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19/08/2024 às 5:00 - há XX semanas | Autor: Andreia Santana

SAÚDE

Mês de prevenção às doenças vasculares acende o alerta contra trombose

Sedentarismo é um dos fatores que explicam aumento da incidência, dizem médicos

Imagem ilustrativa da imagem Mês de prevenção às doenças vasculares acende o alerta contra trombose
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A trombose é um termo genérico usado pela medicina para descrever a formação de coágulos sanguíneos no lugar errado e na hora errada. Em vez de servirem como tampões para evitar hemorragias após um corte, por exemplo, esses trombos se formam dentro das veias, impedindo a circulação. Quando se deslocam pela corrente sanguínea e vão parar em órgãos como o pulmão, ocorre a embolia, que pode ser fatal. No Brasil, entre 2012 e 2023, foram 489 mil casos de trombose, segundo estudo divulgado pela Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), no primeiro semestre deste ano. Doenças vasculares estão entre as principais causas de morte no país e a incidência vem aumentando no mundo todo.

Para conscientizar a população sobre os riscos da trombose, doença que está cada vez mais associada ao estilo de vida contemporâneo e ao sedentarismo, e também sobre outros problemas circulatórios como o aneurisma de aorta e o Acidente Vascular Cerebral (AVC), a SBACV reforça os alertas no Agosto Azul Vermelho. O mês é dedicado à prevenção desses problemas.

Nos hospitais privados ou públicos de Salvador, médicos como o angiologista e cirurgião vascular Ronald Fidelis afirmam que os casos vêm crescendo tanto que as equipes “estão enxugando gelo”. Mal acabam de atender uma emergência e chegam mais 10 pacientes com trombose. Os casos de doenças cardiovasculares também têm afetado pessoas mais jovens, com menos de 40 anos.

“Antes, quando me formei há 28 anos na Faculdade de Medicina da Ufba, um caso de AVC ou infarto em paciente na faixa dos 35 anos era uma raridade, todo mundo queria estudar o prontuário. Hoje, chegam casos de gente com 33 anos e não podemos normalizar isso”, afirma o médico, que explica porque a trombose acontece:

“O nosso sangue se solidifica, tem uma característica parecida com a do leite, que vira coalhada. Assim como ocorre com o leite, o sangue é um tecido vivo e líquido que pode ficar gelatinoso ou se solidificar. Esse é um processo normal quando a pessoa tem um ferimento. Mas, em algumas pessoas, esses trombos se formam na hora errada”, diz.

A doença pode, principalmente, decorrer de uma imobilização prolongada, como em um pós-operatório em que o paciente precisa ficar em repouso absoluto e está acamado, ou se teve uma fratura na perna, que está no gesso, imobilizada, acrescenta o especialista. “Essa é a forma mais comum e mais conhecida de ocorrência. Mas existe um outro problema que tem aumentado muito a incidência, que é o sedentarismo. O nosso atual estilo de vida é marcado por um aumento do tempo em que ficamos sentados. São horas parados na mesma posição no trabalho”, adverte.

‘Tempestade perfeita’

Entre os fatores de risco além do sedentarismo, está também a obesidade, acrescenta Ronald Fidelis. “Obesidade é um risco para a trombose mesmo quando a pessoa não é sedentária. O tabagismo também aumenta o risco, mesmo quando a pessoa não é sedentária”, enumera.

Segundo o médico, durante muito tempo houve uma diminuição nos índices de tabagismo, mas nos últimos anos eles voltaram a crescer, principalmente por conta dos vapes, os cigarros eletrônicos. “Isso ocorre principalmente entre os mais jovens e tanto faz se o cigarro é convencional ou eletrônico, o risco é o mesmo. Inclusive, o cigarro eletrônico pode representar até um perigo maior”.

Outro fator de aumento de casos é o uso indiscriminado de hormônios. Ronald Fidelis lembra que durante muito tempo havia o risco associado ao uso de anticoncepcionais e dos hormônios de terapias de reposição na menopausa. “Havia a avaliação do ginecologista junto com o angiologista para comparar os riscos e benefícios para cada paciente que precisa de contraceptivo hormonal ou terapia de reposição. Mas o que está surpreendendo agora é a quantidade de gente com risco aumentado por conta do uso de hormônios para performance e estética. É o uso indiscriminado de testosterona, gestrinona e outros para melhorar o humor, ficar mais disposto, ter mais energia e isso é um perigo”, adverte o especialista.

Os hormônios usados para estética ou performance, por sua vez, nem sempre têm orientações de dosagem e nem a certeza de uma formulação adequada, acrescenta Fidelis. “O que é que tem dentro dessas substâncias que as pessoas estão usando indiscriminadamente. É como se juntando todos esses fatores de risco se tivesse formado a tempestade perfeita para o aumento dos casos”, pontua.

