CARNAVAL 2025
Com diária definida, cordeiros agora buscam avanços nas questões sociais
Assindicorda quer, em 2026, que trabalhadores da folia tenham demandas básicas atendidas
Por Priscila Dórea

Buscando garantir melhores condições de trabalho nos circuitos de Carnaval em Salvador, a Associação dos Trabalhadores Cordeiros do Estado da Bahia (Assindicorda) propôs na tarde de ontem, na Câmara dos Vereadores, a criação de um Fundo Social do Carnaval. O objetivo é que cordeiros, vendedores ambulantes, catadores de resíduos sólidos e qualquer outra categoria socialmente vulnerável que trabalha no Carnaval, tenham suas demandas sociais básicas atendidas.
Entre as solicitações dos cordeiros, está a implantação de um sopão ou distribuição de quentinhas - com o provável apoio dos Restaurantes Populares da Prefeitura - para garantir uma alimentação mais nutritiva e saudável para os cordeiros. “Não precisam ser quentinhas enormes, mas é importante garantir que esses trabalhadores tenham uma alimentação nutritiva e reforçada para os dias de folia”, explica o presidente da Assindicorda, Mateus Santos.
Há ainda a proposta de criar uma Central de Cordeiros, um espaço de convivência para que os trabalhadores tenham um lugar confortável para se alimentar, aguardar a chegada dos trios, descansar e trocar o fardamento, por exemplo. “Também colocamos em pauta a implantação de dois pontos de apoio para os blocos, estruturas montadas pela Prefeitura para armazenar água, assim como a criação de um projeto social para os cordeiros com a participação, também, das grandes empresas patrocinadoras do Carnaval”, lista Mateus.
Isso é claro, não é para a edição de 2025 da festa momesca. Para esse Carnaval, a associação conseguiu junto com o Ministério Público do Trabalho (MPT) fixar a diária dos cordeiros em R$100 - um aumento de 25% em relação ao antigo valor, R$80.
Além da diária, os blocos devem pagar o equivalente a duas passagens de ônibus por dia, seguro de vida, seguro de acidente e fornecer equipamentos de proteção individual (luvas de malha, protetor auricular, filtro solar e camisa de algodão), assim como dois pacotes de biscoito, um suco e quatro garrafas de água de 500 ml.
“Estamos pondo na mesa nossas demandas sociais para que sejam amplamente e seriamente discutidas durante o ano de 2025 e em 2026 se tornem realidade. Amanhã iremos realizar uma segunda Audiência Pública para discutir mais sobre essas demandas e convidamos a Prefeitura e suas secretarias para que participem. A presença deles, assim como a dos trabalhadores que fazem nosso Carnaval acontecer, é essencial para que as propostas sejam ouvidas e discutidas”, convida Mateus Santos.
A audiência acontecerá amanhã, no Centro Cultural da Câmara Municipal de Salvador, às 8h.
Termo de referência
“Temos estado à vontade, principalmente nos últimos 15 anos, e colocado em pauta todas as reivindicações dos cordeiros, sempre analisando as condições com os empresários do Carnaval, pois uma coisa é o quero e outra diferente é o que posso fazer, e é preciso ouvir ambos os lados para chegar no melhor acordo e resultado”, explica o presidente do Conselho Municipal do Carnaval (Comcar), Washington Paganelli, que também é presidente do bloco As Muquiranas.
Todas essas condições, negociações e propostas estão sendo acompanhadas de perto pelo MPT, que tem buscado consolidar ano a ano os direitos trabalhistas elementares conquistados pelos cordeiros. Um termo de compromisso firmado em 2019 e que tem prazo de validade indefinido serve como referência tanto para os blocos signatários quanto para as demais entidades carnavalescas do Carnaval de Salvador. Por isso, a preocupação do órgão é a de garantir a fiscalização do cumprimento das regras mínimas e cobrar a responsabilização judicial de quem for flagrado em descumprimento.
"Acompanhamos a negociação direta entre blocos e Assindicorda, e articulamos os órgãos de fiscalização como o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) e Superintendência Regional do Trabalho (SRT-BA) de modo a garantir não só o piso remuneratório de R$100, mas também a oferta e fiscalização do uso de equipamentos de proteção, a contratação formal dos trabalhadores e todos os itens previstos como obrigações dos empregadores de cordeiros no Carnaval de Salvador", afirmou a procuradora Adriana Campelo, que atua no projeto MPT no Carnaval, e reúne todas as frentes de atuação do órgão relativas à festa de Momo em Salvador.
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