SETEMBRO EM FLOR
Cânceres ginecológicos: mais de 30 mil brasileiras são diagnosticadas por ano
Campanha destaca a importância de exames preventivos, além da vacinação contra o HPV
Por Isabela Cardoso
Mais de 30 mil brasileiras são diagnosticadas com cânceres ginecológicos a cada ano, sendo mais de 17 mil apenas o de colo de útero, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA). A campanha Setembro em Flor, criada em 2021, une diversas entidades para promover a conscientização sobre a prevenção dos cânceres que afetam o aparelho reprodutor feminino, incluindo útero, ovário e endométrio.
De acordo com o INCA, para cada ano do triênio 2023-2025 foram estimados 17.010 casos novos, o que representa uma taxa bruta de incidência de 15,38 casos a cada 100 mil mulheres. Por isso, a campanha destaca a importância de exames preventivos, como o Papanicolau, além da vacinação contra o HPV como medidas eficazes de prevenção e também ressalta que o diagnóstico precoce é fundamental para aumentar as chances de eficácia dos tratamentos.
“A gente especifica cinco tumores ginecológicos, por isso que a flor do Setembro em Flor tem cinco pétalas. A ideia é que a gente fale do tumor de colo de útero, do tumor de endométrio, do tumor de ovário, do tumor de vulva e do tumor de vagina, para conscientizar as pessoas”, explica Dr. Victor Carmine, cirurgião oncológico da AMO, em entrevista ao Portal A TARDE.
Desde 2014, a vacina contra o HPV é oferecida gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) no Brasil para meninas e meninos de 9 a 14 anos. A imunização pode ajudar não só a prevenir o câncer do colo do útero, como também o de vulva, vagina, ânus, orofaringe e pênis.
“Essa vacina reduz as chances de colo de útero em mais de 70%. Dos 9 aos 14 anos, todo menino e menina têm direito a tomar vacina e, atualmente, é só uma dose, que é a quadrivalente”, ressalta Dr. Victor Carmine.
Os cânceres ginecológicos
No Brasil, o câncer do colo do útero é o terceiro tipo mais incidente entre mulheres, com 7,0% de incidência. Antes dele, estão apenas os cânceres de mama (30,1%) e cólon e reto (9,7%). Em alguns estados brasileiros, principalmente da região Norte, o câncer de colo do útero é o segundo mais frequente.
“De todos os tumores femininos, é o único que é prevenível, porque ele é rastreável pelo preventivo ginecológico. Então, é muito triste a gente olhar pra nossa saúde, como na saúde nacional, ver que um tumor preventivo por rastreio e que existe vacina, é o tumor que mais existe e que mais acomete mulheres no país. Isso mostra muito que a gente ainda não está naquele nível de evolução de saúde pública que a gente deveria estar”, destaca o médico.
Segundo o INCA, o câncer do colo do útero é raro em mulheres de até 30 anos, com um aumento progressivo da sua mortalidade a partir da quarta década de vida.
Já nos dados gerais ao redor do mundo, o tumor de endométrio é o mais comum do trato genital feminio e está diretamente ligado à obesidade, afirma o Dr. Victor Carmine. Na sequência, está o tumor de ovário, que em 70% dos casos é diagnosticado de forma mais avançada por não apresentar sintomas.
Ainda segundo o cirurgião oncologista, o tumor de vagina e de vulva são relacionados também ao HPV, assim como o câncer do colo do útero. No entanto, são mais raros e mais difíceis de acontecer.
“Nesse contexto, o que vale a pena as mulheres saberem é entender de que quando tiverem uma lesão na vulva, estranha, que não cicatriza, as vezes sangra, que coça muito, vale a pena procurar uma ginecologista. Da mesma forma quando tiver um sangramento vaginal anormal, uma dor durante a relação sexual anormal. A mulher deve procurar também um ginecologista para que ela possa ser examinada”, pontua o médico.
Assim como o câncer do colo do útero é prevenido através de exames ginecológico preventivos, os outros cânceres, muitas vezes assintomático nas fases iniciais, destaca a importância de consultas regulares ao ginecologista.
“É muito importante que a mulher passe a visitar o ginecologista quando se começa a vida sexual. Isso deve ser feito de forma regular, anualmente ou a cada seis meses, dependendo da idade ou do risco de desenvolvimento da doença. O rastreamento é realizado através do exame Papanicolau e teste molecular, que ajudam a acelerar o diagnóstico e o tratamento”, completa Sylvia Lemos, infectologista do Leme.
Como identificar?
- Sangramento vaginal anormal durante ou após a relação sexual, entre as menstruações ou após a menopausa. O quadro precisa ser investigado;
- Feridas na região da vagina, principalmente aquelas que não saram em até 15 dias, precisam ser avaliadas por um médico, pois podem ser sinais de câncer de vagina e vulva;
- Desconforto abdominal e sensação de plenitude, mesmo após comer pouco, além de dores pélvicas;
- Corrimento com sangue escuro ou com odor forte, geralmente é um sinal de infecção. Mas, em alguns casos, também podem ser sinais de câncer de colo de útero, vagina ou endométrio;
- Fadiga constante, especialmente quando não melhora após o descanso;
- Perda de peso sem causa aparente, como dietas restritivas, uso de medicamentos e atividades físicas para emagrecimento.
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