Sintomas e tratamento

A formação dos trombos na veia podem ser sinalizados, inicialmente, por um desconforto. A pessoa pode sentir dor, uma espécie de calor e de queimação na perna e ter um inchaço. Em alguns casos também a pele pode mudar de coloração, ficar primeiro vermelha e depois arroxeada, o que é chamado de hiperemia, como explica o angiologista e cirurgião vascular Marcelo Gomes.

O trombo também pode se formar em qualquer veia, das mais secundárias até uma veia principal da coxa, por exemplo. Nesses casos em que a doença afeta uma veia principal, a pessoa vai sentir uma dor muito intensa e a circulação ser interrompida. Se o trombo não for dissolvido a tempo pode provocar necrose do local ou ocorrer outra intercorrência.

O mais grave é quando o coágulo se desloca pela corrente sanguínea e atinge o coração ou os pulmões, provocando embolia. “A embolia seria um trombo à distância. Nesses casos o paciente tem risco de vida dependendo da área atingida. É um risco tão grande quanto o de ter um infarto do miocárdio”, afirma Ronald Fidelis. Há casos, acrescenta, de pacientes que apresentam dor no peito, acham que é infarto, mas é uma trombose em andamento.

O tratamento para trombose é feito à base de anticoagulantes, que agem desmanchando o coágulo. Pessoas acamadas ou em longos períodos de internação, inclusive, fazem uso desses medicamentos de forma preventiva. Nos casos de emergência, a intervenção médica precisa ser rápida. Então vale manter o check up vascular em dia, com realização de exames como o dopler, um tipo de ultrassom das veias que para diagnóstico de risco de trombose é feito no pescoço, abdômen e nas pernas do paciente.

Outras doenças

Além da trombose, existem outras duas doenças vasculares que são importantes das pessoas terem atenção: o aneurisma da aorta abdominal e o Acidente Vascular Cerebral, o popular derrame. “Pessoas acima dos 50 anos, principalmente homens, precisam estar atentos. O aneurisma é um tipo de dilatação da artéria e pode ser silencioso. Já o AVC é causado por uma obstrução da circulação do sangue das carótidas, que é veia que está no pescoço”, explica Ronald Fidelis.

Além da consulta clínica com o angiologista e a realização da ultrassonografia vascular, que seria o ponto de partida para checar se está tudo bem com o paciente, vale alterar o estilo de vida. “O exame não é prevenção, é um diagnóstico precoce, e isso é maravilhoso. Mas precisamos ajustar alguns hábitos: se o paciente está acima do peso, vai precisar perder peso; se está com a alimentação irregular, vai precisar melhorar essa alimentação, vai precisar melhorar o sono. A higiene do sono é importante porque a insônia crônica embora não tenha relação direta com a trombose ou com qualquer doença vascular, ela pode facilitar uma hipertensão e arritmias cardíacas e por conta disso, aumentar o fator de risco para problemas vasculares”, orienta Fidelis.

Doença, geralmente, só afeta uma das pernas

A trombose, geralmente, não ocorre nas duas pernas ao mesmo tempo, explica o angiologista e cirurgião vascular Marcelo Gomes. De acordo com o especialista, se a pessoa sente dores fortes nas panturrilhas das duas pernas, por exemplo, raramente estará vivendo um episódio de trombose. No entanto, adverte, vale sempre investigar.

Ainda segundo o médico, doenças como o câncer também podem acarretar trombose e, inclusive, ter uma trombose sem outros fatores de risco associados costuma levar a investigações sobre a presença de um possível tumor maligno.

“Durante a pandemia de Covid-19 houve um aumento da incidência de trombose e de embolias. Ainda há pesquisas em andamento, mas estudos preliminares mostram que isso ocorre em decorrência do próprio vírus, que afeta o sistema vascular”, acrescenta Marcelo Gomes.

O fato das pessoas terem passado muito mais tempo em casa na época do confinamento, trabalhando mais imóveis e, por não poderem sair, terem ficado mais sedentárias ou mesmo terem sido hospitalizadas por longos períodos nos casos de covid grave, também são fatores a considerar.

“Há ainda as pessoas que têm doenças hematológicas, com alteração na coagulação sanguínea, o que chamamos de trombofilia, que podem ter trombose”, cita o médico.

Viagens para longas distâncias em que a pessoa vai ficar muito tempo imóvel também são um fator de risco. “Sempre recomendamos que a pessoa que vai viajar se hidrate bastante e a cada duas ou três horas durante a viagem que elas tentem caminhar nos corredores do avião ou do ônibus-leito, e que utilizem também a meia elástica”, lembra o angiologista Marcelo Gomes.

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