ARBOVIROSES
Verão exige alerta redobrado da população e gestores para a dengue
Acúmulo de águas e calor favorecem a proliferação do mosquito Aedes aegypti
Por Ian Peterson*
“Já pintou o verão” além festa; as arboviroses também retornam com mais força nesta época do ano. Os dados do Painel de Monitoramento de Arboviroses do Ministério da Saúde mostram que o país registrou, ao longo de todo o ano de 2024, um total de 6.484.890 casos prováveis de Dengue e 5.972 mortes provocadas pela doença.
Nas duas primeiras semanas de 2025 foram registrados 336 casos prováveis de dengue na Bahia, uma redução de 76,7% em relação ao mesmo período de 2024, quando 1.445 casos prováveis foram anotados. Os dados são do Informe Epidemiológico Semanal da última segunda-feira.
Durante o verão, os casos de dengue aumentam consideravelmente. Isso acontece devido à alta incidência de chuvas na maior parte do país, já que o acúmulo de água faz com que a proliferação do mosquito Aedes Aegypti se intensifique. Somado ao calor intenso, o ambiente fica ainda mais propício para que os ovos colocados pelas fêmeas eclodam e deem origem a milhares de novos mosquitos.
Prevenção
Na Bahia, o ano de 2024 fechou com 233.202 casos prováveis de Dengue, número 386,0 % maior que em 2023. Em 2024, a Bahia registrou 16.631 casos prováveis de Chikungunya, um aumento de 6,3% em comparação a 2023. Além disso, foram notificados 1.184 casos prováveis de Zika no estado. As três, doenças têm no Aedes Aegypti um vetor comum.
Na capital baiana, o cenário foi diferente. O número de casos confirmados de Dengue saiu de 7.547 casos, em 2023, para 1723 casos, em 2024, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). E para evitar que o número volte a crescer, a pasta iniciou o Plano Verão sem Mosquito. Andrea Salvador, Diretora de Vigilância à Saúde da SMS, explicou que a iniciativa começou em outubro com inspeções são realizadas em locais como canteiros de obras, borracharias, cemitérios, repartições públicas e monumentos de grande circulação, que costumam ser potenciais criadouros do mosquito. “Realizamos a aplicação de inseticida de efeito residual nesses espaços para reduzir a proliferação do mosquito, além de inspeções em todas as seções eleitorais da cidade”, conta Andrea Salvador.
Ações educativas
O plano também inclui ações de educação e conscientização da população. Palestras e atividades são realizadas em escolas, levando informações sobre como evitar criadouros e o papel de cada cidadão no combate à dengue. “Visitamos todas as escolas, levando um caráter educativo não apenas para os alunos, mas também para a comunidade. É fundamental que todos estejam conscientes da importância dessas ações”, afirma Andrea. Os circuitos de festas populares e o Carnaval fazem parte do plano, com borrifações de inseticidas e bloqueios espaciais nas áreas de maior movimentação de pessoas. “Nosso objetivo é garantir um verão com índices aceitáveis de infestação e um Carnaval tranquilo para todos, minimizando o impacto das arboviroses na cidade”, conclui a diretora.
No ano passado, alguns distritos de Salvador registraram uma tendência de aumento no número de casos prováveis de dengue, como Itapuã, Cabula, Subúrbio e Barra Rio Vermelho. Apesar disso, a cidade apresentou uma redução de 77% nos casos confirmados em relação ao ano anterior. “Isso é uma grande vitória, mas nem por isso podemos baixar a guarda”, alerta Andrea.
Dentro das residências
Segundo o Ministério da Saúde (MS), atualmente, cerca de 75% dos focos dos mosquitos estão dentro das residências, em vista disso, a diretora de Vigilância a Saúde, Andrea Salvador reforça, “alinhado ao trabalho realizado pelos agentes de endemias, é necessário que a população esteja empenhada em fazer sua parte, tornando rotina o ato de inspecionar suas casas, notando se há presença de água parada, que são ambientes propícios a se tornarem criadouros do mosquito e sempre utilizando o repelente”.
