AINDA É CEDO
Infectologista condena liberação de máscaras em locais fechados
Em entrevista ao programa Isso é Bahia, Fernando Badaró disse que flexibilização não é segura
Após o uso de máscaras em ambientes abertos ser liberado, a tendência é que o mesmo ocorra para os locais fechados - o que já vem acontecendo de maneira quase generalizada em várias cidades no interior da Bahia e em capitais brasileiras. No entanto, adotar a medida ainda não é seguro na avaliação do médico infectologista Fernando Badaró, que falou sobre o assunto nesta quinta-feira, 7, em entrevista ao programa Isso é Bahia, da rádio A TARDE FM (103.9).
Na avaliação do profissional, é preciso ter bom senso na tomada de decisões. "Em alguns ambientes fechados, que não tenham ventilação e sejam pequenos, evidentemente não é seguro. A pandemia não acabou, apesar de, recentemente, não termos nenhum caso registrado na Bahia. O país é muito grande, a migração de pessoas entre estados e cidades também é, e o fato de casos novos não aparecerem nas estatísticas não quer dizer que eles não existem. Se todo mundo deixasse de usar máscara em todos os lugares, evidentemente, o número de casos aumentaria no mundo inteiro", alertou.
O infectologista comentou também a liberação ocorrida em Salvador para alguns ambientes, como academias, estádios e comércios de rua. "Nos estádios de futebol, por exemplo, a máscara foi liberada. Mas um estádio cheio causa aglomeração muito grande. Um espaço pequeno que mal cabe 1000 pessoas, às vezes está com 5000 pessoas aglomeradas. A flexibilização não quer dizer que as pessoas podem ficar aglomeradas à vontade. Mas estamos vivendo ainda uma pandemia, com o vírus caminhando para se tornar endêmico, e o que permitiu isso foi a vacinação", enfatizou.
Para o especialista, os métodos científicos utilizados pela Estatística permitem realizar flexibilizações, mas ele ressalta que a ciência possui diversas variáveis e liberações por etapas ainda são mais adequadas. Ele crê que critérios políticos, muitas vezes, se sobrepõem aos técnicos. "Aqui no Brasil e no mundo inteiro. É ano de eleição, os políticos vão querer fazer comícios com aglomerações. Tem os empresários de shows e os artistas que querem trabalhar. Existe uma pressão social muito grande para a liberação das máscaras em geral, mas esse passo avançado pode trazer um retrocesso no controle da pandemia", alertou.
Questionado se a utilização de máscaras poderá ser mantida pela população em situações excepcionais, como no caso de sintomas gripais, ou dentro de ambientes hospitalares, o infectologista visualiza esse cenário no horizonte. "Essa é uma questão de educação, cujo senso, infelizmente nem todas as pessoas têm. Quem está resfriado não vai querer passar para outra pessoa. Sem dúvida muita gente vai adotar esse papel e dentro dos hospitais e clínicas, isso permanecerá", avaliou.
A médio e longo prazo, Badaró projetou o fim da pandemia. "E isso não significa extinção do vírus. Significa que em alguns países, o vírus terá um percentual esperado de pessoas acometidas. O vírus veio para ficar e a vacinação é o meio de controlar isso. Novas vacinas estão sendo pesquisadas, vacinas que têm uma maior durabilidade da imunização. Estamos indo para um controle, mas é importante lembrar que esse vírus não gera imunidade duradoura, ou seja, a pessoa pode pegar de novo", frisou.
Assista à entrevista:
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