CRIME
Cuidado! Você pode estar em perigo com as ligações fantasmas; entenda o motivo
Prática conhecida como ‘ghost calls’ é tentativa de criminosos de identificar possíveis vítimas
Por Leo Prado*

Tornou-se comum receber telefonemas, mas não ouvir nada do outro lado da linha. Mesmo após o “alô”, ninguém responde, e a ligação se encerra em poucos segundos. O que pode estar por trás dessa prática, conhecida como ghost calls, ou “chamadas fantasmas”, é a tentativa de criminosos de aplicarem golpes.
Os golpistas utilizam sistemas automáticos de disparos de ligações para números aleatórios, com a intenção de verificar quais números estão ativos. Ao atender a ligação, mesmo que não fale nada, a vítima comprova que o telefone está funcionando e entra na mira do crime organizado, podendo ser explorada em eventuais tentativas de golpe.
“A pessoa atende a chamada, que dura mais ou menos 3 a 5 segundos, mas ninguém responde, fica mudo, e a ligação cai logo em seguida. Isso coloca o telefone no sistema dos criminosos, e a partir daí eles vão começar a entrar em contato várias vezes para tentar diversos tipos de golpe, a pessoa se torna um alvo”, explica o advogado José Crisostemo, especialista em direito do consumidor.
Entenda o processo polêmico
Especialista em tecnologia da informação, o professor Kayo Monteiro explica que todo o processo é robotizado, através do sistema conhecido como audio-dialer. “São ligações em massa para uma determinada lista de números. Quando a pessoa atende, o sistema detecta sinais mínimos, como ruídos, som ambiente ou apenas a resposta da linha, e registra que aquele número está ativo”.
Após terem a lista de números válidos, entre as principais estratégias estão as em que os golpistas se passam por atendentes de bancos, operadoras ou outros serviços. “Geralmente, o criminoso utiliza o SMS ou a ligação para dizer que alguém tentou invadir a conta bancária da vítima, e por isso a conta teve de ser bloqueada. Ele começa a confirmar informações, para realizar o tal desbloqueio, mas ele está buscando essas informações e alguns consumidores acabam entregando esses dados”, conta o advogado.
A arqueóloga Jeanne Dias, 44 anos, relata ser alvo desse método: “Acontecem comigo tanto as ligações mudas quanto a simulação de banco. Eles dizem que uma compra em um valor alto foi feita no meu cartão. Muitas vezes um cartão que eu nem tenho. Isso ocorre umas cinco vezes por semana”.
Além dos criminosos, as ligações fantasma automatizadas também são utilizadas por empresas privadas, para identificarem possíveis alvos para ofertas de serviços e produtos.
Kayo Monteiro orienta: “Para se proteger, é importante não atender chamadas de números desconhecidos, especialmente com DDDs fora da sua região. Se atender por engano, desligue imediatamente e evite falar qualquer coisa, principalmente “sim” ou dados pessoais. Além disso, existem aplicativos que ajudam a identificar e bloquear ligações suspeitas automaticamente. Com esses cuidados simples, é possível reduzir bastante o risco de ser alvo de chamadas fantasmas e fraudes telefônicas”.
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) disponibiliza os canais de denúncia em caso de irregularidades, como o telefone 1331 ou 0800-610-1331, além de aplicativo e site oficiais.
O órgão trabalha para combater as ligações abusivas, com iniciativas como o site Não Me Perturbe, que permite que qualquer pessoa informe seu número para não receber ligações de empresas cadastradas, além de regular a quantidade de ligações feitas por cada empresa.
* Sob a supervisão da editora Meire Oliveira
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