SETEMBRO AMARELO
Saúde mental de jovens e telas geram debates
Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio estimula reflexão
Por Madson Souza
No setembro amarelo diversas campanhas focadas na conscientização sobre a saúde mental e prevenção ao suicídio ganham destaque no País. Um dos temas que se apresenta com urgência é o impacto da internet na saúde mental dos jovens neste 10 de setembro - hoje -, Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Cyberbullying, hostilidade nas plataformas digitais, imagens violentas, discursos de ódio, tempo excessivo online são alguns dos fatores que geram preocupação.
Dentro desse contexto repleto de variáveis, as redes sociais precisam ser consideradas. Essas plataformas têm uma responsabilidade com os usuários e necessitam implementar políticas robustas para identificar e apoiar indivíduos em situações vulneráveis, como ressalta Luana Dantas, psicóloga e coordenadora do Núcleo Infantojuvenil da Holiste "As plataformas têm a responsabilidade de promover ambientes seguros e de oferecer recursos para ajudar aqueles que estão enfrentando crises emocionais".
Ela também reforça a importância das campanhas de conscientização sobre saúde mental. “A educação sobre saúde mental deve começar desde cedo, tanto nas escolas quanto nas famílias, para que os jovens saibam reconhecer sinais de alerta e buscar ajuda quando necessário", explica.
Fatores
Mesmo com tantas campanhas de prevenção é preciso um olhar não só para a saúde mental do sujeito, mas uma visão ampla do indivíduo e dos fatores que afetam a sua saúde. "Fatores como idade, gênero, condições de trabalho, acesso à água potável, e até mesmo a rede de apoio social e comunitária influenciam diretamente a saúde das pessoas", explica Larissa Fonseca, conselheira no Conselho Regional de Psicologia da Bahia. Ela alerta que focar unicamente em sinais visíveis ou em características individuais não é suficiente para uma análise completa do problema.
Ela também ressalta que não há como individualizar o sofrimento relacionado ao suicídio, pois trata-se de uma questão multifatorial. “Diversos fatores influenciam o suicídio, e tentar reduzir o fenômeno a um único motivo, como o uso excessivo de redes sociais ou hereditariedade, não reflete a realidade. Precisamos entender o todo”, explica.
É preciso políticas públicas que promovam a saúde mental em todas as suas dimensões, segundo Larissa. Ela comenta que o Brasil possui instrumentos de coleta de dados, como o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) e o Datasus, que ajudam a traçar um panorama dos casos de violência autoprovocada, mas alerta para o problema da subnotificação. “Muitos casos de violência autoprovocada não são notificados, o que impede a formulação de políticas públicas adequadas. A notificação é obrigatória para os profissionais de saúde, e ela deve ser realizada sempre que um caso é identificado”, afirma Larissa.
Apoio emocional
Ainda no contexto da prevenção, Josiana Rocha, porta-voz e voluntária do CVV (Centro de Valorização da Vida), destaca o papel essencial do apoio emocional oferecido pela organização. O CVV fornece uma espécie de “pronto-socorro emocional”, oferecendo atendimento sigiloso e anônimo 24 horas por dia, inclusive nos finais de semana e feriados. “As pessoas podem ligar para o CVV para falar de suas dores, angústias ou até mesmo alegrias, sem serem julgadas ou criticadas. Nós ouvimos sem oferecer diagnósticos ou conselhos profissionais, mas com respeito e acolhimento”, explicou Josiana.
Em 2023, a instituição atendeu cerca de 10 milhões de chamadas ao longo do ano. Porém, Josiana reforça a necessidade de mais voluntários para garantir que todos sejam atendidos. Para receber o apoio emocional gratuito basta ligar para o telefone (188), chat e e-mail ([email protected]). Também há a possibilidade do atendimento presencial 24 horas no endereço Rua Luis Gama, 47/99, Nazaré.
Outra ação de atendimento é da empresa de transportes CCR, em parceria com o Instituto HELP, que juntos vão realizar hoje, das 13h às 18h na Estação Acesso Norte, uma ação de acolhimento emocional. “O ‘Cantinho do Desabafo’ é uma oportunidade gratuita para os passageiros que enfrentam ansiedade, estresse e depressão compartilharem suas angústias e encontrarem conforto através de uma conversa acolhedora e empática, garantindo o bem-estar e a saúde emocional que precisam”, conforme explica a nota da CCR.
O Centro Universitário Ruy Barbosa oferece alternativa de atendimento gratuito de serviço de psicologia para toda sociedade. Os interessados devem entrar em contato por meio do telefone (71) 3205-1745. Após o contato inicial, as solicitações serão avaliadas e os atendimentos agendados. As consultas são realizadas gratuitamente, de segunda a sexta, das 8h às 18h, no Serviço de Psicologia Ativa, no primeiro subsolo do campus da instituição, localizado na Avenida Luís Viana Filho, 3172 - Paralela.
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