SETEMBRO VERDE
Transplante mudou a vida de mais de 700 baianos em 2023
Conscientização é principal arma para incentivar doações e reduzir espera por um órgão no Estado
Por Da Redação
Aos 50 anos, a aposentada Patrícia Calheiros Soares prepara-se para realizar seu quarto transplante de órgão. Portadora de Diabetes Mellitus Tipo 1, Patrícia recebeu um rim em 2001, pâncreas em 2008, realizou retransplante de rim em 2019 após complicações e, atualmente, está na fila de espera para o transplante de córnea.
Patrícia está entre os 11.409 baianos que foram transplantados no Estado em 23 anos. De acordo com levantamento realizado pelo Sistema Estadual de Transplantes, da Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab), entre janeiro e agosto deste ano, a Bahia realizou 701 transplantes, sendo 27 de fígado, 210 de rim, 362 de córnea e 102 de medula óssea. Nas próximas semanas, segundo a Sesab, o Estado vai retomar o serviço de transplante cardíaco.
"Os transplantes mudaram a minha vida completamente”, afirma Patrícia. “Não só pelo fato de sair da máquina de hemodiálise – onde fiz grandes amigos e aprendi muito –, mas pela qualidade de vida. Não tenho mais descontrole da glicemia, que me impedia até de andar sozinha na rua, por exemplo. Mas minha maior vitória foi ganhar um novo sentido para a minha vida e entender que preciso ser útil para a sociedade, contando a minha história."
Foi por meio da criação do Projeto Amor & Gratidão que Patrícia encontrou uma forma de conscientizar a população sobre a importância da doação de órgãos. A ideia surgiu após longas horas de hemodiálise feitas no Hospital São Rafael, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), na companhia do amigo Sílvio Roberto Pereira, que também aguardava por um transplante de rim.
“Hoje eu já sou transplantado de rim e, em 2021, tiramos a ideia do papel e criamos o Projeto Amor & Gratidão, destinado à conscientização da importância da doação de órgãos e tecidos e onde mostramos o quanto o transplante mudou para melhor nossas vidas”, recorda Pereira.
A dupla percorre escolas, faculdades, hospitais e empresas levando informação e fazendo com que mais pessoas se tornem doadoras de órgãos. “O projeto sobrevive com a venda de camisetas e, dessa forma, vamos disseminando essa informação”, completa Silvio.
Coordenadora da Central de Transplantes da Secretaria da Saúde da Bahia, Regina Vasconcelos destaca que ações como a de Patrícia e Sílvio fazem com que a mensagem sobre a importância da doação de órgãos chegue cada vez mais longe. “Não existe transplante se não houver doação e não existe doação se não houver a conscientização da sociedade”, explica. “Temos mais ou menos 3 mil pessoas aguardando por transplante de órgãos na Bahia e essa fila é dinâmica. Então, é importante que a família converse sobre a doação, sobre a importância de tomar uma decisão naquele momento, porque tudo faz a diferença.”
Ampliação
Subsecretário de Saúde da Bahia, o médico Paulo Barbosa informa que o governo do Estado elaborou agendas de curto, médio e longo prazo para a ampliação do Sistema de Transplantes do Estado, fazendo com que, em breve, o serviço seja ampliado, atendendo a ainda mais baianos.
“A retomada do transplante cardíaco está na agenda de curto prazo, pois nós já temos a habilidade em fazer o procedimento, além de termos o Hospital Ana Nery que é um centro de referência”, exemplifica. “Também temos perspectivas concretas para a ampliação da rede que realiza o transplante de medula óssea no estado, tanto na capital como no interior.” Segundo o subsecretário, nos próximos meses, o Hospital Regional de Juazeiro (HGJ) e o Hospital Geral Roberto Santos (HGRS) podem passar a realizar o procedimento.
Atualmente, a Bahia conta com uma rede composta por 24 centros de transplantes, sendo que sete oferecem atendimento pelo SUS. Desses, três são unidades públicas: o Hospital Geral Roberto Santos, o Hospital Ana Nery e o Hospital Universitário Professor Edgard Santos. Além deles, integram a rede os hospitais filantrópicos Martagão Gesteira, em Salvador, e Dom Pedro de Alcântara, em Feira de Santana, e os privados IBR, de Vitória da Conquista, e Hospital Português, na capital.
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