilitação de motociclista. Já na oitava aula, o rapaz demonstra preocupação e diz que fica indeciso em ter ou não uma moto. É que Denilson trabalha no Hospital Ortopédico da Bahia, no Cabula, especializado em ortopedia e traumatologia. “Vejo cada coisa, meninos jovens acidentados e muitos não vão andar mais”, reflete Denilson, acrescentando que é preciso dirigir por si e pelos outros.

A preocupação encontra respaldo nos números. Somente em 2024, a Transalvador registrou 3.063 acidentes envolvendo motos na cidade, vitimando fatalmente 84 pessoas, sendo a grande maioria o próprio motociclista (61 mortes). O que representa 59% do total de mortes no trânsito soteropolitano no mesmo período. Um dos locais mais perigosos é a avenida Bonocô, que, segundo o órgão, teve um aumento de 73% de acidentes com motos entre 2021 e 2023. Por isso, a via foi escolhida para receber em caráter experimental a primeira motofaixa da cidade - que ainda não tem data para ser implantada.

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Trabalhando em uma área perto da Bonocô como instrutor da autoescola CFC e conhecedor da realidade dos motociclistas, o professor Jorge Santos está meio reticente com a novidade. “Alguns vão obedecer, mas muitos não vão, justamente por conta do limite de velocidade de 60 km por hora”, afirma Jorge. Ele reflete que muitos motociclistas, sobretudo os motoboys e os que trabalham em aplicativos, cometem muitas infrações em nome da rapidez e do aumento da produtividade.

“Para ganhar tempo e fugir dos engarrafamentos eles fazem ultrapassagens perigosas, dão roubadinhas, excedem o limite de velocidade das vias”, enumera o instrutor, que elenca outras faltas graves como não usar tênis ou sapato fechado, calça jeans e capacete. Outra situação que tem contribuído para os acidentes é a atenção dividida entre o trânsito e o celular. “As pessoas também precisam conversar com o motoqueiro para que ele só mexa no celular no final da corrida”, aconselha.

Por toda a parte

Um olhar mais atento para o trânsito da cidade comprova rapidamente o que Jorge está falando. Bastaram alguns minutos para que a reportagem flagrasse vários motociclistas dando uma grande ‘roubadinha’ na Avenida ACM, ao lado da estação do BRT, no sentido Lucaia. Para evitar ir até o retorno mais próximo, eles cruzam a pista de pedestre e a do BRT e seguem sentido Iguatemi ou para entrar no bairro da Santa Cruz.

Quem deu a dica do local da infração constante foi um motorista de aplicativo, que preferiu não se identificar. “Vejo muita imprudência e acidente todos os dias. Não sei como as pessoas que usam moto permitem que os condutores façam contramão e roubadinhas”, disse, acrescentando que acredita que neste Carnaval a situação deve se agravar, devido à grande quantidade de motociclistas transportando pessoas.

Aumento da frota

De acordo com o Departamento Estadual de Trânsito (Detran-BA), nos últimos cinco anos, a frota de motos na capital baiana passou de 160.792, em 2020, para 215.393 motos emplacadas, o que representa um aumento de 33% nesse tipo de meio de transporte - não sendo contabilizadas as motos de outros municípios que circulam pela cidade.

Essa tendência de crescimento, tanto no número de motos quanto de infrações e acidentes vem num crescimento histórico, como destaca o economista Jadson Santana, da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI).

Ele explica que os dados de 2024 ainda estão sendo processados e serão divulgados durante o Maio Amarelo - mês mundial de prevenção dos acidentes de trânsito. Mas que não devem ser muito diferentes dos de 2023, quanto 2,7 pessoas morreram em acidentes de transportes terrestres na Bahia, sendo a maioria deles motociclistas (45%), homens e jovens. E outras 3,6 mil foram internadas nos hospitais do SUS.

“Esse padrão se mantém nos últimos 20 anos. Só tivemos um impacto positivo, com a diminuição dos casos, em 2012, com a Lei Seca”, informa Jadson. Novos contextos, diz, como um possível impacto do transportes de pessoas por aplicativos de motos demoram para serem captados nas estatísticas. “As mudanças são lentas e graduais, mas se há mais pessoas usando estes serviços, a probabilidade é que acidentes aumentem também”, considera.

Custos e sequelas

Vendo a situação pela ótica médica, o diretor do Hospital Ortopédico da Bahia, Roger Alencar, afirma que estamos diante de um problema de saúde pública. Prestes a completar um ano em março, a unidade é referência estadual para cirurgias e tratamentos na área e tem recebido, via lista de regulação, pacientes de todo o estado. Entre eles muitos que sofreram acidentes de moto, que ficam sem trabalhar durante um longo período, gerando um grande impacto em suas vidas e nas dos familiares. “Temos visto muitas lesões graves, com fraturas expostas e perda óssea, deixando sequelas permanentes como amputações e paralisias”, explica.

Segundo ele, 60% dos pacientes internados são vítimas de trauma, a grande maioria por acidentes. Entre as principais causas apontadas pelos acidentados com moto e atendidos no hospital estão o excesso de velocidade, as manobras perigosas, o uso de álcool e outras drogas, além da falta de capacete e calçados adequados. Ou ainda devido a buracos nas vias e a falta de sinalização. Para o médico, é preciso um esforço coletivo para transformar esse cenário, promovendo campanhas de conscientização voltadas para o motociclista, fazendo melhorias viárias e aumentando a fiscalização.

“As pessoas precisam entender a gravidade do que é ser vítima de um acidente de trânsito. Precisamos sensibilizar e criar uma autoresponsabilidade”, afirma Roger, acrescentando que a reabilitação destes pacientes tem um custo social e econômico muito alto para o estado e para suas histórias de vida.

Primeira motofaixa de Salvador será implantada na Av. Bonocô

Salvador é a terceira capital do país que implantará faixa exclusiva para motociclistas. A Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) autorizou, no último dia 12, a prefeitura de Salvador a implantar a motofaixa no Bonocô, em caráter experimental, até março de 2026.A expectativa é a redução do índice de acidentes em 30% e ajudar na conscientização de motoristas de autos e pilotos de motocicletas para melhor utilização das vias.

O projeto consiste na redução da largura das faixas de rolamento de veículos em geral, além das faixas destinadas à circulação de ônibus, visando a inclusão de motofaixas. Estão previstas a implantação de sinalização horizontal e vertical, sendo esta última composta por sinalização de advertência, regulamentação e indicação.

O projeto, que ainda não tem data para ser iniciado, será implantado em um trecho de 2,4 km na pista sentido BR-324 e 1,8 km na pista sentido centro, totalizando 4,2 km de motofaixa. Para viabilizar a mudança, a velocidade máxima da via será reduzida para 60 Km/h.

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