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Aumento benigno da próstata: 60% dos homens confundem com câncer
Condição afeta cerca de 50% dos homens acima de 50 anos e 80% daqueles acima de 90 anos
Por Isabela Cardoso, de São Paulo*
Cerca de 60% dos homens com mais de 50 anos acreditam que o aumento benigno da próstata pode evoluir para um câncer, segundo uma pesquisa inédita da indústria farmacêutica Aspen, com chancela das Sociedades Brasileiras de Urologia do Rio de Janeiro e de São Paulo (SBU-RJ e SBU-SP). No entanto, o estudo evidencia que essa parcela significativa de homens não tiveram acesso às informações corretas.
A Hiperplasia Prostática Benigna (HPB) é o aumento benigno da próstata. A causa exata é desconhecida, mas pode envolver alterações causadas por hormônios e outros fatores como a idade, histórico familiar e alterações genéticas.
A pesquisa, que ouviu 500 homens, de 50 anos ou mais, em todo território nacional, também apontou que apenas 39% dos respondentes com mais de 50 anos realizaram exames para detectar o aumento da próstata no último ano, com um número de 36% para aqueles que nunca fizeram o exame.
De acordo com a Aspen, a situação é mais preocupante na classe C: 4 em cada 10 homens nunca realizaram estes exames – toque retal, PSA ou ultrassonografia. Além disso, apesar de conhecerem os exames preventivos e seus benefícios, os homens ainda não os realizam com a regularidade necessária. O exame de toque retal, fundamental para o diagnóstico precoce, é conhecido por 80% dos participantes, mas realizado por menos da metade destes.
Para o Dr. Wagner Matheus, urologista e diretor-presidente da SBU-SP, as mulheres das famílias têm um papel mais forte na conscientização dos exames de próstata para o homem.
“O homem é ‘machão’, ele está muito mais preocupado com a reputação e qualquer outra coisa. O cuidado da saúde é criado. O medo do homem não é o toque, é o medo do diagnóstico de câncer de próstata. Então, é uma outra missão. Por isso a importância das mulheres, são elas que acabam marcando as consultas dos homens, dos dos irmãos, acaba sendo muito importante no nosso dia a dia”, diz.
Sintomas, diagnóstico e tratamento
A HPB é uma condição comum, que afeta cerca de 50% dos homens acima de 50 anos e 80% daqueles acima de 90 anos. De acordo com o Dr. Wagner, os sintomas incluem aumento da frequência de urinar durante o dia, diminuição da força e calibre do jato urinário, dificuldade para iniciar a micção e sensação de urgência para urinar.
O primeiro passo para a detecção da doença é a avaliação clínica, seguida do exame de toque retal para avaliar se a próstata está aumentada. Existem também exames complementares que podem ajudar no diagnóstico, como a análise da urina e do sangue, o VPSS (Escore Visual de Sintomas Prostáticos), exame de sangue para antígeno específico da próstata (PSA) e, até mesmo, uma ressonância magnética.
Segundo o urologista, o tratamento da HPB varia conforme a gravidade dos sintomas e pode incluir medicamentos que relaxam os músculos da próstata e da bexiga, facilitando a micção, medicamentos que reduzem o tamanho da próstata ou a terapia combinada, que associa os citados anteriormente.
Além disso, o Dr. Mauro Muniz, urologista e diretor-presidente da SBU-RJ, destacou pontos importantes para evitar o aumento da próstata e também a necessidade de procurar atendimento médico.
“Fazer exercício é uma coisa boa, tem trabalhos mostrando que o paciente que se exercita, mesmo com câncer de próstata, têm uma sobrevivência maior do que aqueles que não fazem exercício. Manter o peso, ter uma alimentação adequada, fazer exercício físico, tudo isso pode ajudar. Mas o principal é que o homem busque por atendimento, já que tem muita dificuldade de procurar atendimento médico”, ressalta.
Testes de PSA gratuitos
A campanha “FelizIdade”, promovida pela Aspen, tem o objetivo de garantir acesso à informação de qualidade, conscientizar a população sobre a hiperplasia prostática benigna (HPB) e promover ações que incentivem os homens a investigarem possíveis sintomas.
Nesse sentido, reunindo mais de 3000 farmácias pelo Brasil, a campanha oferece avaliações preliminares aos homens para realizar o teste de PSA gratuitamente nas farmácias parceiras. Os exames podem ser realizados nas unidades da: Raia do Brasil, Pague Menos, Drogaria São Paulo, Panvel, Pacheco, Araújo, entre outras.
Conforme explica Márcio Castanha, vice-presidente comercial da Apsen, os testes podem ser realizados nas unidades que possuem atendimento farmacêutico, ou seja, um espaço com um profissional orientado.
Formulário de diagnóstico dentro do Portal FelizIdade: O segundo pilar serve como um guia, informando o paciente sobre a gravidade dos sintomas urinários por meio do formulário VPSS (Escore Visual de Sintomas Prostáticos). Este processo visa aumentar a conscientização do paciente sobre a seriedade de seus sintomas e, se houver alguma alteração, encorajá-lo a buscar a orientação de um especialista por meio de uma lista de urologistas qualificados para atendê-los.
“Esse farmacêutico vai ter o primeiro papel de indicar para que o paciente entre no portal FelizIdade e faça o VPSS, que é o ‘escore visual de sintomas prostáticos. Ele já te dá um indicativo, algumas perguntas muito simples. Por aqueles sintomas colocados, o homem avança no próximo passo, estando bem ou não, junto com o farmacêutico, já realiza gratuitamente o exame de próstata. Nós não temos distinção por qualquer tipo de pessoa que queira fazer isso. A partir daí, o farmacêutico vai fazer o exame do PSA na própria farmácia e vai receber o resultado também da própria farmácia”, explica Castanha.
Mauro destaca ainda que, caso as informações do teste estejam condizentes com o diagnóstico de HPB, o paciente é orientado a procurar um médico, seja através do Sistema Único de Saúde (SUS), convênio de saúde ou também profissional particular.
Para o ator, cantor e compositor, Seu Jorge, que participa da campanha FelizIdade, a conscientização dos exames de HPB trabalha diretamente na desconstrução do medo do homem.
“É trabalhar olhando pra questão, impulsionando todas essas outras complexidades que nós estamos aqui pra combater na saúde do homem. Eu acho que tem que ser percebido melhor, nós cuidamos muito da questão civil, precisamos da virilidade pra energia, pra cabeça, até mesmo para a reputação [risos]”, completa.
*Repórter viajou para o lançamento da campanha 'FelizIdade' a convite da Apsen.
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