ATENÇÃO REDOBRADA
Órgãos alertam para cuidados nas praias de Salvador
Mais de mil pessoas se afogaram na capital baiana este ano, número 2% maior que no ano passado
Por Ian Peterson*

O verão em Salvador e Região Metropolitana atrai turistas e moradores para as praias, mas a diversão pode se transformar em tragédia se não houver conscientização sobre os perigos que cercam o ambiente marítimo. De acordo com dados da Coordenadoria de Salvamento Marítimo (Salvamar), 1.029 pessoas se afogaram na capital baiana este ano, número 2% maior que no ano passado. Os meses de janeiro e fevereiro foram os que mais registraram afogamentos.
As informações são referentes ao trecho entre Jardim de Alah e Ipitanga. O coordenador da Salvamar, Kailani Dantas, conta que diversos fatores merecem atenção, entre eles a corrente de retorno.
“A gente tem vários fatores de risco que determinam ocorrência de afogamento: bebida alcoólica, exposição desnecessária e uma faixa etária os jovens de 14 a 23 anos acabam realmente se expondo mais”. Segundo o levantamento, oito pessoas morreram em decorrência de afogamento.
Mesmo em um dia de pouco movimento na praia de Piatã, não foi difícil encontrar banhistas se colocando em risco, ainda que sem saber. Enquanto a equipe de A TARDE conversava com o coordenador, ele apontou uma criança que estava na água com uma boia que podia gerar uma ocorrência. “Aquelas boias redondas são perigosas porque podem virar com a criança”, explicou.
Vale frisar que as praias próximas aos postos da Salvamar são marcadas com bandeiras coloridas para informar os banhistas sobre os riscos na área. “Elas comunicam ao banhista de forma efetiva. Se é aquela bandeira vermelha, aquela praia tá com alto risco de afogamento. Se é verde, o risco é baixo. E se é amarelo, médio risco”, informa Kailani.
Maysa Caldas aproveitava a praia com a família, atenta aos sinais de risco. “A gente sempre observa se tem posto de salva-vidas por perto, e se água está boa para banho”, relata. Ela revelou também que, por não saber nadar, evita se aventurar no mar com água acima do joelho.
O nível da água, inclusive, é um ponto ressaltado por profissionais da área. Água acima do umbigo é sinal de perigo é uma máxima conhecida.
“As pessoas realmente devem tomar banho de mar com a água abaixo da linha do umbigo, porque você consegue ter um controle maior caso precise sair dali. Quando ultrapassa essa linha você pode entrar numa vala e, para sair, só nadando”, explica o especialista da Salvamar.
Elaine Santos e Ana Paula Santos foram para a praia próxima do Farol de Itapuã acompanhadas de duas crianças. “Segurança total, sempre alguém perto das crianças, principalmente na água”, começa a contar Ana Paula.
A atenção é tanta que durante o planejamento Elaine busca a tábua de marés para entender como estará o mar no momento da visita. “Eu sempre olho”, diz.
Além da vigilância constante com as crianças, elas contaram que evitam ir muito fundo no mar, já que além do risco das pedras, o local tem forte presença de correntes de retorno.
Itapuã e Piatã
A Salvamar, ciente desses riscos, implementou iniciativas educativas para prevenir acidentes nas praias, como o projeto “Peixinho de Itapuã”, que visa treinar crianças em medidas de segurança no mar.
A ação já atendeu mais de 400 crianças na sede da instituição. “Essas crianças se tornarão adolescentes e adultos que já vivenciaram a maneira de se manterem seguros na praia e não se envolverão em afogamento”, afirma o coordenador.
Operação
Em outro trecho da orla da capital, os profissionais do Grupamento Marítimo (GMar), do Corpo do Bombeiros, que toma conta das praias da Barra, Ondina, Paciência, Buracão e Amaralina, já se movimentam desde o início de dezembro com a Operação Verão, junto com as outras forças da segurança pública.
“O serviço tanto de guarda-vidas como de mergulhadores de resgate e de pilotos de embarcação dos tripulantes de embarcação é intensificado no período. Ele é ampliado para 132 militares”, conta o comandante da 1ª Companhia do Gmar, tenente do Corpo de Bombeiros Tarcísio Rizzetto.
O comandante contou que o órgão também tem programas de prevenção. Um deles é o projeto “Anjinhos da Praia”, focado em crianças e desenvolvido para espalhar conhecimento sobre os riscos de afogamento desde a infância.
Através desse programa, as crianças participam de atividades de salvamento aquático e recebem informações cruciais sobre os perigos que podem encontrar no ambiente praiano.
Reforço
A Salvamar reforçou a segurança nas praias da cidade desde a última quinta-feira. Para o Festival Virada Salvador, na Boca do Rio, um efetivo de 19 agentes vai se revezar, em turnos das 8h às 20h e das 20h às 8h, orientando os banhistas sobre os cuidados que devem tomar ao entrar no mar.
A maioria das ocorrências na região são relacionadas ao consumo de álcool. Além do Festival Virada Salvador, os postos de observação das praias de Piatã e Farol de Itapuã foram ativados para a virada do ano. Já na segunda-feira (1º), o reforço será na faixa de atuação da Salvamar, com mais 20 agentes.
Segundo o órgão, são 270 agentes distribuídos em 35 postos ao longo de 28 km de orla, no trecho entre as praias de Jardim de Alah e Ipitanga.
*Sob a supervisão da editora Meire Oliveira
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