Menu
Pesquisa
Pesquisa
Busca interna do iBahia
HOME > TURISMO
Ouvir Compartilhar no Whatsapp Compartilhar no Facebook Compartilhar no X Compartilhar no Email

TURISMO

Evite passar vexame com o portunhol

Por JORNAL A TARDE

05/01/2006 - 0:00 h

Na hora de fazer uma viagem ao exterior, turista brasileiro ainda gosta de misturar os dois idiomas



Silvia Maria Nascimento




O turista para fazer uso do portunhol mescla numa mesma frase palavras em português e espanhol, acrescenta ou suprime vogais e consoantes, ou muda o som das sílabas para que pareçam com o da língua em que a pessoa quer se expressar. Quem não se lembra do “duela a quién duela” do ex-presidente Fernando Collor? Só que a comunicação feita desta forma pode causar alguns problemas, gafes e situações constrangedoras que, mesmo rendendo uma boa piada depois do ocorrido, ainda deixa muita gente em saia-justa.



Há alguns anos, em entrevista à revista “Veja”, o lingüista americano Steven Roger Fischer, especializado em idiomas mundiais, previu o fim do português e em seu lugar o uso definitivo do portunhol. Fischer, fluente em inglês, francês, espanhol e alemão, e capaz de decifrar outras 480 línguas existentes ou já extintas no planeta, decretou esta mudança para daqui a 300 anos. Boa parte dos turistas brasileiros, porém, prefere não esperar tanto tempo e já assimilou o futuro idioma como a melhor forma de se fazer entender. Eles justificam que, com todos os percalços, a comunicação sempre acaba acontecendo, e isto é o que importa.



E falar o portunhol é bem fácil: basta pegar sons típicos de palavras em espanhol e acrescentar a vocábulos em português. Parece que foi desta forma que o “doa em quem doer”, muitas vezes expresso como “doa a quem doer” foi traduzido pelo ex-presidente. Ou, então, mesclar palavras dos dois idiomas em uma mesma frase.



Professores de espanhol no Brasil consideram que nem sempre o portunhol ajuda e aprender o básico da língua de Miguel de Cervantes se torna imprescindível às pessoas que gostam de somar turismo com cultura e relações humanas positivas. Com isso, o visitante pode evitar erros comuns aos que acham que os idiomas têm palavras semelhantes e de fácil entendimento. A coisa não é bem assim. É fato que em países da América do Sul, por exemplo, se fala um castelhano que necessita de tradução para o espanhol falado na Espanha. Por exemplo, o verbo “coger” que traduzido na Espanha para o português significa pegar, na Argentina, é o mesmo que manter relações sexuais. Se estiver no México, o turista brasileiro e mesmo os da Espanha não devem pedir uma “corrida” para um taxista porque ele vai entender outra coisa. O som do duplo “r” corresponde ao da letra “g” em espanhol e o mexicano vai entender que o turista está interessando em uma “transa” ou relação sexual.



FÁCIL DE TRADUZIR – Para o professor Manuel Angel Romero Aguirre, argentino radicado no Brasil há 15 anos, o portunhol nada mais é do que “a falta de interesse por completo de aprender uma língua”. Mas ameniza a declaração afirmando que o uso do idioma mesclado já é um início para a comunicação, quando a pessoa sente que não é necessário falar de forma corretíssima. “Nas aulas, esta primeira idéia de que os idiomas são parecidos e por isso fácil de traduzir rende até situações engraçadas”, diz ele. Dois de seus alunos costumam inventar palavras. “Às vezes eles até acertam”, brinca o professor, que ensina em colégio de segundo grau e cursos de idiomas.



Turistas não ligam para o idioma



“Na hora da compra de um pacote de viagem, no entanto, o idioma é a última coisa com que o turista se preocupa”, afirma a supervisora de receptivo da Sol Turismo, operadora de Salvador, Grace Nicory, que atua no setor há quatro anos e meio e cursou apenas um semestre de espanhol. Hoje ela consegue se comunicar bem com os visitantes, e também ouve algumas pérolas de portunhol dita por eles. Segundo Grace, o espanhol dos argentinos é mais complicado porque sons mudam como o “il” que eles pronunciam com o som do “ch” em português, enquanto que na Espanha é o mesmo que o som do “lh”. No portunhol dos argentinos, ela já ouviu coisas como “moriango” (morango) e a famosa em todos os idiomas “cueca-cuela”.



Por lidar com os turistas e para evitar aborrecimentos a eles, a supervisora está sempre pesquisando o significado das palavras. Assim tomou conhecimento do transtorno de usar termos como “concha” que no Brasil é um talher e na Argentina é uma forma chula de se referir ao órgão genital feminino. Grace também já riu muito com o espanto de turistas chilenos com a palavra “pajero” “que pra nós é o nome de um carro, mas no Chile é palavrão”. Aprendeu também a não se espantar mais com termos como “buseta”, que quer dizer microônibus.



O empresário Rodrigo Sampaio Andrade, que acaba de voltar da lua-de-mel em Montevidéu, Punta Del Este e Buenos Aires, diz que o idioma nunca foi problema para suas viagens. Sabe inglês, mas muito pouco de espanhol, e se comunica usando as palavras que conhece e ainda recorre à mímica. “Tudo é uma questão de jeito”, afirma, dizendo ainda que vai contornando as dificuldades de comunicação e sempre tem a sorte de encontrar brasileiros trabalhando em restaurantes, hotéis e outros setores do atendimento a turistas nestes países.



