SAÚDE
Transplante é a esperança para pacientes em atendimento de hemodiálise
1.554 pessoas estão na lista de espera; investimentos buscam acelerar procedimentos na Bahia, pelo SUS
Por Da Redação
De janeiro a junho deste ano, 144 transplantes de rim foram realizados na Bahia. Em 2022, foram 240 procedimentos do tipo. A cirurgia é a única solução para que a maioria dos doentes renais crônicos não precisem mais fazer hemodiálise. Na Bahia, 8.895 pacientes fazem hemodiálise pelo Sistema Único de Saúde (SUS), nas 32 clínicas de terapia renal substitutiva espalhadas pelo Estado.
Uma das pacientes que aguarda por um transplante e precisou ficar um tempo internada é Cleusa Schulthess. Ela conta que, em 2010, quando morava na Suíça, descobriu que tinha um problema renal. “Mesmo tendo rim policístico, não apresentei grandes problemas até dezembro de 2022, quando a função renal parou”, lembra. “Nesta época estava aqui no Brasil. Tive de ficar internada por um tempo até iniciar a hemodiálise ambulatorialmente. Hoje, faço hemodiálise e volto para casa assim que termina o procedimento. Só voltarei à Suíça depois que fizer o transplante. No Brasil, a fila de transplantes anda mais rápido, além de o procedimento ser feito pelo SUS.”
A médica nefrologista Indira Esteves explica que a possibilidade de um paciente renal crônico ter a sua função renal reestabelecida sem transplante é pequena. “Normalmente, os pacientes que fazem hemodiálise só conseguem deixar de fazer o tratamento após um transplante”, conta. “A exceção fica para os que precisam realizar a terapia renal substitutiva em função de problemas obstrutivos nas vias urinarias.”
O coordenador do Sistema Estadual de Transplantes da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), Eraldo Moura, explica que quando um paciente passa a ser atendido em uma clínica de hemodiálise, a equipe do serviço o avalia e faz a interlocução com a unidade transplantadora de referência. “Em até 90 dias, a clínica deve fazer o encaminhamento do paciente para que ele faça todos os exames necessários. Atendendo os critérios para o transplante, ele entra em lista, que atualmente é de 1.554 pessoas”, afirma.
Para que a espera pelo procedimento não seja ainda mais angustiante, o governo do Estado lançou, em março, o Programa de Cofinanciamento Estadual na Atenção Especializada às Pessoas com Doença Renal Crônica. A iniciativa representa um incremento de 25% no valor repassado às clínicas pela sessão de hemodiálise. Com o investimento feito pela Sesab, o valor pela sessão passou a ser de R$ 273,08. Antes, o total ficava em R$ 218,47, repassados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) às clínicas.
De acordo com a Sesab, o principal objetivo do programa é continuar garantindo a assistência aos pacientes renais crônicos que precisam hemodiálise, além de ampliar as vagas nas clínicas. Desde a instituição do programa até o final de junho, 227 pessoas puderam ter alta de hospitais e fazer o tratamento de forma ambulatorial.
Referência
Integrante da rede estadual de assistência, o Hospital Ana Nery (HAN) é uma das referências para realização do transplante renal. A unidade é o maior centro de transplante renal em adultos da Bahia e o único que realiza transplante renal pediátrico. A médica nefrologista e diretora técnica do HAN, Fernanda Martin, destaca que no hospital, além do transplante, o paciente tem acompanhamento após o procedimento. “Trabalhamos para que o transplante seja seguro, de forma que o paciente deixe de depender das sessões de diálise, o que leva à redução da mortalidade e à melhoria da qualidade de vida”, afirma.
Para ampliar a possibilidade de mais transplantes, nos últimos cinco anos, segundo a Sesab, foram investidos mais de R$ 9 milhões em estratégias para aumentar o número de procedimentos na Bahia. Os recursos foram aplicados na aquisição de equipamentos, capacitação de profissionais e realização de campanhas de conscientização da sociedade.
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