SAÚDE
Capacitação e tecnologia garantem qualidade de serviços em hospitais públicos na Bahia
Métodos de diagnóstico, equipamentos e formação profissional resultam na abrangência e variedade do SUS
Por Priscila Dórea
Óculos de realidade virtual que ajudam na fisioterapia de crianças, aparelho de raio-x que pode identificar diversos problemas com antecedência, laser de alta potência que torna as cirurgias menos invasivas, aparelho que reduz para menos da metade o tempo das radioterapias… Com avanços e investimentos significativos em métodos de diagnóstico, equipamentos e capacitação das equipes médicas, hospitais da rede pública de saúde da Bahia têm mostrado, cada vez mais, o quanto o SUS tem para oferecer a população brasileira.
Um bom exemplo disso é o recém inaugurado Hospital Municipal do Homem (HMH). Gerido pelas Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), o HMH é um dos poucos hospitais do país com um laser de alta potência no SUS.
O Fiber Dust (Thulium laser) amplia, agiliza e dá mais precisão às cirurgias de cálculo renal e próstata, de forma menos invasiva e sem grandes cortes, acelerando o processo de recuperação do paciente e diminuindo não só o tempo de internamento, mas também as chances do paciente precisar refazer a cirurgia no futuro.
“É um investimento de alto custo? É. Porém, a médio e longo prazo é um equipamento que se paga, pois evita que os pacientes precisem voltar para a regulação e repetir a cirurgia. As doenças de próstata e cálculos renais são algumas das que causam mais filas na saúde pública de Salvador, então ter esse equipamento e um hospital dando prioridade a isso é muito significativo no que diz respeito a reduzir essas filas”, explica o urologista especialista em cirurgia a laser Paulo Furtado, coordenador médico do serviço de urologia do HMH.
Para o caseiro Gerson Santos de Andrade, 47 anos, que foi ao HMH retirar pedras dos rins e voltou para casa no mesmo dia, a lista de elogios é extensa. “Não sou daqueles de puxar saco, sabe? Mas é difícil não elogiar esse hospital. Do começo ao fim eles são muito atenciosos com os pacientes, com o atendimento todo 1000%. E até o próprio procedimento: sem sofrimento, sem dor e rápido. Estou realmente muito agradecido”, afirma.
Satisfação
Elogios dados também pelo funcionário público Jorge Rafael Guilherme Santana, 60 anos, que foi ao HMH para fazer uma cirurgia na próstata.
“Me surpreendi com o atendimento e atenção de todos aqui. Passei por vários profissionais diferentes e é nítido a atenção que eles dão para os pacientes e as nossas necessidades. Mas acho que o mais interessante em tudo isso é haver um hospital que se dedica a saúde do homem dessa forma. Eu não tenho esse problema, mas sei que é muito comum que os homens ignorem a própria saúde, então ter acesso a um local desses é muito importante”, salienta Jorge Rafael.
“Fiquei muito impressionada com a estrutura de tudo aqui. É um hospital público que não perde em nada para um particular. Até ganha. E isso vai desde o atendimento até todo o tratamento de meu filho”, conta a operadora de loja Eliane Barbosa Félix, natural de Várzea do Poço (Centro Norte Baiano), que acompanha a mais de duas semanas o filho Matheus, 12 anos, que, com uma infecção no braço, foi regulado para o Hospital Ortopédico do Estado da Bahia (HOE) onde, entre outros tratamentos, tem feito fisioterapia com óculos de realidade virtual.
“Ele ainda sente dor e os jogos do óculos o distraem e ajudam a praticar os movimentos que precisa fazer na fisioterapia para melhorar”, afirma a mãe agradecida. Matheus, assim como Felipe, 13 anos– que realizou uma cirurgia no pé –, são categóricos ao afirmar que fazer fisioterapia com os óculos é “muito bom!”.
Agilidade
Felipe e sua mãe, a doméstica Nataliana Martins dos Santos Pereira, são de Ibititá (Centro Norte baiano) e a matriarca afirma estar muito feliz com o atendimento e fisioterapias do filho. “Todo o processo foi rápido e o tratamento que ele está recebendo tem sido maravilhoso, não tenho do que reclamar”.
