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Exposição "Arte do Golfo do Benin" revela raízes históricas do povo nagô

Por Tatiane Freitas

04/12/2007 - 8:53 h

O período histórico nomeado Ciclo da Bahia do Benin, compreendido entre os séculos XVIII e XIX, e assim batizado por ter sido marcado pela vinda de muitos negros do Golfo do Benin para a então Bahia escravocrata, poderá ser revivido, por meio da arte, na mostra Arte do Golfo do Benin. A exposição tem abertura amanhã, às 18 horas, na Casa do Benin, no Pelourinho.

São 60 peças africanas, parte delas coletadas pelo fotógrafo Pierre Verger e pela artista plástica Lina Bombardi na década de 80. O restante das obras é oriundo da coleção do italiano Claudio Marsella, falecido em fevereiro deste ano, que destinou, em 2004, uma coleção de 1200 peças africanas ao Governo do Estado da Bahia.

“A exposição é uma forma de resgatar raízes históricas por meio de uma arte contemporânea, produzida no século XX, mas que reflete a continuidade de um estilo milenar“, diz o historiador e curador da exposição, Ademir Ribeiro Junior.

Ele explica que, no período compreendido entre os séculos XVIII e XIX, a maioria dos escravos vindos para o Brasil era oriunda do Golfo do Benin, das etnias fon e iorubá. “Essas populações aqui criaram o candomblé da nação jeji-nagô e, apesar de grande parte do povo africano da Bahia ser descendente dos que vieram do Golfo do Benin, a arte de lá é desconhecida de nossa gente“, comenta ele.

MÁSCARAS – Entre as peças presentes na exposição, são destaques as máscaras guedelês, utilizadas pelos iorubás da Nigéria para fazer reverência às mães ancestrais. “Existem registros de que, aqui em Salvador, até 1941, essas máscaras também eram utilizadas em rituais religiosos, na Ribeira, conduzidos pela mãe-de-santo Mãe Marci, do terreiro Casa Branca“, comenta Antônio Luiz Figueiredo, coordenador da mostra.

Para ele, as máscaras são destaque por contar uma história recente do povo nagô da Bahia. “Tem tudo a ver com as raízes dos afro-brasileiros daqui“, diz ele.

O acervo da exposição Arte do Golfo do Benin ainda traz peças do povo de etnia fon, que estabeleu os reino de Daomé, peças dos Binis, que formaram o reino do Benin, e dos iorubás.

Exus e ibejis – “São, na maioria, esculturas e máscaras em madeira. Esculturas em bronze, representando reis e rainhas do reino do Benin, e peças em bronze, que são as insígnias do reino Daomé“, informa Ademir.

Também fazem parte da mostra figurações, em barro e bronze, de exus e ibejis que, no sincretismo religioso, representam Cosme e Damião, e peças em cerâmica, como potes e recipientes utilizados nos cultos religiosos dos fons. Segundo o curador, as peças são contemporâneas, do século XX, mas refletem a continuidade de um estilo artístico praticado há milênios.

A professora de história africana, Iray Galrão, que assina a curadoria da mostra junto com Ademir, comenta que “por meio de peças dos fons e iorubás, a exposição revela uma arte africana belíssima, com elementos que, evidentemente, foram herdados por nós“.

Segundo ela, a mostra também serve para destituir a idéia de que a arte dos africanos pode ser considerada artesanato. “As obras mostram qualidade técnica e beleza inquestionáveis“, diz Iray.

Documentação – As demais peças doadas ao Governo do Estado pelo colecionador italiano de arte africana Claudio Marsella estão sob responsabilidade do Ipac (Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural), no acervo da Galeria Solar do Ferrão, em processo de limpeza, restauração, estudo e documentação.

As mais de mil peças da coleção Claudio Marsella, que viveu 35 anos na Nigéria e no Senegal, estarão disponíveis para visitação pública assim que o trabalho de identificação for concluído.

Arte do Golfo do Benin | Seg a sex, das 12h às 18h. Até 11 de fevereiro. Abre amanhã, 18h30 | Casa do Benin (3241-5679) | R. Padre Agostinho Gomes, 17, Pelourinho

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