SAÚDE
Dia Mundial do Doador de Sangue é marcado por campanha Junho Vermelho
Hemoba oferece programação diferenciada para mês com diminuição de voluntários
Por Pevê Araújo
Comemorado nesta quarta-feira, 14, o Dia Mundial do Doador de Sangue está sendo celebrado com campanhas de incentivo em várias cidades do Brasil. A data, criada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), tem o objetivo de conscientizar a população sobre as necessidades da doação regular para diferentes tratamentos.
O tema escolhido para 2023 pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) foi "Doe sangue, doe plasma, compartilhe a vida, compartilhe com frequência". A proposta tem o objetivo de contemplar pacientes com necessidade de transfusão de forma segura e sustentável, além de manter um estoque disponível para todas as pessoas que tiverem a necessidade.
Aproveitando o 'Junho Vermelho', campanha do Hemoba que mobiliza hemocentros na Bahia para receber voluntários, o estudante Atila Thomas, de 17 anos, realizou o sonho de doar sangue pela primeira vez. Em entrevista ao Portal A TARDE, ele revela que sempre teve o objetivo de contribuir com a causa. Por ser menor de idade, o jovem precisou convencer a mãe, que autorizou a doação.
"Como é minha primeira vez, me sinto muito honrado de ter essa oportunidade. Tenho essa vontade desde os meus 12 anos, só que demorei. Saber que eu vim fazer pela primeira vez e que eu quero continuar sendo doador é muito importante para mim. Sei que de alguma forma eu vou poder ajudar outras pessoas. Acho que é importante para todos doar, principalmente adolescentes, que além de engajar nas redes, venha doar pessoalmente nos hemocentros também. Essa é uma importância muito grande para nossa cidade e para o nosso país também", conta Atila.
Agora que já descobriu como funciona o processo, Átila pensa em voltar mais vezes. Homens podem doar de dois em dois meses, para mulher o intervalo é de três meses. "Me sinto realizado. Pensei que ia doer mais, mas não senti dor, está tudo tranquilo. Eu penso com certeza em voltar, já avisei até a minha mãe, que enquanto eu sou menor de idade, para ela vim comigo. Ela topou e também doou pela primeira vez. Me sinto muito grato de poder doar e quero continuar por mais tempo", detalha.
Estudante de medicina, Júlia Fagundes, de 19 anos, aproveitou uma campanha realizada por alunos da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública para doar sangue. Ao Portal A TARDE, ela revelou que foi a primeira vez que doou e mostrou felicidade em ajudar na causa.
"É a primeira vez que estou doando. Eu estou muito feliz de me sentir prestativa, de poder estar ajudando pessoas. A gente entra no curso de medicina com esse objetivo, de salvar vidas. Doando sangue a gente pode doar vidas também, então realmente é uma causa muito nobre e eu estou muito feliz de estar participando", revela.
Acompanhando a colega, o estudante Eric Almeida, de 20 anos, entende que é importante que a população compareça ao Hemoba, principalmente em épocas de baixos estoques de sangue. "Esse movimento é muito importante, principalmente por estarmos dentro da área de saúde. Com uma bolsa de sangue doada, nós podemos salvar até quatro vidas. Isso é um impacto que às vezes a gente não consegue imaginar. Muitas pessoas não conseguem entender a importância de estar lá de três em três meses, ou até na rotina que você esteja disponível, mas é muito importante estar ali doando", destaca.
Mesmo com o registro de alguns voluntários jovens, a situação em países de baixa e média renda apresenta maior escassez de sangue com relação às nações de primeiro mundo. A informação foi disponibilizada no site da Organização Pan-Americana de Saúde. De acordo com a OPAS, a celebração do Dia Mundial do Doador, que acontece desde 2005, é “uma oportunidade especial para celebrar e agradecer aos voluntários”.
Junho Vermelho
Quando o assunto é escassez de sangue, o mês de junho na Bahia e em estados do Nordeste pode representar bem o tema. Nesta época do ano, existe um menor volume de doações que são consequência de fatores como: maior incidência de infecções respiratórias, aumento de viagens e as celebrações das festas juninas.
Segundo dados divulgados pelo Hemoba, em 2022 a doação média de candidatos não conseguiu manter a média de junho, caindo de 13.083 candidatos para 12.278 voluntários. Em 2021, o número registrado foi de 12.986, maior que a média mensal do ano, que ficou em 12.234.
A hematologista e coordenadora da coleta do Hemoba, Aline Dórea, afirmou que a diminuição de doadores em junho acontece em uma época de maior movimento nas estradas, quando ocorre aumento de ocorrências de emergências por trauma. Com o crescimento da demanda e a diminuição de doações, as dificuldades para o tratamento de necessitados aparecem.
"A gente trabalha nesse período anterior, aproveita o Junho Vermelho para promover diversas ações, para poder chamar esses doadores para vim fazer a doação aqui no hemocentro. Essa semana nós vamos ter brindes para os doadores, temos atrações musicais. Ontem uma dupla veio aqui para comemorar o dia dos namorados, um casal de músicos veio se apresentar. Amanhã nós vamos ter duas bandas de forró aqui. A gente tenta fazer esses movimentos para chamar os jovens doadores para aumentar esse estoque e tentar garantir um estoque seguro para atender a todas as demandas", pontua Aline.
Para este Junho Vermelho, o Hemoba está oferecendo diferentes pontos de coleta em diversos bairros de Salvador e em cidades do interior da Bahia. A programação também envolve bandas de forró, palestras e orientações de autocuidado aos pacientes.
Doadores de reposição
Aline Dórea lamenta o fato de que a maioria dos doadores são de reposição. Isso acontece quando algum familiar está precisando. Ela destaca que entre os voluntários fixos e regulares, o movimento ainda é pequeno.
"Infelizmente, o maior movimento que a gente tem é de doadores de reposição. Ele vem doar porque algum familiar está precisando. Ele não vem doar espontaneamente. Então, quando é esse movimento de doadores que vem regularmente, por exemplo, o candidato do sexo masculino pode doar de dois em dois meses, do feminino a cada três meses. Quem faz essa doação com essa regularidade, a gente tem ainda um movimento pequeno. O grosso mesmo é o de doador para reposição. A gente precisa incentivar essa doação regular espontânea para conseguir ter o estoque que garanta o atendimento", lamenta.
Para a coordenadora da coleta do Hemoba, a existência de um estoque de sangue sustentável garante também que a pessoa necessitada não precise se preocupar com o tratamento, além das questões que envolvem a doença.
"Tem pessoas que tem uma facilidade muito grande de trazer doadores, tem uma rede de amigos que é bastante presente, mas tem pacientes que são do interior, que moram longe, que não têm condição de mobilizar um quantitativo de pessoas e acabam tendo uma dificuldade maior, além de toda a ansiedade relacionada a doença, ele tem essa preocupação com uma condição que ele nem sempre tem muito o que fazer a respeito", argumenta.
Para contribuir com a causa sendo um doador, é preciso que a pessoa tenha entre 16 e 69 anos, ter o mínimo de 50kg e estar bem de saúde. É necessário também apresentar identidade oficial com foto. Em caso de jovens de 16 e 17 anos, autorização dos pais ou responsáveis deve ser apresentada. Pessoas entre 60 e 69 anos podem doar desde que tenham feito doações anteriores. Alimentos gordurosos e bebidas alcoólicas devem ser evitadas. Também existem outros critérios, que podem ser consultados no site do Hemoba.
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