CURIOSIDADES
Salvador: descubra os bairros pouco conhecidos da capital baiana
Capital se estende por 693.442 km², com bairros que, muitas vezes, confundem até os próprios moradores
Por Isabela Cardoso

Salvador, que completa 476 anos neste sábado, 29, é famosa pelos seus cartões-postais, como o Pelourinho, a Baía de Todos-os-Santos e o Elevador Lacerda. Porém, por trás das atrações turísticas e dos bairros mais conhecidos, a capital baiana guarda uma série de áreas pouco exploradas, mas que fazem parte do cotidiano da população.
A cidade se estende por 693.442 km², com bairros que, muitas vezes, confundem até os próprios moradores, pontos que parecem fazer parte de outros municípios e até mesmo ilhas que pertencem à capital baiana.
Segundo o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pouco mais da metade da população da cidade vivia em 39 dos 170 bairros reconhecidos na época. Ao todo, 2.417.678 pessoas viviam em Salvador quando foi feito o levantamento. No entanto, o número de bairros subiu para 171 em janeiro de 2024, com o reconhecimento do Loteamento Aquarius.
Pensando nas áreas pouco faladas, o Portal A TARDE separou alguns bairros não tão conhecidos pela maioria dos soteropolitanos.
Veja bairros pouco conhecidos em Salvador:
Granjas Rurais Presidente Vargas

Localizado perto da região de Pau da Lima, Granjas Rurais Presidente Vargas é um bairro predominantemente industrial que surgiu no início da década de 1950, segundo a Prefeitura de Salvador. Nele, foi projetado o primeiro empreendimento imobiliário para ocupação industrial e serviços conectados. Este loteamento contribuiu para a ocupação da Rodovia BR–324 e seu entorno com aglomerados espontâneos e planejados. É nele que se encontra uma das nascentes do rio Pituaçu.
Moradas da Lagoa

Situado no Subúrbio Ferroviário de Salvador, o bairro surgiu há 25 anos, conforme informou Adenilson da Silva, presidente da Associação de Moradores do Conjunto Habitacional Coutos IV, à Prefeitura de Salvador. Pelo projeto do Conjunto Moradas da Lagoa, moradores de rua deveriam ser resgatados, garantindo trabalho e moradia. O loteamento previa a horta comunitária, pomar, creche, escola, igreja, posto de saúde, centro comunitário e de formação para o trabalho. Tempos depois surgiram outras construções como o Conjunto Recanto da Lagoa, o Jardim Valéria I e II e Moradas da Lagoa I e II, a Escola municipal Darcy Ribeiro, a Escola Municipal Ítalo Gaudenzi, a Escola municipal Olga Metting, e um centro de saúde.
Alto da Terezinha

O bairro é localizado no Subúrbio Ferroviário de Salvador. “Há cinquenta anos, aqui era tudo mato, tinha muitas árvores e nascentes de rios e pouquíssimas casas. Não havia ônibus, somente o trem. Tínhamos que descer para pegá-lo, não existia pista, era uma trilha que, quando chovia, era lama pura. Precisávamos lavar o pé na maré para pegar o trem. Depois começaram a trazer cascalho e posteriormente chegou o asfalto, o que melhorou a vida da comunidade”. Dessa maneira, Claudionor Bispo da Paixão, líder comunitário, descreve o bairro Alto da Terezinha e a vida dos seus moradores, no passado à Prefeitura de Salvador. Ele diz ainda que hoje as nascentes estão poluídas e os minadouros sumiram. O Rio da Terezinha, muito utilizado, no passado, para pesca, lavagem de roupa e para banhos, atualmente está bastante poluído, devido, entre outras coisas.
Mangueira

Aluísio Simão Pereira, representante do Instituto de Serviço Para Uma Ação Comunitária, explicou à Prefeitura de Salvador: “Mangueira solidária era a árvore encravada próxima à maré, na Península de Itapagipe, em uma área já aterrada, na qual se juntavam pescadores, mulheres e crianças para comemorar, no início da década de 1960, a vitória alcançada por cada pescaria”. No manguezal espalhado perto da maré, habitat natural de caranguejo e outros crustáceos, refugiaram-se aqueles que sem ter onde viver construíram sob palafitas suas novas moradias. Na década seguinte, o mangue-refúgio foi aterrado e em cima dele ergueu-se uma mangueira na rua: a Rua da Mangueira, hoje, Rua Rafael Uchôa. Juntaram-se a ela a Rua Vicêncio Constantino Figueiredo (Nova da Mangueira), a Travessa Rubem Amorim, entre tantas outras que surgiram.
Areia Branca

