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SAÚDE

Cientistas desvendam mecanismo de infecção do Ebola

Fábio de castro | Estadão Conteúdo

Por Fábio de castro | Estadão Conteúdo

27/02/2015 - 9:26 h | Atualizada em 27/02/2015 - 17:11
Ebola
Ebola -

Um grupo de cientistas desvendou o mecanismo usado pelo vírus do Ebola para infectar uma célula e descobriu que a tetrandrina - uma molécula de origem vegetal -, é capaz de frustrar a "estratégia" do vírus, impedindo a infecção pelo Ebola em testes feitos com camundongos. Os autores do estudo, publicado na revista Science, acreditam que a descoberta pode ser o ponto de partida para o desenvolvimento de uma droga contra o Ebola.

A equipe, liderada por Robert Davey, do Instituto de Pesquisa Biomédica do Texas (Estados Unidos), descobriu que, para invadir uma célula, o vírus do Ebola depende de canais de cálcio - estruturas semelhantes a "túneis" em membranas das células, que permitem que elas transmitam cargas elétricas entre si, controlando vários processos celulares.

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Ao ser engolidas pelas células, partículas do vírus ficam armazenadas em "depósitos" chamados endossomos. Para completar a infecção, essas partículas virais precisam passar pela membrana do endossomo, espalhando-se por vários compartimentos da célula. De acordo com os cientistas, para entrar no endossomo, o vírus usa canais de cálcio de duplo poro que existem em sua membrana.

Em estudos anteriores, eles já haviam descoberto que os canais de cálcio eram importantes para a infecção. "Mas nós não fomos capazes de identificar os mecanismos envolvidos nesse processo.

Com a nova pesquisa, nós descobrimos canais de cálcio de duplo poro que estão envolvidos na infecção do vírus Ebola. Esses canais precisam ser 'ligados' para que o vírus funcione direito", disse Davey.

Os autores revelaram, no artigo, o papel crítico dos canais de dois poros na infecção por Ebola - algo que até hoje não havia sido demonstrado em nenhum outro vírus. Além de identificar o mecanismo da infecção, a equipe também mostrou que drogas capazes de agir nessa interação apresentam alguma eficácia como potencial tratamento contra a doença causada pelo vírus Ebola.

No estudo, os cientistas determinaram que as drogas atualmente utilizadas para tratar pressão alta têm a capacidade de "ligar e desligar" esse sensor de cálcio. Em parceria com um grupo em Munique, na Alemanha e com o Instituto de Pesquisa do Sudoeste (Estados Unidos), a equipe testou diversas pequenas moléculas para ver qual seria a mais eficaz para desativar os sensores e, assim, impedir os movimentos do vírus Ebola na célula.

A equipe descobriu que a tetrandrina, extraída de uma planta asiática, foi capaz de proteger camundongos da doença sem efeitos colaterais evidentes. A substância foi considerada a melhor candidata para futuros testes em animais - por ser o mais potente composto testado e por ter mostrado poucas evidências de toxicidade. Com isso, ela requer uma dose menor para ser eficaz e tolerável.

"Quando testada em camundongos, essa droga impediu a replicação do vírus e salvou a maior parte deles da doença", disse Davey.

A droga, segundo o estudo, mostra a capacidade de parar o vírus antes que ele tenha a chance de interagir com fatores celulares, impedindo que ele continue seu processo de infecção. "Estamos muito animados com o progresso feito nesse estudo. O próximo passo do processo será testar a segurança e a eficácia das interações entre essa droga e o vírus Ebola em primatas não humanos", disse o cientista.

A tetrandrina, no entanto, não foi aprovada para uso em humanos na maioria dos países e a dose que foi dada aos camundongos poderia ser tóxica se a proporção equivalente fosse usada em humanos.

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