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Baianos celebram a cultura do vinho no seu inverno tropical

A bebida especial é acompanhada pela harmonização, essencial para garantir uma experiência sensorial prazerosa

Publicado sábado, 27 de abril de 2024 às 06:15 h | Atualizado em 27/04/2024, 13:39 | Autor: Isabel Oliveira
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Há bem pouco tempo, uma saborosa piada tomou conta das redes sociais que retrataram uma Salvador debaixo da neve com um ‘frio inacreditável’ para um baiano,  tendo como cenário os pontos turísticos de Salvador. A brincadeira viralizou ao retratar muito bem a relação dos baianos com o inverno: Basta cair um pé d’água mais ‘encorpado’ que o soteropolitano se treme todo!  

Sem aguentar as baixas temperaturas - baixas na medida que nos cabe - logo tratamos de nos enfiar debaixo de grossos cobertores e casacos, desejando comidinhas fumegantes, cafezinho, um espetacular petisco e um bom vinho, que começa, cada vez mais, a fazer parte da nossa cultura. E, acredite: há uma maior procura por essa clássica bebida neste período, ainda que o povo baiano experimente um suave outono-inverno.

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Embora ache o clima da cidade 'complexo' porque ora chove, ora faz um sol tremendo, a sommelier Carol Souza, proprietária do Terroir Bar de Vinho (@terroirbardevinhos), no Rio Vermelho, confirma essa tendência de uma maior busca pela bebida mais charmosa do universo neste período do ano, embora lembre que “inverno mesmo a gente não tem”.

"Realmente, existe uma maior procura, principalmente de vinhos tintos. O clima mais frio, mais ameno, é propício para um vinho tinto; no verão, vendemos mais vinho branco, mais espumante", afirma Carol.

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De fato, mesmo com temperaturas mais moderada, muitas pessoas ainda apreciam o vinho durante o inverno em Salvador. Os vinhos tintos, especialmente os mais encorpados e aromáticos, podem ser uma escolha popular para acompanhar refeições mais substanciais.

O sommelier Jaime d’Oliveira (@jaime_doliveira) enfatiza  sobre a nossa cultura do vinho e chama atenção para o fato de estarmos consumindo cada vez mais a bebida.


“O Brasil é um país de dimensões continentais, então, há regiões totalmente distintas uma da outra. Nós não temos um inverno definido na região Nordeste. No Nordeste, consome-se muito vinho branco, gelado, o ano todo, porque nós temos calor. No sul do país, no sudeste, consome-se mais vinhos, principalmente tintos. A tendência é comprar mais vinho no inverno? É, pode ser. Mas aqui na Bahia nós bebemos vinho o ano todo”, afirma.

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Como não poderiam deixar de ser, os petiscos são um ótimo acompanhamento para os vinhos - além de uma boa conversa ao pé do ouvido - desde que estejam completamente harmonizados, fator preponderante para uma noite cheia de sabor, como gostam os amantes da boa gastronomia. A profissional chama atenção para a importância de saber harmonizar a bebida com a refeição, para uma experiência sensorial prazerosa.

“A harmonização existe de duas formas: por semelhança ou por contraste. Na harmonização por semelhança, a gente encontra muitos componentes compartilhados que combinam entre si e se intensificam quando você está comendo e ingere a bebida. A harmonização por contraste utiliza componentes que se opõem para criar um equilíbrio”, revela.

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Uma das combinações deliciosas e curiosas é a do chocolate com vinho, embora quase sempre as pessoas sejam levadas ao erro no processo de harmonização. Atente para a dica da sommelier.

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“A gente acha que o chocolate harmoniza com vinho tinto em geral. Escolhemos um vinho, compramos o chocolate e damos de presente. Na verdade, essa harmonização pode trazer um gosto amargo. Para uma harmonização perfeita, a gente indica um vinho tinto doce, que pode ser um Porto, um vinho licoroso, ou um Jerez Oloroso”, orienta.

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E para quem acredita que já experimentou todos os tipos de vinho, pode ter uma grande surpresa com o vinho laranja, uma atração à parte no mundo desta bebida especial.

