CIÊNCIA E VIDA
Blefaroplastia conquistou o topo do ranking das operações plásticas
Cirurgia de pálpebras é o procedimento estético mais buscado por homens
Por Ana Cristina Pereira

Quem já passou dos 40 anos conhece bem o cenário. Você dormiu bem, está relaxado, mas aquelas bolsas levemente inchadas embaixo dos olhos insistem em trazer um ar cansado ao rosto. O que, no caso das mulheres, normalmente é corrigido com uma boa maquiagem. Em outros casos, é o excesso de pele na parte superior que incomoda, podendo até mesmo prejudicar a visão.
E parece que tem muita gente incomodada com a beleza do olhar. Segundo a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (Isaps), pela primeira vez a blefaroplastia, popularmente conhecida como cirurgia de pálpebras, conquistou o topo do ranking de cirurgias plásticas mais realizadas no mundo, ultrapassando a lipoaspiração. Os dados são de 2024, quando mais de 2,1 milhões de operações do tipo foram realizadas, um aumento de 13,4% em relação ao ano anterior.
Entre os homens, a blefaroplastia foi o procedimento mais buscado, seguido pela ginecomastia (quando a mama tem um tamanho fora do normal) e correções de cicatrizes. Entre as mulheres, a lipoaspiração ainda é a queridinha, mas a cirurgia de pálpebras já aparece como a segunda mais procurada, seguida pelo aumento da mama.
“Essa cirurgia tem sido cada vez mais procurada nos consultórios porque faz uma diferença visual importante no rosto. O olhar é uma das áreas mais impactadas pelo envelhecimento e, ao rejuvenescê-lo, o rosto como um todo ganha uma aparência mais descansada e harmônica”, afirma a cirurgiã plástica e professora paulista Elodia Ávila.
Ela explica que o procedimento é indicado para quem tem excesso de pele nas pálpebras superiores, bolsas de gordura nas pálpebras inferiores ou flacidez que compromete a estética ou até o campo visual.
Popularização
A cirurgia é realizada em centro cirúrgico, com anestesia local ou geral, utilizando incisões discretas nas dobras naturais da pálpebra superior ou logo abaixo dos cílios, na inferior. De acordo com a médica, os avanços na técnica e na precisão cirúrgica são responsáveis pela popularização da blefaroplastia. “A cirurgia é delicada e rápida, com uma recuperação que costuma ser tranquila. O segredo está na naturalidade do resultado: não é para mudar os traços, mas para devolver ao olhar a leveza e a juventude que o tempo tirou”.
Especialista em longevidade, a médica explica que os resultados “discretos e naturais” da intervenção são muito valorizados pelos pacientes masculinos, que geralmente não usam maquiagem . “Os homens estão cada vez mais interessados em procedimentos minimamente invasivos, como aplicação de toxina botulínica (Botox), preenchimento facial com ácido hialurônico, limpeza de pele, peelings e tratamentos a laser para manchas e rejuvenescimento”, atesta a médica, que integra a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Antes de realizar o procedimento, o paciente deve passar por avaliação com um cirurgião plástico especializado e realizar alguns exames prévios. Nos primeiros dias do pós-cirúrgico, pontua doutora Elodia, é fundamental estar em repouso, aplicar compressas frias para reduzir o inchaço, evitar esforço físico, dormir com a cabeça elevada e evitar exposição ao sol, uso de maquiagem e coçar os olhos.
Masculinização
“A cirurgia de pálpebras é, muitas vezes, o que falta para finalizar um conjunto de cuidados com o rosto. Ela traz um ganho expressivo com um gesto pontual”, conta a profissional, que vê a blefaroplastia não apenas como uma tendência, mas como um novo padrão de rejuvenescimento facial.
Para o cirurgião plástico baiano Lucas Chagas Pereira, os dados da pesquisa traduzem a masculinização que tem acontecido nos consultórios de estética. Na L´Esthétique, onde atua, ele aponta que há cerca de cinco anos, apenas 10% da clientela era de homens, mas hoje esse número já chega a 25%. E eles têm buscado, além da correção nas pálpebras, o implante capilar e outras intervenções sutis e de baixo risco no rosto.
“Quando se trata de procedimentos cirúrgicos, os homens são mais receosos”, pontua o médico.
Ele informa que, a partir de 2008, o conceito em torno da blefaroplastia mudou, com uma abordagem mais conservadora, que passou a não esvaziar totalmente as cinco bolsas de gordura que temos ao redor dos olhos. Os pacientes também têm sido atraídos pela abordagem não cirúrgica, com uso de preenchedores e indicada para casos leves ou início da flacidez.
Independente do tipo, ele alerta para a importância da avaliação com um profissional que tenha formação na área e que seja membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, para evitar complicações, como a assimetria entre os olhos ou a dificuldade de fechar as pálpebras. “É muito mais difícil corrigir os danos de uma cirurgia mal sucedida”, garante doutor Lucas.
O valor da blefaroplastia pode variar bastante de acordo com a complexidade do caso, a experiência do cirurgião e a estrutura da clínica, e não é coberta pelos planos de saúde, a não ser em casos em que o excesso de pele está comprometendo a visão.
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