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Cidade de Deus hoje no Alexandre Robatto

A Tarde On Line

Por A Tarde On Line

03/09/2006 - 13:47 h

Hoje, no Alexandre Robatto, às 14h e às 20h, será exibido o filme Cidade de Deus, sucesso de público e crítica. O cine fica na rua General Labatut, 27, subsolo, Barris e tem capacidade para 72 pessoas. Cidade de Deus, de Fernado Meirelles, está na lista dos recomendados pela Universidade Federal da Bahia, Ufba.



Há muitos anos um filme nacional não causou tamanha comoção na sociedade quanto "Cidade de Deus". Pauta dos principais jornais do país, gerador de polêmica, louvado pelos críticos e especialistas em cinema, aplaudido de pé no festival de Cannes, promessa de grande campanha comercial, tudo isso foi dito sobre o mais novo filme de Fernando Meirelles, co-dirigido por Kátia Lund. Tamanho burburinho tem uma razão de existir: o longa, além de ser um excelente filme, diz muito sobre o problema da violência na sociedade brasileira.



No caso de "Cidade de Deus", essa missão não poderia encontrar contexto mais apropriado. Com a violência tornando-se pauta principal da imprensa e dos programas políticos de todos os candidatos à presidência, o filme ganha um caráter ainda mais urgente do que pretende.



Não é à toa que muitos críticos estão pregando que assistir à fita é uma espécie de dever cívico para os brasileiros. O terceiro loga-metragem do paulista Fernando Meirelles é um épico sobre a violência e o crescimento do crime organizado nas favelas.



Baseado no livro homônimo de Paulo Lins, o filme narra vinte anos na história do conjunto habitacional carioca Cidade de Deus, criado nos anos 60 e que ao longo dos anos transformou-se numa das favelas mais violentas do país. Para narrar a história do local, o diretor concentrou sua atenção em duas gerações de moradores.



Nos anos 60, os integrantes do Trio Ternura faziam pequenos assaltos pelas ruas da favela. Aos poucos, uma nova geração de garotos passou a dominar a Cidade de Deus, e o crime organizado ganhou uma nova dimensão com a descoberta do tráfico de drogas.



O narrador da história é Buscapé (Alexandre Rodrigues), adolescente que sonha em sair da favela e ganhar a vida como fotojornalista, longe da bandidagem. Seu contraponto é Zé Pequeno (Leandro Firmino da Hora), criminoso que comanda praticamente todo o tráfico na favela. Não se trata, é bom que se diga, de uma dicotomia herói-bandido, já que os personagens mal se conhecem e pouco contracenam.



Eles são apenas dois lados mais destacados de uma realidade que tem ainda muitos personagens. Meirelles faz um trabalho admirável ao conduzir com destreza dezenas de personagens que entram e saem da narrativa a todo o tempo, sem precisar recorrer a um protagonista fixo como acontece normalmente.



É por meio das histórias desses jovens e crianças que se retratam as mudanças (físicas e sociais) no local, que é o verdadeiro protagonista do filme. O diretor optou por compor o elenco com meninos e meninas da própria comunidade - uma atitude arriscada, já que nem sempre a aparência "naturalista" dos não-atores rende um bom resultado.



Neste caso, o resultado é impressionante. Das crianças aos adultos, todos os atores estão irretocáveis, num misto de interpretação com sentimentos, trejeitos e comportamentos reais. Destaque para Leandro Firmino da Hora, que rouba a cena como o perigoso bandido Zé Pequeno.



Como define o próprio diretor, "Cidade de Deus" é um filme que tem uma missão social, mas não um ponto de vista. De fato, um dos grandes méritos da produção é que ela não oferece uma visão didática ou panfletária da realidade que pretende retratar. Isso acontece devido à profunda cumplicidade com que Meirelles trata todos os seus personagens.



Tipos que poderiam ser vistos como estreótipos de ladrões ou assassinos aparecem no filme com uma complexidade pouco vista no cinema brasileiro. As diferenças de personalidade entre os integrantes da gangue de Zé Pequeno dão uma boa idéia de como isso funciona.



Meirelles aposta também em recursos cômicos para aliviar a dureza de seu filme. Dessa forma, pode-se dizer que a vida na favela carioca é retratada em mais de uma dimensão - há, inclusive, um esforço visível de tentar mostrar a diversão através das festas e da própria índole dos moradores do morro.



Em contrapartida, o diretor não poupa o espectador de cenas bastante fortes. Sem apelar para a violência explícita, as cenas que mostram a verdadeira guerra travada entre traficantes não deixam de ser chocantes. A sequência em que Zé Pequeno pune cruelmente um menino de no máximo seis anos é um exemplo disso.



Outro mérito do filme está na narrativa. Contada através de um flash-back, a história de Buscapé e Zé Pequeno segue um ritmo não-linear que contribui para o clima vertiginoso e épico pretendido pelo diretor. A repetição de temas e acontecimentos em diferentes épocas, a evolução de personagens ao longo das gerações e, é claro, as mudanças no espaço físico da favela revelam o minucioso trabalho de edição.



Nenhum objeto é mostrado sem que tenha alguma importante função narrativa, bem como nenhuma palavra é dita de forma gratuita. O trabalho de movimentação da câmera, a fotografia e a trilha sonora seguem a mesma idéia, acrescentando tendências pop que marcam o cinema contemporâneo.



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