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“O vinho laranja não é preparado com a laranja, mas de uva branca. E o que é um vinho laranja? Ele é feito por um método de vinificação ancestral, é um vinho branco vinificado como tinto. A uva é prensada e a casca deixada em contato com o suco da fruta. Isso permite que os  pigmentos e taninos, presentes na casca, sejam transferidos para o suco, resultando em um vinho com cor. Assim, o vinho laranja passa mais tempo em contato com as cascas  e ganha um tom dourado, um tom alaranjado ou âmbar. No caso dos vinhos brancos, após a prensagem das uvas, o suco  é separado das cascas”, explica.

O que consumir com este vinho tão especial? Para matar nossa curiosidade, ela conta que fez muito sucesso como sommelier na festa de despedida da imperatriz de Gana, durante o carnaval baiano.

“Foi um almoço de despedida para a imperatriz e a comida era regional. Na hora do prato de dendê, eu trouxe o vinho laranja da Uva Glera, que fez o maior sucesso na harmonização. Geralmente as pessoas ficam muito encantadas, surpresas com essa harmonização”, conta, orgulhosa.

“Durante o jantar, as entradinhas foram vinagrete de polvo e arroz caldoso de frutos do mar, harmonizados com um vinho esloveno da uva Furmint. O prato principal foi moqueca de camarão e peixe, servido com o vinho laranja brasileiro da uva Glera. Encerrei com um manjar de coco harmonizado com um vinho de sobremesa Jerez Oloroso Sherry”, contou. Agora, pense na riqueza!

 

  

Para celebrar nosso inverno baiano, Carol indica como prato um ragu de carne, uma iguaria italiana em que a carne é cozida lentamente com vinho, tomates, cebola e uma variedade de especiarias.

 

  

“Ele é servido assim, com a carne desfiada no molho, que é super potente, cheio de aromas e textura”, revela e indica o vinho.

 

 

“O ragu pede um vinho de médio corpo. Aqui eu indicaria um Chianti, que é um vinho italiano da região da Toscana, mais leve. Também indico um vinho mais fácil de encontrar aqui em Salvador, o Merlot, que harmoniza muito bem com esse prato, assim como o Syrah, devido à sua acidez. Pode ser um Syrah australiano, ou até mesmo um Syrah brasileiro, que vai harmonizar muito bem e realçar bastante esse prato, tão emblemático”, afirma.

Carol finaliza com uma grande dica: “O vinho é o inusitado, está sempre em mutação. Precisamos abrir a mente, não beber apenas aquilo que conhecemos. O vinho é um mundo a ser experimentado”, arremata.  

  

Ragu de Carne

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Ingredientes

* 1kg de peito bovino em peça (sem osso)

* 1 cebola

* 1 cenoura

* 2 talos de salsão

* 3 dentes de alho

* 50g de bacon em cubos

* 1 lata de tomate pelado em pedaços (com o líquido)

* 1 colher (sopa) de extrato de tomate

* ⅓ de xícara (chá) de azeitona preta sem caroço

* 2 xícara (chá) de vinho tinto

* 1 litro de água

* 1 folha de louro

* 1 colher (chá) de orégano seco

* 1colher de chá de semente de coentro

* 1 colher de cravo em pó

* 2 colheres (sopa) de azeite

* sal e pimenta-do-reino moída na hora a gosto

* 1 pão tipo italiano 

Modo de preparo 

Com uma faca, corte e descarte o excesso de gordura da peça de carne. Em seguida, corte a carne em cubos médios e reserve, mantendo em temperatura ambiente.

Descasque e pique a cebola e os dentes de alho. Lave, descasque e corte a cenoura em cubinhos. Corte os talos de salsão em cubinhos e as azeitonas em quatro partes, reservando-as.

Aqueça uma panela de pressão em fogo médio, sem a tampa. Regue com ½ colher (sopa) de azeite e doure os cubos de carne aos poucos. Tempere com sal e pimenta-do-reino a gosto, virando para dourar por igual.

Depois de dourar toda a carne, adicione o bacon e mexa por cerca de 1 minuto, até começar a dourar. Em seguida, adicione a cebola e refogue.

Acrescente a cenoura, o salsão e as folhas de louro, refogando por cerca de 5 minutos, mexendo até os legumes ficarem macios. Tempere com sal e pimenta-do-reino a gosto.

