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Virologista defende que carnaval seja pensado apenas em 2023: “A Delta está circulando”

Publicado quinta-feira, 18 de novembro de 2021 às 09:24 h | Atualizado em 18/11/2021, 09:29 | Autor: Lucas Franco
Gúbio Soares disse que percentual de vacinados não é suficiente para trazer segurança I Foto: Divulgação
Gúbio Soares disse que percentual de vacinados não é suficiente para trazer segurança I Foto: Divulgação -

Em entrevista ao programa Isso é Bahia, da rádio A TARDE FM (103.9), o virologista Gúbio Soares duvidou da viabilidade de um carnaval com segurança em Salvador daqui a três meses. De acordo com ele, é cedo para realizar o evento, que deveria ser pensado apenas em 2023.

“Esse ano [2022] precisamos vacinar mais de 80% da população, ver o efeito da multiplicação do vírus, ver o resultado dos remédios que estão saindo”, disse Gúbio, que já havia se posicionado de forma semelhante em maio.

O virologista citou ainda o exemplo negativo de países europeus, que vivem uma terceira onda por conta do baixo número de adesão à vacinação. “Muitos turistas vêm para a cidade. A Europa está com problemas sérios. Você não pode dizer para eles não virem e eles podem trazer variantes, que vai se espalhar e se multiplicar. O vírus vai aprender a resposta imune, haverá uma pressão e os [vírus] mais fortes vão sobreviver. Por mim esse carnaval deve ser adiado por muito tempo, para que não passemos pelo que passa Alemanha e Bélgica”, pontuou.

Questionado sobre o fato de que o público voltou aos estádios de futebol e shows e que os números da covid-19 não pioraram no país, Gúbio Soares disse que a resposta epidemiológica não é imediata. “O vírus precisa de tempo, ele não ataca de imediato. A partir da multiplicação nas pessoas, há aumento lentamente e aí ele dispara. Além do que crianças de cinco a doze anos estão sem se vacinar, vulneráveis, e elas podem ser uma porta para a multiplicação dos vírus. Mesmo que as crianças sejam vacinadas [nas próximas semanas], será com apenas uma dose [até a realização do carnaval]”.

O virologista deu como exemplo outras edições de carnaval, em que o surgimento de determinada enfermidade ganhava o nome de música da folia momesca. “Lembro do surto de conjuntivite que veio do Rio, e o vírus se espalhou rapidamente. As pessoas circulam: passam aqui, depois vão numa escola de samba no Rio. O Brasil está muito exposto, é um país muito grande”.

Até o momento, não há definição sobre as realizações do Festival da Virada, a festa de réveillon organizada pela Prefeitura de Salvador, e do carnaval, que este ano está marcado para o final de fevereiro e deve ser realizado no Rio de Janeiro. O prefeito de Salvador, Bruno Reis (DEM), defende a realização dos eventos na capital baiana, embora se diga cauteloso para monitorar os números da covid-19 e tomar a decisão do carnaval mais adiante, enquanto o governador da Bahia, Rui Costa (PT), diz temer uma piora na pandemia com os eventos.

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