Livro ensina como evitar erros



O turista brasileiro que elege os países de língua espanhola como destino acaba de ganhar um guia interessante que o ajudará a fugir de situações constrangedoras. Baseado em experiências vividas por ele e por amigos, o ítalo-argentino Diego Alejandro Fabrizio escreveu o Espanhol sem Gafes – Guia de Turismo Lazer & Negócios”, lançado simultaneamente no Brasil e na Argentina. De forma bem-humorada, Diego relaciona situações corriqueiras que podem acontecer a qualquer viajante a uma série de dicas de como usar palavras em espanhol em viagens de turismo e negócios.



O autor foca o trabalho no humor, relatando gafes que comumente acontecem pelo uso de palavras do tipo “parece mas não é”, os falsos amigos ou falsos cognatos.



O objetivo do guia é evitar que o viajante cometa erros, consiga safar-se dos apuros e aproveite o melhor da viagem, não caindo nas armadilhas do significado diferente de palavras semelhantes. Por exemplo, em espanhol, “mala” é uma pessoa má e não aquele objeto onde se leva as roupas. Para pedir sua mala, o turista deve solicitar a “valija”. Ele já começa o guia com os “toques fonéticos”, relacionando os sons dos fonemas espanhóis com os mesmos em português, entre outras dicas. E, para ilustrar, o autor mandou fazer caricaturas de seus amigos, “os amigos verdadeiros”, nas situações descritas no livro em que aparecem os “falsos amigos”.



Diego Fabrizio é graduado em ciências contábeis com especialização na área societária, já ministrou aulas de espanhol e realizou trabalhos de traduções para empresas e editoras. O autor já começou a coletar material para uma edição do guia voltado para os turistas que falam espanhol e visitam o Brasil. Além das dicas sobre o idioma, ele apresenta também sugestões de passeios a pontos turísticos como Bariloche e Buenos Aires. A versão para turistas estrangeiros terá a indicação de passeios a destinos brasileiros como Salvador e Rio de Janeiro, informa o autor.



GAFES QUE PODEM SER EVITADAS



  • No escritório – Em espanhol ninguém entra no “escritório”, porque a palavra, se traduzida, se refere à mesa de trabalho. Se quiser dizer escritório em espanhol, a palavra é “oficina”. Mas se quiser levar seu carro a uma oficina mecânica para um conserto, use então “taller”.
  • No banco – Quando precisar de um talão de cheques use chequera porque se usar a palavra talón estará se referindo ao seu calcanhar.
  • Fechando um negócio – Muita atenção ao usar a palavra “asignatura”, que em espanhol quer dizer matéria escolar (disciplina). Se precisar da assinatura do cliente utilize a palavra “firma”.
  • Ao pedir um táxi – Se você disser “viaje” estará se referindo a uma corrida (viagem curta de táxi). Não use a palavra “corrida” porque o som do “g” em espanhol é o mesmo do duplo “r” em português e o taxista vai entender como “cogida” ou transa (sexo).
  • No restaurante – Não peça salada ao garçom (ou “mozo” em espanhol) pois ele pode entender que você quer uma comida salgada. Se quer o prato de legumes e verduras peça uma “ensalada”. E ao final do serviço num restaurante não se iniba em oferecer uma propina ao garçom que o atender. “Propina” lá é o mesmo que “gorjeta” no Brasil. COMO VIAJAR Depois de tirar todas as dúvidas sobre o uso correto do espanhol, é hora de arrumar as malas e partir para aquela viagem a um país de língua espanhola para testar os conhecimentos. Veja os pacotes:   
  • Gran Via (tel. 3358-8386) - Oferece pacotes de três noites para Buenos Aires, com hospedagem e aéreo. Preço: a partir de US$ 568. Para Santiago, incluindo visitas a Viña del Mar e Valparaíso, a partir de US$ 798. Para Havana, seis noites com hospedagem e aéreo. Preço: a partir de US$ 1.028.
  • Visão Operadora (tel. 3319-0820) tem pacote de cinco dias para Lima e Cuzco. Tradicional com Machu Picchu. Preços a partir de US$ 557 (casal). Um bom agente de viagens também terá outras sugestões interessantes de passeios.
  • Outras opções – Consultar o agente de viagem de sua preferência em Salvador, ou a Pinheiro Turismo (tel. 3264-9333), Kontik (tel. 3353-4111), Itaparica Turismo (tel. 3205-6666), Salvatur (tel. 3270-5200), Amaralina Turismo (tel. 3267-1099). SERVIÇO
  • Livro – Espanhol sem Gafes – Guia de Turismo Lazer & Negócios
  • Autor – Diego Alejandro Fabrizio
  • Preço – Sugerido em livrarias: R$ 29,90
  • Informações – Para compras: tel. (19) 3236-9300
  • Compartilhe essa notícia com seus amigos

    Compartilhar no Email Compartilhar no X Compartilhar no Facebook Compartilhar no Whatsapp

    Siga nossas redes

    Siga nossas redes

    Publicações Relacionadas

    A tarde play
    Play

    Setor turístico perdeu R$ 673 milhões em receitas, aponta presidente da ABIH

    Play

    Expedição Chile: subida à Cratera Navidad, formada a partir de erupção vulcânica

    Play

    Expedição Chile: paisagens incentivam aventureiros à superação de limites

    Play

    Expedição Chile: Reserva Malalcahuello é destino de aventura para visitantes

    x