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Vacinação nas escolas é defendida por 85% das mães brasileiras
Estratégia solucionaria as dificuldades com os horários de trabalho e outros impedimentos dos responsáveis
Por Priscila Dórea*
Uma parceria entre a saúde pública e a educação infantil para garantir que as crianças sejam vacinadas em meio a correria diária de seus pais: seria esse um dos grandes sonhos das mães brasileiras? Para 85% delas, levar a vacinação para as escolas aumentaria a cobertura vacinal de todo o País, afirma o estudo Escola: uma Aliada da Vacinação Infantil, feito pelo Instituto Locomotiva a pedido da Pfizer e divulgado em São Paulo na última quarta-feira.
Em Salvador, a vacinação infantil foi levada para as escolas em 2022, quando a vacina contra a Covid-19 foi oferecida em mais de 200 escolas do município, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS). A iniciativa foi aprovada e comemorada por mães soteropolitanas como Jaqueline Santos, mãe atípica de duas crianças autistas - Uesley (7 anos) e Ualysson (4 anos) -, que na época conseguiu vacinar os filhos nas escolas onde cada um deles estuda em Salvador.
“A vacinação dentro das escolas é importante por aproximar a saúde da educação, por possibilitar uma nova aprendizagem para os estudantes e garantir que um maior número de crianças sejam vacinadas, pois facilita o processo de vacinação, já que é um ambiente que faz parte da rotina diária das famílias. Como foi na escola, ficou melhor e muito conveniente”, afirma Jaqueline, que é palestrante, antologista, doutoranda da Universidade Federal da Bahia e autora do livro ‘Ted e Tuly: a rotina de dois irmãos autistas’.
Ualysson é aluno da Escola Municipal Guerreira Zeferina, em Periperi, onde Ryan Levi (4 anos) também estuda e foi imunizado. “Sempre fiz de tudo para dar as vacinas que o Ryan precisa, mas não é fácil fazer isso com a demanda do trabalho. Então fiquei muito feliz quando surgiu a oportunidade de vacinar ele na própria escola, porque não vemos isso acontecer com outras vacinas. Além do ambiente seguro, é mais confortável que enfrentar as filas dos postos”, conta a mãe de Ryan, a atendente de telemarketing Bianca Conceição de Araujo.
Gestora da Escola Municipal Guerreira Zeferina, Ana Beatriz de Lima Gonzaga Santana conta que a ação vacinou 147 das 186 crianças da instituição. “Esses momentos são de extrema importância, pois proporcionam a manutenção dos cuidados necessários com a saúde da criança, e aproveitamos para orientar as crianças sobre a necessidade de manter o ciclo de vacinação atualizado para não contrair algumas doenças”, afirma.
Gestora do Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) Mário Altenfelder, Graça Suely Oliveira Wenceslau Soares estima que cerca de 30% dos 880 alunos matriculados na instituição na época foram vacinados. “É uma forma de oportunizar a garantia da cobertura vacinal, pois muitos pais e responsáveis trabalham no horário de funcionamento dos postos. E ainda há o cunho pedagógico, pois a vacinação traz a possibilidade da vivência concreta dos assuntos abordados em sala de aula”, salienta.
Uma das mães que aproveitou a oportunidade de vacinar o filho no Cmei Mário Altenfelder foi Haydna Oliveira dos Santos, merendeira da instituição e mãe do aluno Lucas, de 9 anos. “A ação se tornou ainda mais importante, a meu ver, foi a reação das crianças. Lucas, por exemplo, ofereceu o braço sem pestanejar. Quando algum deles fazia cara de choro, os outros diziam que era bom para saúde, que não precisava chorar e essas coisas. Foi algo importante e seria interessante que houvesse mais vezes”, afirma.
Em Salvador, explica a coordenadora de imunização da SMS, Doiane Lemos, mais de 5 mil crianças (de 5 a 11 anos) foram vacinadas contra a Covid-19 nas escolas públicas da capital baiana em 2022. “É sempre estratégico e efetivo essa aproximação com a educação, pois além de promover a disseminação da informação, permite que a comunidade escolar seja imunizada e esteja protegida”, afirma.
A reportagem pediu dados dessa vacinação à Secretaria de Saúde do Estado, mas não obteve retorno.
Acesso
O estudo feito pelo instituto Locomotiva junto a Pfizer ainda mostra que 77% das mães estão convencidas de que não atrasariam as vacinas dos filhos se houvesse campanhas vacinais nas escolas, enquanto 73% afirmam que a decisão independeria, inclusive, do tipo de vacina ministrada. "Os resultados mostram a importância de investir em estratégias que facilitem o acesso à vacinação e que reduzam as barreiras que muitas vezes impedem que as crianças recebam todas as doses necessárias", afirma o presidente do Instituto, Renato Meirelles, presente na coletiva de imprensa da divulgação do estudo.
A TARDE foi convidada pela Pfizer a participar da coletiva em São Paulo, da qual também participaram o pediatra infectologista Renato Kfouri e a diretora médica da Pfizer, Adriana Ribeiro, que lembrou que a taxa de vacinação infantil no Brasil vem caindo já há alguns anos: “A questão foi agravada pela pandemia, mas falamos de problema complexo e multifatorial. Com essa pesquisa estamos propondo um olhar mais aprofundado desse cenário, como forma de contribuir para a busca de soluções que transformem essa situação”.
*A jornalista viajou a S. Paulo a convite da Pfizer
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