A participação ativa da população é essencial no combate à dengue. A diretora destaca que, sem o envolvimento coletivo, é impossível conter o avanço da doença. “É fundamental que cada um tire 15 ou 20 minutos por semana para inspecionar sua casa, eliminar água parada e cuidar dos ambientes ao seu redor”, orienta. A diretora reforça que os terrenos baldios e imóveis abandonados também exigem atenção, e, nesses casos, as denúncias podem ser feitas diretamente ao município. “Precisamos que todos estejam colados com os órgãos de controle, seja da esfera municipal ou estadual. O lixo deve ser descartado corretamente e a limpeza precisa ser mantida”, complementa.
Imóveis abandonados
Para imóveis abandonados ou situações de negligência, a prefeitura de Salvador possui uma estratégia robusta de atuação. O Centro de Controle de Zoonoses realiza inspeções em três visitas distintas, deixando notificações no local. Caso o morador não entre em contato, a equipe, acompanhada pela Guarda Municipal, pode adentrar o imóvel de forma autorizada para eliminar possíveis focos. “Graças a essas ações, conseguimos minimizar a necessidade de intervenções mais rigorosas”, conta.
Apesar das ações efetivas, Andrea conta que o controle depende da conscientização e colaboração de todos os cidadãos. “Com novas estratégias previstas para 2025, o engajamento da população será ainda mais essencial para mantermos a situação sob controle e prevenirmos a reintrodução de sorotipos que não circulam no município há mais de 17 anos”, conclui. Os cuidados preventivos, como a eliminação de focos de água parada e o uso de repelentes, são essenciais contra outras arboviroses, como a Chikungunya e a Zika, que continuam a representar uma preocupação para a saúde pública.
*Sob a supervisão do jornalista Luiz Lasserre
Bahia reduziu casos da doença
Miriam Hermes
O Informe Epidemiológico Semanal, divulgado na última segunda-feira, indicou que nas duas primeiras semanas deste ano houve uma redução de 76,7% no número de casos prováveis de dengue (excluindo os descartados) na comparação com o mesmo período de 2024.
Em 2025 a Bahia já registrou 336 casos, enquanto que no início do ano passado foram anotados 1.445 casos no mesmo intervalo de tempo, conforme os dados coletados pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinam), vinculado à Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep) da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab).
A redução no número de casos na comparação entre as duas primeiras semanas de 2024 e o mesmo período de 2025 está relacionada ao grande número de casos no ano passado, às ações públicas e privadas, aos fatores climáticos e maior conscientização entre a população.
Historicamente os casos aumentam no Verão e, para preparar as equipes, o Ministério da Saúde já anunciou a reativação do Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE) para Dengue e outras Arboviroses, que trabalha em parceria com pesquisadores, estados, municípios, instituições científicas e outros ministérios.
Na Bahia, de acordo com a diretora da Vigilância Epidemiológica de Saúde (Divep), Márcia São Pedro, o COE nunca foi desativado. “O monitoramento é constante. Atuamos em conjunto com as equipes locais (dos municípios)”, pontuou.
Ela acrescentou que neste período de mudança nas administrações de grande parte dos municípios existe uma preocupação por parte do estado para que não haja descontinuidade nas ações e os números favoráveis sejam mantidos.
“Dengue é evitável e o óbito por dengue ainda mais”, destacou a diretora, salientando que diversos fatores podem influenciar, lembrando que a vacina contra a doença está disponível para um público estimado em 492.407 pessoas (10 a 14 anos) de 115 municípios do estado.
Para esta vacinação foram selecionadas cidades com registro de maior número de notificações e os casos graves, mas até o início de janeiro apenas 262.040 doses foram aplicadas, representando pouco mais que a metade da meta, lamentou.
Para mobilizar as equipes municipais visando ampliar a vacinação, bem como alinhar os trabalhos no estado, conforme Márcia São Pedro, ainda no final de 2024 e já no início de 2025 a Sesab vem promovendo encontros de capacitação e treinamento.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Cidadão Repórter
Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro
Siga nossas redes