Adicione o extrato de tomate, o alho e o orégano, seguido pelo tomate pelado com o líquido. Misture bem e regue com a água e o vinho.

Assim que ferver, retorne os cubos de carne dourados para a panela, tampe e deixe cozinhar em fogo médio. Quando começar a apitar, diminua o fogo e deixe cozinhar por mais 50 minutos.

Desligue o fogo e aguarde toda a pressão sair antes de abrir a panela. Transfira a carne para uma travessa e desfie. Em seguida, volte a carne desfiada para a panela, misture as azeitonas, ajuste o sal e a pimenta-do-reino. Sirva a seguir.

Sirva a carne em porções individuais em pães italianos e acompanhe com o melhor vinho.

NOTA COM HISTÓRIAS & SABORES

Queijos do Extremo Sul da Bahia são premiados no 3º Mundial do Queijo do Brasil

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Sabor, aroma, textura e aparência exterior e interior. Esses foram alguns dos critérios avaliados por jurados brasileiros e estrangeiros, reconhecidos mundialmente, que avaliaram e premiaram com medalha de bronze três queijos de agricultores familiares do Extremo Sul da Bahia: o queijo Bahia Maturado do Recanto do Queijo, de Vereda, o Doce de Leite da Fazenda Matriarca, de Caravelas, e o Queijo Trançado Tradicional do Queijo Flórida, de Lajedão. Em uma disputa com 2.000 queijos, doces de leite e coalhadas, os queijos premiados no Concurso de Queijos e Produtos Lácteos, no 3º Mundial do Queijo, realizado em São Paulo, têm o apoio do Governo do Estado. A implantação do SIM nestes locais melhorou os processos e a qualidade dos queijos medalhistas.

Mulheres chefiam mais de 45% dos butecos participantes no concurso Comida di Buteco 2024, em Salvador

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A 16ª edição do Comida di Buteco está agitando Salvador e trazendo à tona um dado significativo: mais de 45% dos participantes são mulheres proprietárias de bares. Este marco não apenas reflete a crescente presença feminina no setor gastronômico, mas também destaca a importância dessas empreendedoras na valorização e desenvolvimento da cultura culinária local.

Em um contexto onde tradicionalmente os negócios de gastronomia e bares são liderados por homens, a presença e participação ativa das mulheres no Comida di Buteco é um testemunho sobre a quebra de barreiras e a busca por uma representatividade equilibrada.

Atarah Rooftop, bar e restaurante na Rua Chile, celebra passado e futuro de Salvador

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Simbolizando uma ponte entre o passado glorioso de Salvador e seu futuro promissor, em um momento no qual a cidade se destaca nacional e internacionalmente, o Atarah Rooftop nasce de um retrofit meticuloso, em meio ao cenário de revitalização do Centro Histórico da capital baiana. Servindo gastronomia e mixologia de qualidade, focado no encontro entre a cozinha mediterrânea e sabores do Brasil, o menu assinado pela chef Hosana Menezes valoriza ingredientes frescos e locais, promovendo uma viagem sensorial que harmoniza com uma seleção exclusiva de vinhos e drinks de alta qualidade, assinados pelo mixologista Lucas Barbosa. O Atarah fica na Rua Chile.

Centro de Convenções Salvador e chef Tereza Paim inauguram loja colaborativa

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A nova loja colaborativa do Centro de Convenções Salvador (CCS), projeto pioneiro da multinacional francesa GL events, nasce com o objetivo de trazer novas experiências aos clientes do CCS. A unidade, que opera dentro do CCS, tem curadoria da conceituada chef Tereza Paim, que vem divulgado a culinária baiana e nordestina para o mundo, valorizando os insumos regionais, fortalecendo com isso a economia local dos pequenos produtores.  A operação traz ainda o apelo ESG - Environmental, Social and Governance, na linha de responsabilidade social. Inicialmente, o conceito apresenta 18 parceiros, com produtos que vão de comestíveis, incluindo toda a linha de produtos da fábrica Tabuleiro da Chef,  passando por artesanatos de Maragogipinho e até quadros e fotos da Bahia, com autoria de diversos artistas e fotógrafos baianos.

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