Com jogos de esportes, animais e até Mario Bros, os óculos de realidade virtual usados pelo HOE na fisioterapia de crianças é apenas uma das inovações que o hospital, que é gerido pela Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, possui em suas dependências.
Recentemente o HOE adquiriu um aparelho de escanometria, uma espécie de raio-x digitalizado de corpo inteiro que antes estava disponível na Bahia apenas na rede privada.
O aparelho permite avaliar com precisão o crescimento e o desenvolvimento dos ossos, assim como os desvios da coluna vertebral, por exemplo.
Realizando mais de 300 atendimentos por dia, o HOE possui ainda sala completa para fisioterapias, piscina aquecida para hidroterapia, e uma variedade de exames e procedimentos para garantir um atendimento completo para os pacientes.
“Costumo dizer que o HOE é muito mais que um hospital, porque ele não olha só o momento da cirurgia, ele trabalha com paciente desde a consulta do ambulatório até o momento em que ele tem condição de voltar para o mercado de trabalho, aí liberamos ele. Para isso, precisamos de uma estrutura grande, importante e com pessoas especializadas”, explica o diretor médico do HOE, Roger Monteiro.
“A evolução no que diz respeito a pesquisa, equipamentos e farmacologia na área da saúde nos últimos 30 anos tem sido fantástica, e o SUS tem conseguido acompanhar, dentro do possível, tudo isso”, afirma o superintendente da Liga Bahiana Contra o Câncer (LBCC), gestora do Hospital Aristides Maltez (HAM), Humberto Luciano do Rosário Souza.
Em agosto deste ano o HAM inaugurou o seu 5º acelerador linear, esse de nome Halcyon, “é o primeiro da Bahia e reduz as sessões de radioterapia de até 30 minutos, para apenas 6 a 9 minutos”, aponta o superintendente.
E mais recentemente, o HAM adquiriu um aparelho de mamografia com estereotaxia digital, que detecta tumores de forma precoce, possibilitando o diagnóstico do câncer em estágios iniciais.
“São equipamentos que fazem uma grande diferença no tratamento dos pacientes e mostram o quanto o SUS deve continuar sendo defendido. Mas também é preciso compreender que tudo isso chega ao SUS depois de muita análise, comprovação de eficácia e a certeza que conseguirá ajudar o maior número possível de pessoas”, salienta Humberto Luciano do Rosário Souza.
Unidade especializada fortelece assistência à saúde da mulher
Completando sete anos desde a sua inauguração, o Hospital da Mulher – que tem como foco exclusivo as doenças que afetam esse público – ultrapassou a marca de 3,8 milhões de atendimentos médicos e multiprofissionais.
Com mais de 70 mil cirurgias realizadas, incluindo cirurgias por videolaparoscopia, tratamento de endometriose, cirurgias oncológicas complexas e acompanhamento especializado em reprodução assistida para pacientes com infertilidade, o Hospital da Mulher representa um avanço significativo no cuidado com a saúde feminina.
“Além disso, nosso Serviço de Atendimento a Vítimas de Violência Sexual é referência no Estado, com acolhimento e cuidados integrais. Recentemente investimos em novos equipamentos, como o aparelho de ressonância magnética, aprimorando nossa capacidade de fornecer diagnósticos rápidos e precisos, permitindo tratamentos eficazes e em tempo oportuno. Isso é reflexo do investimento contínuo da Secretaria de Saúde do Estado, que corrobora com nossa missão de oferecer um atendimento de excelência", explica a médica ginecologista e diretora do Hospital da Mulher, Jamile Almeida Martins.
A abrangência estadual do hospital, ressalta Jamile, permite que mulheres de todos os 417 municípios da Bahia tenham acesso a tratamentos de ponta, promovendo a equidade e fortalecendo a rede de assistência à saúde da mulher. "A verdade é que o SUS tem um papel fundamental na vida dos brasileiros, salvando inúmeras vidas diariamente. Esse impacto positivo se deve, em grande parte, ao investimento contínuo em equipamentos de ponta e à presença de profissionais altamente qualificados", aponta a diretora.
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