Analice Santos da Paz, presidente da Associação de Moradores de Areia Branca, relatou à Prefietura de Salvador, que até o final da década de 1980, o bairro de Areia Branca não tinha asfalto, nem água encanada (havia um poço artesiano comunitário) e estava cercado por uma vasta natureza, na qual, dunas de areia bastante alvas marcavam o ambiente, como o próprio nome do bairro sugere. Dessas areias, restaram apenas resquícios em rua próxima à entrada do bairro. Entre as peculiaridades do lugar, ela destaca as mulheres que cultivam mandioca e produzem o beiju pois, até hoje elas fazem a farinha e levam no balaio para as feiras livres. É uma das localidades mais antigas do Miolo de Salvador, em 2004 tinha séculos de existência. Em 2007, era parte da Região Administrativa Itapuã. Em 2014, foi realocado para Região Itapuã/Ipitanga. Em 2017, tornou-se oficialmente um bairro, após ser aprovado o projeto de lei 363/17.
Cassange

Chão de barro, muita área verde, sítios e pequenas casas ainda distantes, assim é o bairro Cassange, conforme descreve a Prefeitura de Salvador. Situado na Área de Proteção Ambiental, o lugar é parte de uma região rica em mananciais, rodeado pela Represa Ipitanga I e Represa Ipitanga II. Sua configuração atual ainda lembra o tempo em que o local era delimitado pelas fazendas Tapera, Raposo e Cassange. Na conta de luz, o endereço indicado é Fazenda Tapera e, ao circular pela região, os moradores costumam dizer que vivem em Tapera, em Raposo ou em Cassange.
Cidade Nova

No começo do Brasil Colônia, o bairro da Cidade Nova era parte das Quintas, que abrangiam muito mais que a estreita área ocupada pelo bairro hoje. Era lugar de recreio ou retiro dos jesuítas, sendo moradia do padre Antônio Vieira. Com a expulsão dos jesuítas, a propriedade passou a ser leprosário e a ser chamada de "Cidade de Palha", devido à construção de vários casebres de palha para se abrigar leprosos: daí a denominação Quinta dos Lázaros. Na década de 1930, quando o leprosário foi transferido para outra parte da cidade, recebeu, então, o seu nome atual: Cidade Nova.
Nova Constituinte

Nesta época, segundo Edson Freire Andrade, presidente da Associação Cultural Filhos de Ojossun, quando chovia um dia, tinha que esperar sete dias para secar a lama que se formava no lugar, conforme a Prefeitura de Salvador. Não existia luz elétrica, nem água encanada, a água vinha de Nova Constituinte um chafariz. Na história deste bairro, vale ressaltar a primeira Associação de Moradores. Ele surgiu a partir de sucessivas ocupações espontâneas no final da década de 1980 em uma fazenda de bananas.
Locais que são bairros de Salvador, mas não parece
Baixa de Quintas

Baixa de Quintas é um bairro que abriga o famoso Cemitério Quintas do Lázaro. No local, existia uma imponente casa de repouso, a Casa de Campo do Colégio da Bahia, que fora construída pelos jesuítas portugueses, no século XVI. Naquela época, o casarão, no qual funciona atualmente o Arquivo Público, chamava-se Quinta do Tanque, devido à existência de uma represa dentro dos seus domínios - este local também foi morada de Antônio Vieira por 17 anos.
Segundo Luiz Eduardo Dórea, autor do livro “Histórias de Salvador nome das ruas”, após a expulsão dos jesuítas do Brasil, em 1787, esse casarão tornou-se um leprosário. Assim, o nome Quinta dos Lázaros estaria relacionado à fundação do primeiro leprosário da Bahia: o Hospital São Cristóvão dos Lázaros. Quando essa colônia foi transferida, o local ficou abandonado e a área pertencente à Quinta do Tanque começou a ser ocupada, dando início ao bairro Baixa de Quintas. Conforme Dórea, “a forma correta desse topônimo é Baixa das Quintas, ao contrário do que se usa no cotidiano – Baixa de Quintas”, uma vez que, outrora, toda a área era conhecida como Quinta dos Padres, pois compreendia a Quinta do Tanque e a Quinta de São Cristóvão, daí então o nome de Baixa das Quintas.
Ilha de Maré

Está localizada no centro da Baía de Todos os Santos, próxima ao Porto de Aratu. Para chegar, tomam-se barcos a partir de Salvador, na Praia de São Tomé de Paripe ou Terminal Marítimo. As principais praias são: Itamoabo, das Neves, Praia Grande, de Santana e do Botelho ou Oratório de Maré. É formada por pequenos vilarejos, é rica em vegetação, mas não possui água doce. Segundo a Prefeitura de Salvador, a Ilha de Maré é uma remanescente de quilombos que abriga praias paradisíacas. A comunidade em sua maioria é formada de marisqueiras e pescadores, o artesanato típico são os balaios, cestos e outros objetos feitos com a palha de cana brava.
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