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Fenômeno do 'avental branco' altera diagnóstico da hipertensão

Preocupação é que ação possa levar ao uso desnecessário de medicações

Publicado segunda-feira, 15 de abril de 2024 às 07:49 h | Autor: Madson Souza
Sociedade de cardiologia alerta par aferições fora do ambiente hospitalar
Sociedade de cardiologia alerta par aferições fora do ambiente hospitalar -

Para algumas pessoas, ir ao médico pode ser um momento de tensão. Sensação forte o bastante para causar alterações no ritmo cardíaco e na pressão arterial dentro do consultório. Esse fenômeno é chamado de hipertensão do avental branco (HAB) e é de olho nessa possibilidade que a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) publicou novas diretrizes para o diagnóstico de hipertensão.

A principal recomendação da SBC é que os médicos não usem apenas a medição feita no consultório para definir se um paciente é hipertenso, mas avaliem também as medições feitas longe do ambiente hospitalar. A preocupação é que a hipertensão do avental branco possa levar a diagnósticos errados e uso desnecessário de medicações.

Por isso, são indicados nas novas diretrizes para o diagnóstico de pressão alta outros métodos, para além do exame no consultório, que possam observar a pressão arterial dos pacientes em sua rotina. A Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA) e a Monitorização Residencial da Pressão Arterial (MRPA) e Automedida da Pressão Arterial (AMPA) são exames em que os pacientes podem levar os dispositivos para casa e usarem no seu dia-a-dia.

O cardiologista Cristiano Macedo explica a importância dessa mudança. “Percebemos que às vezes há uma diferença na média da pressão do paciente dentro e fora do consultório. Essa é uma recomendação importante porque muitas vezes pacientes não precisam ser tratados de forma efetiva, com medicamentos, por isso, é importante a gente ter esse diagnóstico”.

O cardiologista Cristiano Macedo explica que o MAPA garante uma medição correta, porque é feito através de um equipamento calibrado e com eficiência comprovada ao longo dos anos. Mas a aferição domiciliar com equipamento próprio exige alguns cuidados. “É preciso averiguar se o aparelho é de boa qualidade, se está calibrado, se está sendo usado de forma correta e em que condições essa pressão vai ser aferida em casa”.

Ele recomenda que o aparelho seja levado para que um médico avalie sua qualidade - Cristiano costuma fazer uma aferição com seu aparelho e depois com o aparelho do paciente para saber se os valores são correspondentes. Outro hábito do cardiologista é ensinar os pacientes a forma correta de aferir a pressão arterial.

A aposentada Marinalva Oliveira, que sofre de pressão alta, conta que não tem a hipertensão do avental branco. “Não, não fico nervosa quando vou ao médico, inclusive até gosto, porque aí vou ver se eu estou com alguma coisa ou não”. Ela monitora a pressão diariamente com o aparelho que ganhou de presente do filho enfermeiro, que também a ensinou a aferir a pressão de maneira correta.

Mesmo seguindo as recomendações médicas, a aposentada afirma que leva os valores de suas aferições em casa para seu médico comparar com o resultado de seu próprio equipamento.

A hipertensão é um dos temas que será discutido pela SBC - BA, no 36º Congresso de Cardiologia do Estado da Bahia, que acontecerá de 16 a 18 de maio, no Centro de Convenções

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