SAÚDE
Guia: tudo o que você precisa saber sobre a varíola dos macacos
Sintomas, tratamentos e onde procurar ajuda em caso de infecção
Por Daniel Genonadio
Após dois anos sofrendo com uma severa pandemia de Covid-19 que vitimou milhares de pessoas, o Brasil acompanha de maneira apreensiva o aumento do número de casos de monkeypox (varíola dos macacos). O Ministério da Saúde e as secretarias de saúde estaduais e municipais já lançaram protocolos e tem acompanhado os casos. Por conta disso, o Portal A TARDE criou um guia com tudo que você precisa saber sobre a doença.
Antes de tudo é preciso avisar que a varíola dos macacos apresenta uma letalidade menor do que a varíola comum, doença que antes de ser erradicada, causou mortes por centenas de anos. Os dois vírus pertencem à mesma família de Orthopoxvirus. A versão da varíola dos macacos que está causando o surto na Europa conta com mortalidade entre 1% e 10% de acordo com especialistas ouvidos pela BBC News Mundo.
O surto do vírus acontece enquanto a população ainda se recupera de ondas severas da pandemia de Covid-19, que gerou muito temor pela sua alta contaminação. No entanto, apesar de ser uma doença transmitida por gotículas, a varíola dos macacos apresenta transmissibilidade menor e necessita de um contato longo com a pessoa contaminada para ser disseminada.
"O vírus não é muito contagioso. Ele precisa de um contato mais próximo e prolongado para ocorrer a transmissão. Pessoas que moram na mesma casa, que tem o contato mais próximo com outra doente, profissionais de saúde que atenderam caso, que tenham contato mais próximo com o paciente. Não é simplesmente uma pessoa que passou perto por outra, cruzou o caminho, que vai pegar", explicou a doutora.
Sintomas
Como a maior parte das infecções virais, o primeiro sintoma da varíola dos macacos é febre. Em seguida é comum apresentar desconforto corporal, fadiga, dores musculares e dor de garganta, além das já citadas inflamações nos linfonodos do pescoço. Dias após os primeiros sintomas, a doença causa as inconfundíveis pústulas cutâneas (bolinhas na pele), que podem aparecer em qualquer parte do corpo, mas mais costumeiramente no pescoço, membros inferiores e superiores.
"A doença tem vários sintomas que podem se confudir com outras enfermidades, como a própria Covid-19. A caractéristica principal é a erupção de bolhas. Não há um público específico para a doença, já que o contágio acontece de várias formas. A orientação é que as pessoas em contato com pessoas contaminadas usem máscaras e luvas", pontuou o secretário da Saúde de Salvador, Decio Martins.
Além disso, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde de Salvador, no período em que o paciente está assintomático, ele não transmite a doença. A transmissão acontece enquanto houver lesão na pele. Só para de transmitir quando a pele está cicatrizada e recuperada das erupções.
Vacina e tratamentos
Ainda não existe uma vacina específica para a varíola dos macacos, mas a doença está longe de ser uma novidade, sendo documentada há décadas, principalmente por conta do seu caráter endêmico em regiões da África. No entanto, a vacina utilizada para erradicar a varíola comum também pode ser utilizada para evitar com alta eficácia os casos originados pelo surto recente.
No Brasil nenhum imunizante da varíola está disponível nem na rede privada nem no Sistema Único de Saúde (SUS). No país, o imunizante parou de ser aplicado em 1979, meses antes da Assembleia Mundial da Saúde declarar oficialmente a erradicação da doença. A OMS defende que a vacina da varíola comum tem eficácia de 85% contra a varíola dos macacos.
"A vacina tem uma efetividade que não chega a 100%, mas de qualquer forma é uma proteção que alguns países já estão buscando a vacinação da sua populalação justamente para evitar maiores riscos", disse o infectologista Claudilson Bastos.
Apesar de não ter produção atual, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) assegura que possui capacidade instalada para fabricar a vacina de forma emergencial. Seria necessário garantir a tecnologia biológica no exterior, já que a vacina parou de ser produzida no país.
Em Salvador, os pacientes com casos leves terão tratamentos para os sintomas, já que não existe uma medicação especifíca para a doença. O Brasil receberá, por intermédio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), o antiviral Tecovirimat para, que ainda não tem eficácia comprovada para o tratamento da varíola dos macacos, mas tem sido utilizado nos Estados Unidos.
Onde procurar ajuda
Nesta semana, Salvador colocou em prática um protocolo específico de saúde voltado para a varíola dos macacos. A principal estratégia está na definição de 28 unidades básicas de referência para atendimento e coleta laboratorial e 16 unidades de urgência e emergências. Veja lista das unidades clicando aqui.
"Já vinhamos seguindo os protocolos da OMS e do Ministério da Saúde, mas o nosso protocolo serve para definir os locais de atendimento e quando as pessoas devem procurar as unidades de saúde para realizar a testagem e receber atendimento médico. O protocolo não é feito para causa pânico na população, já que os casos tem se mantido leves", afirmou Decio Martins.
A recomendação da SMS é que as pessoas procurem os pontos de atendimento e coleta após os surgimentos das bolhas, características da doença, e que podem aparecer em qualquer região do corpo. "Às vezes uma ou duas bolhas já são suficientes para população procurar as unidades de saúde", falou a gerente do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde de Salvador (CIEVS/Salvador), Cristiane Wanderley.
Com apenas quatro laboratórios em todo o país com tecnologia para detectar o vírus, Salvador precisa enviar os seus testes para a Fiocruz do Rio de Janeiro, o que tem levado em média uma semana para receber os resultados. Com isso, o isolamento deve acontecer já com casos suspeitos, sem esperar a confirmação laboratorial.
A coleta para os teste da doença é feito através de swab (cotonete), só que diferente da Covid-19, em que o swab é inserido no nariz, para detectar a varíola dos macacos é necessário realizar a testagem nas bolhas.
As medidas de prevenção do protocolo da SMS incluem reduzir o número de parceiros sexuais, evitar contato físico com as pessoas, evitar tocar nas feridas, entre outras de higiente utilizadas como prática por conta da Covid-19. A higienização das peles e das lesões podem ser realizadas com água e sabão.
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