TURISMO
Cidade onde tudo se resolve a pé tem menos de mil moradores e apenas 32 ruas
Um município minúsculo, sem semáforos e com tudo ao alcance dos pés, mantém viva a essência da vida calma no interior

Por Iarla Queiroz

Com apenas 32 ruas e menos de mil moradores, Borá, no interior de São Paulo, segue como um dos municípios mais pequenos do país e símbolo de um cotidiano sem pressa.
No interior de São Paulo, existe um lugar em que a vida parece ter outro ritmo. Longe do trânsito intenso e da correria dos grandes centros, esse pequeno município se tornou conhecido justamente por sua simplicidade: dá para cruzar a cidade inteira caminhando em poucos minutos — e, curiosamente, não há um único semáforo.
Mesmo minúscula, a cidade carrega décadas de história e resistiu a diferentes ondas de migração. Hoje, continua firme como um reduto de tranquilidade, um daqueles lugares onde quem chega sente que o relógio desacelera.
Borá: a menor cidade paulista
Borá, no centro-oeste paulista, segue como o menor município do estado e o terceiro menor do Brasil. De acordo com estimativas do IBGE para 2025, o local reúne apenas 932 habitantes — quatro a mais que no ano anterior, registrando um crescimento de 0,4%.
No ranking nacional, aparece atrás de Anhanguera (GO), com 913 moradores, e de Serra da Saudade (MG), que segue na liderança das menores cidades brasileiras, com 586 habitantes. Em Borá, são apenas 32 ruas, todas de fácil acesso, e a ausência de semáforos reforça a rotina calma dos moradores.
Por lá, dá para percorrer tudo em cerca de 30 minutos a pé. O município conta com uma escola estadual, uma creche e uma Unidade Básica de Saúde. Para atendimentos mais complexos, os moradores seguem até Paraguaçu Paulista, a 18 km de distância, trajeto feito gratuitamente pelo único transporte público intermunicipal.
Mais eleitores que habitantes
Um detalhe chama atenção: Borá tem mais eleitores registrados do que moradores. Dados do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) apontam cerca de 1.094 eleitores — número superior à população estimada. Isso acontece porque muitos ex-moradores mantêm o título eleitoral na cidade mesmo após se mudarem.
O avanço populacional de Borá acompanha o ritmo de outras cidades do centro-oeste paulista, como Botucatu, Bauru e Marília, que registraram crescimentos entre 0,3% e 0,4%. Segundo o levantamento do IBGE entre 2024 e 2025, os maiores aumentos ficaram com:
- Canitar – 6.524 para 6.589 moradores (1,0%)
- Florínea – 3.987 para 4.022 habitantes (0,9%)
- Pardinho – 7.382 para 7.435 moradores (0,7%)
- Piratininga – 15.554 para 15.657 habitantes (0,7%)
- Borebi – 2.787 para 2.801 moradores (0,5%)
- Paulistânia – 2.146 para 2.156 habitantes (0,5%)
- Quintana – 7.225 para 7.260 moradores (0,5%)
- Ubirajara – 5.265 para 5.289 habitantes (0,5%)
- Borá – 928 para 932 moradores (0,4%)
- Botucatu – 150.442 para 151.053 habitantes (0,4%)
As maiores cidades da região, como Bauru e Marília, cresceram em ritmo mais tímido, com taxas de até 0,3%. Outras, como Ourinhos, mantiveram estabilidade, enquanto municípios pequenos — a exemplo de Avaí, Palmital e Lupércio — registraram leve queda populacional.
Um lugar onde todo mundo se conhece
Mesmo com números que parecem modestos, Borá mantém uma vida comunitária ativa. Festas religiosas, eventos escolares e tradições locais fazem parte da rotina, e o ambiente acolhedor é um dos motivos que seguram quem escolhe continuar por lá.
Em uma cidade onde cada rosto é familiar e o ritmo é leve, Borá segue encantando quem chega — e preservando um modo de viver que muita gente, nos grandes centros, já nem lembra mais como é.
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