SAÚDE
Congresso de Hansenologia terá mais de 60 horas de atividades
Confira coluna Ciência e Vida desta segunda-feira
Por Da Redação
A capital baiana receberá, de 5 a 8 de novembro, o maior evento da região das Américas sobre a hanseníase. O 18º Congresso Brasileiro de Hansenologia, promovido pela Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH) terá mais de 60 horas de aulas, cursos, apresentações de trabalhos, palestras, mesas-redondas e discussões de casos clínicos e abordará a problemática da hanseníase nos países que integram o BRICS+.
O Brasil ocupa o 2º lugar no ranking mundial da doença, ficando atrás apenas da Índia, mas concentra mais de 90% dos casos de hanseníase diagnosticados nas Américas. Antes da pandemia, eram diagnosticados cerca de 30 mil novos casos/ano e, ainda assim, segundo a SBH, existem milhares de pessoas sem diagnóstico e tratamento, situação que já caracteriza endemia oculta de hanseníase no Brasil. O país diagnostica tardiamente a doença, em geral, quando o paciente apresenta sinais visíveis pelo corpo – a hanseníase é uma doença neural, o bacilo de Hansen agride e provoca inflamações nos nervos e, quando a doença mostra sinais na pele, é porque está em estágio avançado.
O 18º Congresso Brasileiro de Hansenologia reunirá 45 palestrantes de várias especialidades médicas, pesquisadores, professores, além de historiadores e movimentos sociais para tratar do tema.
O evento abordará aspectos contemporâneos relacionados à hanseníase no século XXI, trará importantes contribuições em ciência, tecnologia e inovação, tanto do ponto de vista clínico, quanto dos exames complementares, visando ao melhor manejo dos casos de hanseníase e a consequente melhora da qualidade de vida das pessoas atingidas pela hanseníase.
Hanseníase
Se diagnosticado precocemente, o paciente pode ter cura sem sequelas de hanseníase. Mas é preocupante o índice de pacientes diagnosticados já com sequelas incapacitantes e irreversíveis, afastados do trabalho, da escola e do convívio social e familiar. A ação do bacilo contra os nervos é muito lenta. A doença pode levar de 5 a 8 anos para surgir. Mas o diagnóstico é clínico.
O médico faz testes de sensibilidade na pele, verifica espessamento de nervos e vários outros sinais e sintomas típicos, podendo pedir exames complementares. O tratamento é feito pelo SUS com um coquetel de antibióticos por seis meses (para pacientes com poucos bacilos, muitas vezes não identificados em exames de laboratórios) ou 12 meses (para pacientes multibacilares). Em tratamento, o paciente não transmite a doença para seus comunicantes.
Números
22.773 novos doentes de hanseníase foram diagnosticados no Brasil em 2023, segundo o último boletim epidemiológico da Organização Mundial da Saúde (OMS), um aumento de 4% em comparação com 2022.
A situação nos países do BRICS+ não é diferente. Por isso, a SBH debaterá o tema “Hanseníase nos países que compõem os BRICS+”. O debate com representantes do bloco será dia 7, às 14h, com as presenças e participações virtuais de Narasimha Rao e Sujay Sunita, da Associação Indiana de Dermatologia, Venereologia e Hansenologia, Sun Young e Furen Zhang, da Sociedade Chinesa de Dermatologia, além da presença de representantes oficiais das embaixadas no Brasil.
Novos hansenologistas
Nos dias 6 e 7 de novembro, será realizado o exame para certificação de novos médicos hansenologistas. A certificação de hansenologista no Brasil é feita pela SBH e Associação Médica Brasileira (AMB) através do Exame de Suficiência para Obtenção de Certificado na Área de Atuação em Hansenologia, realizado anualmente.
Poderão fazer a prova médicos especialistas das áreas de Dermatologia, Clínica Médica, Infectologia, Neurologia, Medicina de Família e Comunidade ou Medicina Preventiva e Social. Desde 2023, o exame ocorre anualmente, com prova teórica e prática. Os aprovados receberão certificado emitido pela SBH e AMB.
SBH
A SBH é uma sociedade médica de uma única doença – a hanseníase. A entidade foi fundada há 76 anos e, além de promover o maior evento das Américas sobre o tema, é a realizadora da campanha nacional Todos contra a Hanseníase, lançada em 2015 para orientar e esclarecer a população sobre a doença, com objetivo de desmistificar e combater o preconceito.
A SBH também é a entidade que aplica os exames teórico e prático para certificação de médicos hansenologistas para atuarem em território nacional e, em 2022 lançou o primeiro curso de Especialização em Hansenologia do país, após quatro décadas sem opções de formação de hansenólogos nas universidades brasileiras.
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