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Economia tende a ganhar força no fim do ano

Mas porque prever que a economia vai ganhar força? Por três razões

Publicado quinta-feira, 16 de novembro de 2023 às 07:30 h | Autor: Armando Avena
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Economista é um ser que adora notícias ruins. Esta semana, por exemplo, o que mais se viu na imprensa foram textos com previsões ruins e afirmações do tipo: “A economia tende a perder força no fim do ano”. Este economista, que muitas vezes exercitou esse pessimismo, acha que neste momento se passa exatamente o contrário: “A economia tende ganhar força no fim do ano”.

O jornal Valor Econômico, por exemplo, explica seu pessimismo com a arrecadação federal de impostos, que teve queda real de 0,34% em setembro comparado com o ano anterior, e com o fato de a indústria não estar crescendo, embora também não esteja caindo.

É muito pouco para justificar o pessimismo, afinal a arrecadação está caindo quando comparada com o ano anterior, quando a inflação inflava as receitas, e quanto à indústria, ela representa pouco mais de 20% do PIB e não tem força para sozinha fazê-lo cair. Além disso, a “estagnação” ou o crescimento zero pode ser um bom sinal, dado as dificuldades estruturais do setor.

Mas porque prever que a economia vai ganhar força? Por três razões. Em primeiro lugar, porque o setor de serviços, que representa 70% do PIB, mantém um crescimento sustentável no ano e o subsetor de varejo está bombando. Isso mesmo, as vendas no varejo aumentaram 0,6% em setembro, em comparação com agosto, e cresceram 3,3% em relação ao mesmo mês de 2022.

No acumulado do ano, já cresceram quase 2%. E o varejo ampliado, que inclui veículos e motos, material de construção e atacarejo, cresceu quase 3% em setembro comparado com setembro de 2022. Ora, como ser pessimista com números com esses. Pelo contrário, é hora de otimismo, mesmo porque os números mostram a queda no desemprego e o aumento da renda, o segundo motivo para se ter algum otimismo.

A taxa de desemprego caiu para 7,7% no terceiro trimestre, ante 8% no segundo trimestre, o nível mais baixo desde 2014, e o número de trabalhadores ocupados atingiu 100 milhões, recorde para toda a série histórica iniciada em 2012. E a massa de rendimentos real cresceu e atingiu R$ 300 bilhões.

Isso, aliado à queda da inflação e da taxa de juros, está fazendo o consumo das famílias aumentar e se constituiu a 3ª razão que justifica o otimismo. A inflação em outubro foi de em 0,24%, acumulando 4,82% no ano, perto do teto da meta de inflação e a taxa de juros, embora alta, traz de volta o crédito, ainda que lentamente.

Os números são do IBGE. Para completar, este mês haverá a injeção de recursos do 13º salário, estimada em R$ 290 bilhões pelo Dieese, o que significa consumo na veia da população. Ora, com o Natal chegando, o desemprego caindo, a renda crescendo e o consumo em alta, o que vem por aí é incremento do PIB. É verdade que a indústria deve continuar patinando, mas o agronegócio, embora perdendo a força por conta de fatores sazonais, vai continuar crescendo.

Por tudo isso, não dá para olhar o mar e só pensar em enjoo, afinal, quando se olha para os indicadores, o que se conclui é que a economia tende ganhar força no fim do ano.

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