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CONFIRA ANÁLISE

Com ideias interessantes, Agente Stone não consegue fugir dos clichês

Nova aposta da Netflix tem Gal Gadot como a agente Rachel Stone

Por Edvaldo Sales*

14/08/2023 - 10:43 h
Gal Gadot dá vida à agente Rachel Stone
Gal Gadot dá vida à agente Rachel Stone -

Histórias de espionagem já renderam excelentes franquias ao longo da história do cinema: 007, Missão: Impossível e Jason Bourne são ótimos exemplos. Essa variedade é excelente, pois mostra que o gênero tem muito a oferecer. Por outro lado, é necessário que as novas produções que se aventuram por essas águas tenham algo a acrescentar para não caírem na mesmice, assim como ‘Agente Stone’, que, apesar de ter ideias interessantes no roteiro, não consegue fugir dos clichês.

Com direção de Tom Harper, a nova aposta da Netflix traz Gal Gadot como Rachel Stone, uma espiã da Carta - organização secreta de espionagem composta por ex-agentes -, infiltrada no MI6, braço importante do Serviço Secreto Britânico. Stone precisará impedir que uma poderosa e altamente tecnológica arma, conhecida como Coração, caia em mãos erradas.

Assinado por Greg Rucka e Allison Schroeder, o roteiro tem bons acertos. Um deles é a aposta, pelo menos no começo, na relação da protagonista com a sua equipe. A dinâmica do time contribui para que o primeiro ato do filme funcione bem. Isso, porém, é deixado de lado para dar lugar a uma sequência de clichês que se estende até o momento em que os créditos sobem na tela.

Vamos à lista: o membro da equipe que se revela um traidor? Está lá. O personagem traído pela sua própria nação e se torna um vilão impiedoso? Claro que não poderia faltar. Uma arma que dá ao seu portador o poder de destruir o mundo? Com toda certeza. Esses são elementos do gênero que já estão batidos. Como se não bastasse, o longa cai em um espiral de previsibilidade.

Apesar dos deslizes, o texto tem algumas ideias e conceitos interessantes. No filme, a Carta é uma organização de espionagem que opera fora de qualquer governo ou estrutura burocrática. Os agentes (os quais recebem codinomes que fazem referência às cartas de um baralho, como Nove de Copas, por exemplo) que fazem parte dela contam com o Coração para guiá-los - literalmente em alguns momentos - na tomada de decisões. A máquina consegue até "prever" o futuro.

Tudo isso, porém, faz com que a organização se torne excessivamente dependente da ferramenta de inteligência artificial (IA) que não leva em conta o valor das emoções humanas em seus cálculos. São sacadas bem pensadas, mas que o filme desenvolve pouco e fica apenas no superficial.

Tom Harper consegue criar sequências e enquadramentos interessantes, mas a falta de experiência do diretor em dirigir ação impede os momentos de combate corpo a corpo de chegarem ao seu ápice. Além disso, algumas cenas são mal coreografadas e os golpes - muitas vezes - não têm impacto. Isso se torna ainda mais evidente a partir do momento em que o espectador compara o longa com 'Atômica', de 2017, ou 'John Wick 4: Baba Yaga'.

O maior acerto de Agente Stone é a escalação da Gal Gadot (que também é produtora), atriz que conquistou uma legião de fãs após dar vida à Mulher-Maravilha nas telonas e está construindo uma ótima carreira no cinema de ação. No novo longa de espionagem da Netflix, o carisma e a fisicalidade da atriz são pontos altos. Gadot dá vida a uma agente experiente, mas não infalível - um dos aspectos do roteiro que atraíram a atriz.

O elenco conta ainda com Jamie Dornan e Alia Bhat. Dornan interpreta um personagem que parece ter virado regra existir em todos os filmes de espionagem e, consequentemente, tem pouca originalidade. Os roteiristas até tentam torná-lo interessante, mas o arco dramático dele não funciona exatamente porque já vimos antes em outros filmes. Já a Bhatt não é bem aproveitada. Sua personagem é apresentada de maneira que desperta a curiosidade, mas, em seguida, o texto opta por trilhar o caminho mais fácil e perde a oportunidade de criar uma vilã marcante.

No fim das contas, Agente Stone acaba entrando para a lista de produções da Netflix que tinha potencial para não ser apenas mais um filme lançado na plataforma, mas, nesse caso, a falta de originalidade do roteiro e a direção fraca se sobrepuseram aos outros elementos, os quais foram afetados.

Assista ao trailer:

*Sob supervisão de Bianca Carneiro

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Tags:

Agente Stone análise cineinsite espionagem filme Gal Gadot Netflix

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