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"As Tartarugas Ninja: Caos Mutante" é para rir e aquecer o coração
Nova animação dos irmãos Raphael, Leonardo, Michelangelo e Donatello estreia na próxima quinta
Por Edvaldo Sales*
Uma das coisas mais legais sobre as Tartarugas Ninja, grupo de heróis criado por Kevin Eastman e Peter Laird, em 1984, e composto pelos irmãos Raphael, Leonardo, Michelangelo e Donatello, é que ao longo das décadas o quarteto ganhou diversas versões - em séries de TV, longas-metragens e games, tanto em animação, quanto em live-action - e cada uma delas marcou uma geração. Com "As Tartarugas Ninja: Caos Mutante" não é diferente, pois o filme dirigido por Jeff Rowe, da elogiada série animada "Gravity Falls", e Kyler Spears tem um objetivo claro: dialogar com os adolescentes, seus anseios, medos e frustrações -, mas de maneira divertida e colorida.
Distribuído pela Paramount Pictures e a Nickelodeon Movies, o longa estreia oficialmente nesta quinta-feira, 31, nos cinemas brasileiros, mas já conta com sessões de pré-estreia no sábado e domingo, 26 e 27, em Salvador.
Controverso, o último filme dos personagens foi lançado em 2016, com o título "As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras" e produzido por Michael Bay. Diante disso, Rowe e Spears tinham uma missão e tanto nas mãos. Mexer com personagens tão queridos depois de uma abordagem que dividiu opiniões exigiu bastante comprometimento e criatividade dos diretores para apresentar algo que fizesse jus ao legado de um das maiores marcas da cultura pop. E eles conseguiram. É perceptível em cada frame o carinho e o respeito da dupla para com o quarteto e a sua história no longa, que já é um dos reboots mais interessantes da equipe até agora.
Em As Tartarugas Ninja: Caos Mutante, os irmãos decidem se arriscar em atos heroicos em Nova York, após anos se escondendo, para tentar conquistar os corações dos humanos e serem aceitos como adolescentes normais. Com a ajuda de April O'Neil, eles enfrentarão um exército de mutantes liderado pelo Super Mosca - que tem como aliado o Genghis Rã, que no Brasil é a voz do cantor Leo Santana. Essa, porém, não é a única ameaça com a qual eles terão que lidar, pois também há um misterioso sindicato do crime querendo capturá-los.
Escrito a seis mãos - Jeff Rowe, Seth Rogen, Evan Goldberg, Brendan O'Brien, Dan Hernande e Benji Samit -, o roteiro aposta bastante no humor e na relação dos irmãos mutantes entre eles, e também com o pai, o mestre Splinter. Com muitas piadas e referências à cultura pop - que vão desde “Vingadores”, a “Akira”, “Curtindo a Vida Adoidado” e até Beyoncé -, a animação é engraçada na medida certa, apesar de uma piada ou outra ser repetida mais vezes do que precisava. Além disso, o texto não se furta de criar uma comunicação direta com os adolescentes ao abordar coisas como primeiro amor, desejo de desbravar o mundo, relação entre pais e filhos, bullying, entre outros.
Outro acerto dos roteiristas foi focar tempo suficiente nas características de cada um das tartarugas e tornar a comédia ainda mais interessante a partir da interação entre eles ou com outros personagens. As piadas podem parecer bobas em alguns momentos, mas se encaixam na proposta do filme, já que se trata de um grupo de adolescentes se aventurando pelo mundo dos humanos e lidando com suas questões pessoais à sua própria maneira (que pode ser fazendo piada sobre ordenha). Uma das poucas falhas do roteiro é investir em algo que "X-Men" já faz desde a sua criação, em 1963: colocar mutantes como excluídos da sociedade para falar de temas essencialmente humanos. Apesar de ser um clichê bem usado e fazer sentido, a fórmula já está um pouco batida.
Além de todos os pontos positivos supracitados, é necessário destacar também o estilo da animação de As Tartarugas Ninja: Caos Mutante. Depois do revolucionário "Homem-Aranha no Aranhaverso", de 2018, outros longas animados lançados depois foram influenciados pela escolha estética, entre eles, "A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas" e, é claro, o mais novo Tartarugas Ninja, que tem um visual deslumbrante e um traço único que casa perfeitamente com a história. Cada frame é um deleite aos olhos daqueles que amam as diversas possibilidades que a animação pode oferecer. É um verdadeiro show de cores e estilo, que fica ainda mais impressionante com a cinematografia do Kent Seki nas cenas em que os heróis estão pulando sobre os prédios de Nova York com a lua ao fundo, por exemplo.
O traço da animação fica ainda mais interessante nas cenas de ação, que além de empolgantes são divertidas e fluídas. É realmente impressionante como as lutas foram construídas em diferentes escalas, com diversos elementos e personagens, sem se tornarem repetitivas ou confusas. Tudo isso é embalado por uma trilha sonora impecável dos compositores Trent Reznor e Atticus Ross. Outras músicas já conhecidas do público também elevam algumas cenas do filme a outro nível.
As Tartarugas Ninja: Caos Mutante, que já tem sequência e também uma série animada no mesmo universo chamada de "Tales of the Teenage Mutant Ninja Turtles" confirmadas, possui os elementos necessários para marcar toda uma geração de jovens que querem se sentir aceitos ao mesmo tempo em que tentam entender qual o seu lugar no mundo. É uma aventura divertida, leve, com ação e aventura para a família toda e que tem potencial de agradar tanto os fãs mais antigos, como os recém-chegados.
Confira os horários das sessões de As Tartarugas Ninja: Caos Mutante no Cineinsite A TARDE.
Assista ao trailer:
*Sob supervisão de Bianca Carneiro
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