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História da 1ª médica negra do Brasil vira filme: "Mensagem crucial"

Maria Odília Teixeira era baiana e teve trajetória conta em "Quem é essa Mulher?,", doc exibido em Mostra no Paraná

Por João Paulo Barreto | Especial para A TARDE

19/06/2024 - 10:50 h
Nascida quatro anos antes da abolição da escravatura, baiana Maria Odília conseguiu se tornar médica
Nascida quatro anos antes da abolição da escravatura, baiana Maria Odília conseguiu se tornar médica -

A história da primeira mulher negra a se tornar médica no Brasil, a baiana Maria Odília Teixeira, nascida em 1884 e natural de São Félix do Paraguaçu, encontra ecos mais de um século depois, desta vez na trajetória de vida da jovem historiadora e pesquisadora Mayara Santos, mulher também negra e baiana, mas oriunda de Salvador.

>>> Mulheres baianas: Força do passado se conecta com a luta do presente

É através do olhar da estudante cuja pesquisa sobre a vida da médica teve início no século XXI, um século após o nascimento de Dra. Maria Odília, que os paralelos observados pela diretora Mariana Jaspe encontram ecos no delicado Quem é essa Mulher?, documentário baiano que teve sua estreia na Mostra Olhar de Cinema, que chega ao final hoje, na cidade de Curitiba, Paraná.

Trata-se de um filme essencialmente feminino que, na sua estrutura de rimas, vai colocando a trajetória da jovem estudante durante sua pesquisa acadêmica sobre essa mulher negra que deixou marcas na história por conta do feito de, nascida apenas quatro anos antes da abolição da escravidão, ter conseguido se formar em medicina, profissão que, desde sempre, representa muito dentro do aspecto social de valorização e comparação.

Paralelos

Em entrevista ao Jornal A TARDE, a diretora Mariana Jaspe, no entanto, comenta que tais paralelos entre a vida da protagonista e a pessoa que se tornou objeto de sua pesquisa nem sempre caminham juntos.

“O filme nasce desse encontro, mesmo. Mayara encontrando Odília cem anos atrás. E como essas histórias, de certa maneira, se encontram, têm semelhanças e contrastes também”, explica a cineasta.

Tais contrastes vêm do fato de que muitos documentários parecem buscar evidenciar um sofrimento para suas personagens que, nem sempre, existiu ou requer esse destaque. É o caso da vida da Dra. Maria Odília.

“Acho que um ponto importante do filme é que quando fazemos narrativas de mulheres negras em suas histórias, e eu estou generalizando, a gente sempre espera aquele sofrimento. ’Cadê o que a Odília passou e rastejou no chão para poder virar médica?’. E não é sobre isso. A Odília foi uma mulher rica, de uma classe social alta. Ela tinha acessos. Ela saiu no jornal. Ela era de uma família importante. E mesmo sendo uma mulher negra, a classe social está muito presente. Então, ela se casa com um cara mais rico e mais influente ainda. E isso é pouco falado. Essas personagens são pouco retratadas. E, isso, geralmente não está no centro”, pontua a diretora.

Tendo em sua estrutura documental justamente essa rima entre as histórias de Mayara e Odília, o documentário encontra, também, uma mensagem crucial ao destacar contrastes nas diferenças sociais e dificuldades que a jovem estudante passou para chegar a ser a primeira mulher com um diploma universitário e uma pesquisa de mestrado em sua família.

“Interessava mostrar esse paralelo que às vezes se aproxima mais, mas que, às vezes, também afastava as duas, já que com a Mayara é outra coisa. A Mayara é uma menina de um bairro periférico, com uma mãe solo. É outra relação. Mas elas se espelham em outros lugares. E se espelham pela questão da raça”, explica Mariana.

“Eu acho que não me interessava contar de outra maneira. Porque me interessava mostrar essas duas mulheres. A Mayara buscando essa Odília. A vida delas tem pontos de contato que são muito próximos. E tem outros que são completamente opostos, sabe? E que se complementam, também. E complementam possibilidades”, crava a cineasta.

Feminino latente

Apesar de seu tema central bem evidenciado como uma história focada na trajetória de Maria Odília a partir da pesquisa de Mayara, Quem é essa Mulher? acaba por criar um caminho de afeto bastante caloroso ao nos convidar a adentrar no núcleo familiar da estudante, em cenas que mostram como a força e a presença feminina em sua vida fizeram a diferença.

E essa presença resvala para momentos nos quais a montagem, em transições de cenas de uma cidade para outra, evidencia essa presença, como quando vemos uma mãe e dois filhos caminhar na praça ou quando uma jovem adolescente caminha em direção à câmera.

“Isso representa Mayara cercada por essas mulheres todas que a ajudaram a seguir aquele caminho que a levou a encontrar Odília, e mais outras mulheres que foram junto com ela nessa busca por Odília”, confirma Mariana, e crava: “é um filme com uma história absolutamente feminina. E quando a gente vai filmar esses lugares, o nosso olhar vai encontrar mulheres também. Nosso olhar, ali, foi buscando e foi sendo buscado pelas mulheres. E os planos mostram muito isso. Mostram a nossa relação com elas”, finaliza a cineasta.

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Tags:

cinema Diversidade documentário história mulheres

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