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TURISMO

O glamour está de volta ao Copa

JORNAL A TARDE

Por JORNAL A TARDE

09/02/2006 - 0:00 h

História de uma época de ouro faz do Copacabana Palace uma síntese do antigo prestígio internacional do Rio



“Um hotel que inaugurou a praia, e não a praia que descobriu o hotel.” Esta frase traz uma revelação que tem muito a ver com o Rio de Janeiro dos dias de hoje, com sua transformação urbana e social. Dita por Maneco Müller – o famoso Jacinto de Thormes –, no prefácio do livro “Copacabana Palace – Um hotel e sua história”, do jornalista Ricardo Boechat, ela soa, no mínimo, curiosa. Por dizer muito da cidade cosmopolita que influenciou a moda de um 0país inteiro e tem nas suas praias uma das paixões do seu povo, os cariocas.



Pois é. Lá pelos idos de 1922, quando o hotel ainda estava em construção, Copacabana não passava de uma promessa de bairro. Tudo ali era ermo; salvo algumas casas de veraneio, só havia as montanhas e o mar. Assim, o projeto de construir ali um hotel nos moldes dos existentes nas mediterrâneas Nice e Cannes tinha um quê de fantasioso para a época.



Ninguém acreditava que aquilo desse certo. A não ser o seu idealizador, Octávio Guinle, homem de negócios e apaixonado pela hotelaria, que se dispôs a atender a uma sugestão do então presidente Epitácio Pessoa. Desafios à parte, o empreendimento estava fadado a mexer com os costumes provincianos da cidade, sendo oportuno lembrar que a elite carioca à época não cultivava o hábito de tomar banho de mar... uma coisa pouco civilizada.



Na verdade, o Rio vivia longe do mar. A paisagem marinha contava pouco no contexto urbano da então capital do Brasil. No seu livro, Boechat observa que “entre os ricos, banhar-se no mar e esticar-se na areia eram atividades tão incomuns que muitos atribuem a uma estrangeira – Sara Bernhardt – o título de primeira banhista ilustre do Rio de Janeiro”.

  

SACRILÉGIO – De fato, em 1886, em pleno Brasil Império, a artista francesa de renome internacional desembarcou no Rio para apresentar os espetáculos “Froufrou” e “A Dama das Camélias”, no Teatro São Pedro. Por curiosos, os relatos do autor de “Copacabana Palace” merecem constar deste rápido flash-back do Rio antigo: “Dias depois, a atriz chocaria toda a Corte com os trajes de banho que usou na longínqua Praia de Copacabana, onde passou horas sentada na areia, contemplando o horizonte.”



Lembra ainda o autor que Sara Bernhardt “cometeu outro sacrilégio, mergulhando, após as 7 horas da manhã, coisa inaceitável à época”. Quem diria... Tempos em que o sol e o mar não eram coisas da moda. E muito menos os banhos de água salgada, justificáveis apenas se tivessem fins terapêuticos, mesmo assim tinham que ser tomados somente pela manhã cedo. Boechat textualiza assim a sociedade carioca da época: “Bronzear a pele era considerado não só hábito danoso à saúde, mas também forma de adquirir as cores do povo, do qual a elite procurava distinguir-se”.



É com este interessante contraponto aos modismos de hoje que se cultiva a legenda do Copacabana Palace. Ali está, de certa forma, tombada, uma tradição dos cariocas: a paixão pela vida ao ar livre. Os banhos de mar e de sol. O hotel, lá pela metade do século XX, era o referencial do Brasil no exterior, justamente por ter aberto suas portas para os prazeres dos trópicos. Octávio Guinle estava certo com seu pioneirismo.



SAIBA MAIS



  • Requinte – No sexto andar do prédio principal estão sete luxuosas suítes com uma piscina exclusiva e o melhor da tecnologia hoteleira. A vista das varandas já deslumbrou reis, presidentes e personalidades do mundo político e artístico internacional. O decorador francês Gerard Gallet participou da restauração.
  • Musical – Em 1933, o Copa foi utilizado como inspiração para o cenário do filme “Flying down to Rio”, um marco dos musicais de Hollywood no qual pela primeira vez dançaram juntos Fred Astaire e Gingers Rogers.
  • Carmen Miranda – Na sua última vinda ao Brasil, Carmen Miranda ficou hospedada no Copa por quatro meses, para se recuperar de uma depressão braba. Depois retornou aos EUA, onde uma agenda repleta de shows a aguardava.
  • Apogeu – Nos anos 50, era considerado a ante-sala do poder. Durante a Segunda Guerra Mundial, o hotel viveu sua época áurea, quando por lá passaram as figuras mais famosas da época. Dizia-se, então, que o “Rio ficava no Copa”.
  • Governo JK – Surgia a Bossa Nova. O Rio ainda era a capital do País e, numa viela – o Beco das Garrafas – quase nos fundos do Copa, duas casas noturnas (Little Club e Baccarat) recebiam João Gilberto, Tom Jobim, Roberto Menescal e Nara Leão para os primeiros acordes da Bossa Nova. Em 1961, no Golden Room, Silvinha Telles e o Trio Irakitan apresentaram o clássico “Samba de uma Nota Só”.
  • Carnaval – Em 1962, a atriz Rita Hayworth foi a grande estrela da folia no Copa, aos 43 anos, e cerca de 50 filmes.
  • Incidente – Em 1977, o roqueiro inglês Rod Stewart e seus músicos foram expulsos do hotel porque “jogaram” futebol na suíte presidencial.
  • Comemoração – O livro “Copacabana Palace – um hotel e sua história” (Editora DBA), do jornalista Ricardo Boechat, foi lançado para marcar os 70 anos de inauguração. Traz fotos preciosas de Sérgio Pagano e relatos pitorescos da vida carioca fruto de exaustiva pesquisa junto ao acervo da família Guinle. A 3ª edição saiu dez anos depois, comemorativa dos 80 anos. Preço: R$ 120 (site [email protected]).
  • Deusa de Hollywood – Estrela absoluta dos anos 40 e 50, Ava Gardner, numa crise de estrelismo (ou alcoolismo?), teria quebrado móveis e objetos do apartamento e os jogado na piscina.
  • Diva italiana – Convidada por Jorginho Guinle para passar o Carnaval de 1967 no Rio, a atriz italiana Gina Lollobrigida preferiu fugir com amigos para o “Baile dos Enxutos”, no Teatro São José. La Lollo ainda presidiu o júri do concurso de fantasias do Copa daquele ano.
  • Origem – O nome copacabana vem do quíchua copa caguana, antigo idioma ainda hoje falado no Peru, e significa “lugar luminoso”. Os colonizadores espanhóis tinham um santuário consagrado à Virgem Maria que os nativos começaram a adorar. A santa foi então popularizada como Nossa Senhora de Copacabana, cuja imagem surgiu no Rio.
  • Maior baile – A maior festa de Carnaval realizada no Copa foi em 1965, ano do 4º centenário da cidade, e homenageou o Rio antigo. Ponto alto foi o concurso de fantasias presidido pela atriz Romy Schneider.
  • Bons tempos – A partir dos anos 90, o Copa voltou a ser o que sempre foi, o grande hotel do Rio de Janeiro. O ponto de partida foi a Eco-92, quando hospedou 12 chefes de Estado que foram ao Rio participar do evento. Na seqüência, começou a chover gente famosa: Calvin Klein, Brian di Palma, Francis Ford Coppola, Sting, Robert de Niro, Franco Zefirelli e muitos outros.
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