DEPENDÊNCIA QUÍMICA
Cuidado com a mente não pode ser ignorado no combate ao fumo
No Dia Nacional de Combate ao Fumo, médicos e ex-fumante dão dicas de como superar vício
Causa de 161.853 mil mortes anuais no Brasil, o que equivale a 443 mortes por dia, segundo a OMS, o consumo do tabaco ainda é muito difundido, apesar da diminuição de suas propagandas e dos avisos que apontam os seus riscos nas embalagens de cigarros.
Não são poucas as pessoas que tentam parar o consumo, buscam ajuda médica, mas não conseguem. “Um dos grandes problemas para o tabagista é que ou ele é tratado apenas pelo pneumologista ou pelo cancerologista, que cuida do corpo, ou ele é tratado apenas pelos psiquiatras, que cuidam do psiquismo. Então, essas duas coisas não podem ser consideradas separadamente”, aborda o psiquiatra Antônio Nery Filho, que fundou e dirigiu o Centro de Estudos e Terapia de Abuso de Drogas (CETAD).
Para Nery Filho, o êxito no combate ao tabagismo acontece quando o paciente trata a mente e o corpo conjuntamente. “É preciso, para cuidar de um tabagista, que se cuide do seu corpo, isto é, ele precisa de cuidado com relação ao aporte da nicotina, as vezes precisa de um medicamento tranquilizante, de um medicamento para dormir melhor, enfim, ele precisa de apoio físico. Por outro lado, tem a questão do sofrimento psíquico, o cara fica deprimido, fica irritado e não consegue trabalhar direito. Esse é o lado psíquico”, completa o psiquiatra.
Fumante por 30 anos, o vendedor Carlos Eduardo Freire, de 54 anos de idade, superou o vício e está há quatro anos sem fumar. “Eu me preparei muito antes. Eu fiz um acordo com a empresa. Ela me pagava um tratamento odontológico e eu parva de fumar. Fui fazendo tratamento para parar de fumar aos poucos”, disse Carlos Eduardo, que também enxerga que mente e corpo físico devem receber o mesmo cuidado no momento em que um fumante decide largar o tabaco.
Um ano sem fumar reduz pela metade o risco de derrame e infarto, diz a pneumologista e coordenadora do ambulatório de tabagismo da Escola Bahiana de Medicina, Maristela Sestelo. “O indivíduo que deixou de fumar, vinte anos após deixar de fumar, o risco dele de ter câncer de pulmão passa a ser o mesmo da população que nunca fumou. Mesmo deixando de fumar, há risco de câncer de pulmão, mas isso vai se declinando ao longo dos anos. E com vinte anos ele se iguala a mim que nunca fumei”, disse a pneumologista.
Maristela Sestelo aponta que, mesmo novas modalidades de tabagismo, como o cigarro eletrônico, são muito prejudiciais à saúde. “A combustão existe dentro de um cigarro eletrônico. Não é acionada pelo fósforo, mas a combustão existe, e quando um indivíduo inala isso está levando as mesmas lesões para dentro do pulmão”, aponta a médica.
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