AMBIENTE DE TRABALHO
Nova norma obriga empresas a combaterem riscos psicossociais
Medida inclui no radar estresse crônico, assédio moral, jornadas exaustivas e outros fatores
Por Redação

A partir de 25 de maio deste ano, entra em vigor uma mudança na legislação trabalhista brasileira que torna obrigatória a identificação e o gerenciamento de riscos psicossociais dentro do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) de todas as empresas.
A medida inclui no radar da segurança do trabalho questões antes tratadas como secundárias, como estresse crônico, assédio moral, jornadas exaustivas e outros fatores que afetam diretamente a saúde mental dos colaboradores.
Para o médico Walter Viterbo, especialista com mais de 30 anos na área de dor e estresse, a mudança representa um divisor de águas. “O bem-estar no trabalho deixou de ser apenas uma tendência ou diferencial competitivo. Agora é uma obrigação legal. Estamos falando de uma transformação real na forma como o Brasil lida com o sofrimento mental no ambiente corporativo”, afirma.
Leia Também:
O especialista também fala com propriedade sobre gestão de equipes. Segundo Viterbo, empresas que não se adaptarem a tempo podem sofrer consequências sérias, como ações trabalhistas, afastamentos frequentes, queda na produtividade e na retenção de talentos.
“Não basta colocar uma palestra ou massagem no cronograma. É preciso criar uma cultura de saúde integral, com ações contínuas e comprometimento das lideranças", destacou.
O que muda na prática
Com a nova NR-1, o PGR deve incluir de forma explícita os riscos psicossociais no inventário de riscos das empresas. Isso implica em uma gestão mais ampla da saúde ocupacional, exigindo ações integradas que vão desde o apoio psicológico permanente até políticas humanizadas e programas de capacitação.
As mudanças também reforçam a conexão com a Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho (LDRT), reconhecendo oficialmente transtornos como depressão, ansiedade e burnout como condições laborais.
Além disso, lideranças e equipes de RH passam a ter um papel ativo na identificação de sinais de esgotamento e ambientes de trabalho tóxicos, sendo responsáveis por promover um clima organizacional mais saudável e acolhedor.
Saúde mental é investimento
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), os transtornos mentais causam uma perda anual de cerca de US$ 1 trilhão para a economia global em produtividade. Já um levantamento da Harvard Business Review mostrou que colaboradores que atuam em empresas com programas de bem-estar apresentam 89% mais satisfação e são 30% mais produtivos.
No Brasil, o desafio ainda é grande. Muitas empresas não sabem por onde começar para mapear e mitigar esses riscos. Para o Dr. Viterbo, o caminho passa por um olhar sistêmico. “Saúde mental exige um olhar 360º. É preciso semear o bem-estar no dia a dia da organização, com políticas claras, apoio psicológico e ambiente saudável”, defende.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Cidadão Repórter
Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro
Siga nossas redes