SAÚDE
Bahia tem aumento de 39% em internações por bronquiolite em 2023
Apesar disso, estado apresenta menor registro de hospitalização na região Nordeste
Por Carla Melo
A Bahia registrou um aumento de 39% em casos de internação por bronquiolite em 2023, em comparação com o ano anterior, segundo dados do Ministério de Saúde divulgados durante o lançamento da campanha ‘Bye Bye Bronquiolite’, iniciativa da AstraZeneca, em São Paulo.
A exponencialidade de notificações coloca a Bahia na liderança de estados da Região Nordeste com menor registro de hospitalização pela doença. Em 2022, o estado baiano registrou 4869 casos, enquanto 2023 apresentou uma alta de 6771 internações.
Sergipe e Alagoas aparecem com os maiores crescimentos de hospitalização em todo o país, com 113%. O Nordeste, Centro-Oeste e Norte são as regiões que apresentaram maiores aumentos de internações pela bronquiolite.
O crescimento das infecções respiratórias agudas está associado à maior circulação do Vírus Sincicial Respiratório (VSR), que foi tema de debate entre especialistas de saúde na divulgação da campanha de prevenção e conscientização, diante da aproximação da sazonalidade de contaminação com o vírus, responsável por 75% das bronquiolites e 40% de pneumonia nas crianças de até 2 anos de idade.
Segundo o presidente do departamento de imunização da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) Renato Kfouri, a VSR é responsável por 70 a 80% dos casos de bronquiolites e pneumonias no Brasil, devido a sua alta carga de contaminação em bebês prematuros, crianças com cardiopatia crônica e doença crônica no pulmão. Com a aproximação da sazonalidade do vírus, e diante do aumento de casos de covid-19, o profissional alerta sobre a maior dissipação neste período.
“Na pandemia, com o afastamento das crianças da escola, com o uso de máscara, o grande protagonismo do SARS-CoV-2, causador da Covid-19, praticamente houve um silêncio dos outros vírus. A gente não viu casos de VSR. Começaram a relaxar as medidas, os vírus começaram a aumentar, inclusive fora de seus períodos tradicionais. Vírus, em geral, gostam de frio e de tempo seco, e em pleno verão, tivemos altíssimos casos de influenza. A gente está diante de aumentos de casos de gripe, de dengue, da Covid-19, então as expectativas são de aumento de casos de VSR em crianças também. O genótipo do vírus que circula, com mutações, possibilita que o estrago seja maior, com mais agressividade numa temporada do que outra”, alerta o infectologista.
Impacto econômico
Atualmente, o Ministério da Saúde não adere a notificação compulsória em casos de Vírus Sincicial Respiratório, o que não obriga aos órgãos de saúde reportar casos de VSR. Isso, segundo Rosana Richtmann, infectologista do Instituto Emílio Ribas, os casos do vírus podem ser ainda maiores, e podem ser o caso de subnotificação.
“Eu diria que o Ministério já investiu em três categorias, que são os prematuros, as crianças com cardiopatia congênita e com doenças crônicas pulmonares. Isso já tem um enorme impacto econômico no sentido de diminuir despesas por internar muito menos crianças. O problema agora é ver os lactentes não tão vulneráveis, e não necessariamente prematuros, e daí entra a parte da vacinação. Então precisamos de dados, precisamos saber qual é a real carga desta doença na população das crianças, porque vão vir vacinas e a gente vai ter que fazer conta para ver, se vale a pena a gente colocar uma vacina para VSR no Programa Nacional de Imunizações. Isso só através de estudos de custo-efectividade", aponta a especialista.
O lançamento da campanha da Astrazeneca, empresa biofarmacêutica global, tem parceria com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e com a ONG Prematuridade, e reuniu especialistas, jornalistas e influenciadores da área de saúde e bem estar.
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