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Fiocruz aponta aumento de casos de SRAG nas regiões Norte e Nordeste

Bahia encontra-se entre os 18 estados com tendência de crescimento de longo prazo

Publicado quinta-feira, 21 de julho de 2022 às 00:00 h | Autor: Antônio Dilson Neto*
No boletim da Sesab do último dia 18, fim da semana epidemiológica em análise, a taxa de ocupação no estado era de 64% e, em Salvador, 85%
No boletim da Sesab do último dia 18, fim da semana epidemiológica em análise, a taxa de ocupação no estado era de 64% e, em Salvador, 85% -

O novo Boletim InfoGripe, produzido pela Fiocruz, mostra um cenário de crescimento dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no Norte e Nordeste. Divulgado ontem, o relatório sinaliza cenários opostos entre os estados do Norte e Sul do país. Enquanto os do Sudeste, Sul e Centro-Oeste apontam para interrupção do crescimento do número de casos de SRAG, iniciado em abril, Norte e Nordeste têm manutenção do crescimento iniciado em junho. 

A análise é referente à Semana Epidemiológica 28, que compreende o período entre 10 e 16 de julho e tem como base os dados inseridos no Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até 18 de julho, com dados provenientes de sistemas de notificação de caso.

“O estado da Bahia, de uma forma geral, tem quase todas as macrorregiões mostrando uma tendência de crescimento. Exceção é a regional que contém Salvador, que mostra uma instabilidade e início de queda, mas de um patamar muito alto. Esse aumento dos casos de SRAG está associado ao aumento de casos de covid, que percebemos como uma segunda onda da ômicron. Esses casos representam uma subida também nas hospitalizações”, explica Leo Bastos, pesquisador da Fiocruz e responsável pelos métodos estatísticos da pesquisa.

Segundo o relatório, a Bahia encontra-se entre os 18 estados com tendência de crescimento de longo prazo. Entre as semanas epidemiológicas 21 a 24 foram 756 casos de SRAG. Já nas semanas mais atuais, até a 28ª, foram 1.348 casos. 

Na última atualização, Salvador está entre as 13 capitais que seguem a tendência de crescimento de longo prazo. A ocupação dos leitos no estado e na capital ilustram e confirmam a tendência de crescimento apresentada no relatório. 

No boletim da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia datado de 10 de julho, quando começa a semana epidemiológica retratada no relatório, a taxa de ocupação de leitos no estado era de 56% e, em Salvador, a taxa era de 77%. No boletim do dia 18, fim da semana epidemiológica em análise, a taxa de ocupação no estado era de 64% e, em Salvador, 85%.

Razões

Para Leo Bastos, a tendência de crescimento pode ser explicada por alguns fatores. “A primeira razão é a possível subvariante da ômicron chegando agora, que vem causando novas infecções, algumas evoluindo para um quadro mais grave, até de hospitalização. Outra coisa é o relaxamento. A gente relaxou muito mais agora nesse segundo semestre ou nesse ano, após a ômicron, relaxamos muito mais. Passamos a usar menos máscaras, despreocupar com aglomerações e o vírus não está se importando muito com isso. E como a cobertura vacinal não está tão boa como gostaríamos, observamos a  evolução para casos graves, até chegando a óbito. Não é nenhuma surpresa, mas não gostaríamos de ver o aumento dos números”.

Maria Yury Ichihara, epidemiologista e vice-coordenadora do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia), aponta que as novas variantes observadas têm uma transmissibilidade muito maior. 

“Podemos dizer que está havendo maior proporção das subvariantes Ba.4 e Ba.5 e que a capacidade de transmissão é muito maior. O maior número de mortes deve-se a essa transmissão mais acelerada principalmente entre os não vacinados ou parcialmente vacinados. Necessário um alerta para o uso de máscaras e cuidado nas aglomerações”, orientou.

*Sob a supervisão da editora Meire Oliveira

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