FESTA
São Roque reúne católicos e adeptos de religiões afro-brasileiras
No Santuário de São Roque e São Lázaro ocorrem missas e procissão ao longo do dia
Por Gabriel Vintina*
Em uma interseção de fé e cultura, São Roque é celebrado hoje em meio a diversidade religiosa que envolve católicos pelo santo que protege contra as doenças contagiosas e adeptos das religiões afro-brasileiras que cultuam as divindades Kavungo, Azoany, Omolu e Obaluaê, que possuem o controle sobre os mistérios de vida e morte e na cura de doenças infectocontagiosas e de pele.
A celebração acontece na Igreja de São Lázaro e São Roque, localizada na Federação. “São Roque, conhecido por sua devoção e riqueza, viveu no século XIV. Ele aprendeu muito de seus valores, como a caridade, com sua família religiosa e, quando seus pais faleceram, decidiu peregrinar até Roma, ajudando os necessitados ao longo do caminho.”, contou o padre Casimiro Malolepszy, pároco da Igreja de São Lázaro e São Roque.
No Santuário de São Roque e São Lázaro, as missas ocorrem às 5h30, 7h e às 9h (Missa Afro), às 11h e às 15h com a missa festiva, que inclui procissão e bênção do Santíssimo Sacramento.
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A ialorixá Tânia Pereira realiza, há 8 anos, o banho de pipoca em agradecimento a Omolu toda segunda-feira em frente ao templo. “Minha neta teve um problema sério e, após sua cura, prometi o banho de pipoca para São Lázaro. Isso se tornou uma tradição. A importância de celebrar Omolu e valorizar nossa ancestralidade africana”, contou.
A integração de práticas de diferentes origens culturais e religiosas é uma expressão dinâmica de resistência e adaptação. Este entrelaçamento de tradições é um ponto central para entender a dinâmica do sincretismo na Bahia.
Para Fabiana Viana, doutora em antropologia, a associação religiosa pode ser interpretada como uma forma de resistência. “Frequentemente, é erroneamente associado a uma adaptação harmoniosa da cultura e a religião de origem europeia e a de matriz africana. No entanto, é crucial reconhecer a desigualdade e o uso da força física e simbólica para a imposição da fé cristã. Portanto, a associação deve ser vista como uma forma de resistência, pois permitiu a manutenção de traços religiosos e a criação de um hibridismo que foi incorporado à cultura baiana que persiste”, conta.
*Sob a supervisão da editora Meire Oliveira
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