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PANORAMA

Alunos refletem sobre cotas raciais em filme no cinema: 'me despertou'

Estudantes da rede estadual assistiram ao filme "Rumo", que trata de racismo e sistema de cotas

Por Franciano Gomes

18/03/2024 - 19:30 h | Atualizada em 18/03/2024 - 19:59
Laiane Miranda contou o que aprendeu do filme
Laiane Miranda contou o que aprendeu do filme -

Embora seja vista por muitos como o dia mais chato da semana, a segunda-feira, 18, começou animada para os estudantes do Colégio Estadual Manoel Novaes. O grupo, junto com os integrantes do Grupo de Mulheres do Alto das Pombas, participaram de uma sessão de cinema gratuita do filme "Rumo", com direito a pipoca e refrigerante, no Cine Glauber Rocha.

A programação integra o projeto "A escola vai ao cinema" da XIXª edição do Festival Panorama Internacional Coisa de Cinema. Dirigido por Bruno Victor e Marcus Azevedo, "Rumo" reúne três linhas narrativas para contar a historicidade da implementação das cotas raciais na Universidade de Brasília (UnB) e seus desdobramentos. Vinte anos após as cotas raciais, o longa usa a linha temporal imagética para refletir a importância do acesso de negros e negras à universidade.

A ação de levar a comunidade estudantil para as telonas nasceu em 2015, começando com as escolas e depois, ampliando para outras entidades, como o Projeto Axé. Ao todo, cerca de 2.500 pessoas, estudantes no geral, já participaram.

Ao Portal A TARDE, a estudante do segundo ano do ensino médio, Laiane Miranda da Silva, agradeceu pela oportunidade de estar no cinema e contou o que aprendeu do filme. “Em forma de arte, a gente pôde adquirir conhecimento e poder aprender mais sobre a realidade do racismo no nosso país. O filme trouxe muitas observações que acontecem no nosso dia a dia, que a gente muitas vezes não percebe, já que o racismo está enraizado, e esse filme nos despertou um olhar mais avaliativo”, avalia.

Já Ana Carolina, que estuda música na mesma escola, disse que se identificou com diversos elementos.

"E eu me identifiquei muito em cada parte que aquela mãe estava falando, que o filho estava falando, porque esse mundo está muito difícil pra estudar. É tanto racismo, e estar no terceiro ano do ensino médio é meio que uma pressão para você não conseguir, talvez você não consiga entrar na faculdade, mesmo tendo cota para negros”, lamenta.

Ana Carolina disse que se identificou com diversos elementos do filme
Ana Carolina disse que se identificou com diversos elementos do filme | Foto: Franciano Gomes | Ag. A TARDE

Thalita Graça, estudante do ensino médio do curso técnico de música, ressaltou a importância de o longa abordar as cotas.

"Como eu sou jovem, eu não sabia como era antes da cota. Eu não sabia que tinha essa dificuldade toda, então, foi muito importante que eu conseguia entender toda a luta dos negros para conseguir estudar, para poder conseguir ter umas condições melhores de vida".

Já Ailton, de 15 anos, definiu como "incrível" a experiência de estar no cinema. Para ele, poder ver um filme que fale sobre a luta negra, o faz refletir sobre a coletividade.

“Independente de onde você seja, da sua raça, qualquer nacionalidade que você se identifique, você sente uma comoção e uma força muito grande de uma das pessoas que participaram, desde o filme ou desde a história que se passou, porque mostra que independente de onde você seja, de onde você vem, da sua condição financeira, mostra que quando você está em coletivo, você consegue muito mais além do que você pensa, do que você pode chegar”, concluiu.

A estudante Thalita Graça
A estudante Thalita Graça | Foto: Franciano Gomes | Ag. A TARDE

Novos rumos

Neste ano, uma novidade vai inovar o projeto. Pela primeira vez, a população em situação de rua será contemplada. Cerca de 80 assistidos do Corra pro Abraço e do Consultório da Rua serão recebidos no cinema nesta terça-feira, 19, às 15h10, para a exibição de “Café, Pépi e Limão”, de Adler Kibe Paz e Pedro Léo, que aborda a população em vulnerabilidade.

Além da experiência de ir ao cinema, inédita para vários assistidos dos programas, os convidados poderão ver sua própria realidade na tela. “Café, Pépi e Limão” conta a história de três jovens em situação de rua. Café foge de uma vingança de família que o persegue, Pépi foi violentada por seu padrasto e expulsa de casa pela mãe, e Limão mora sob um viaduto com Marta, que está muito debilitada devido à dependência de drogas. Eles se juntam para sobreviver, enquanto a amizade cresce.

“Convidei muitos públicos de áreas diferentes, de setores diferentes, em condições humanas específicas diferentes, e o Panorama demonstrou que isso é possível, de forma acolhedora, de forma responsável, inclusive se tornando uma referência para outros festivais”, declara o produtor de mobilização social, Tiago Zanette.

Além dos assistidos pelo Corra e o Consultório, a ação também irá receber estudantes das redes municipal e estadual de ensino, o Grupo de Mulheres do Alto das Pombas e o Projeto Axé.

Ailton, de 15 anos, definiu como "incrível" a experiência de estar no cinema
Ailton, de 15 anos, definiu como "incrível" a experiência de estar no cinema | Foto: Franciano Gomes | Ag. A TARDE

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Tags:

cinema Desigualdade Racial Educação estudantes Festival Panorama Inclusão sessões gratuitas

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