ENTREVISTA
"A idade não tem que nos limitar", diz esposa de Davi do BBB
Mani Rêgo, assistente social, empreendedora e esposa de Davi Brito, do BBB
Por Priscila Dórea
De assistente social e empreendedora a (quase) influenciadora digital - ela afirma não se considerar uma influenciadora ainda, apesar do que dizem -, Mani Rêgo teve seu relacionamento questionado por usuários de redes sociais em todo o Brasil quando o seu marido, Davi Brito, 21 anos mais novo que ela, entrou para o Big Brother Brasil em 2024. Em entrevista ao A TARDE, Mani conta que essa não foi a primeira vez que sofreu com o etarismo e a importância de trazer cada vez mais luz a essa pauta.
A diferença de idade entre você e Davi se tornou pauta logo que ele entrou no programa. Como foi e tem sido lidar com isso?
A impressão que tenho é que hoje você tem que pegar seu namorado e apresentar para a sociedade primeiro, e ela vai decidir se você pode ficar com ele ou não. Depois que Davi entrou no BBB, em determinado momento, as pessoas começaram a se referir a mim como “a mulher mais velha de Davi”, mas a verdade é que a gente vive uma relação normal e é ele mais jovem. É isso. Mas as pessoas hoje nos olham como se a nossa relação fosse apenas a diferença de idade, como se um relacionamento só fosse isso. Depois que ele entrou no programa, percebi o quanto as pessoas se incomodam com essa questão e esse foi o motivo de eu escrever aquela carta aberta.
Mas você já teve que confrontar o etarismo antes de seu relacionamento com ele?
Sim, na faculdade. Me formei no ensino médio aos 18 anos, mas só pude entrar na faculdade aos 29 anos e eu era, provavelmente, uma das mais experientes da sala, e muitos questionavam se eu achava que aquela era a idade para eu estar começando o ensino superior, como se houvesse um limite de idade para aprender. É algo que converso muito com meu filho hoje: ele tem 25 anos, estuda na UFBA e quis trocar de curso, mas se sentia muito velho para começar outra vez. Então falei para ele que tudo é no tempo que tem que ser feito, entende? Se você tem disponibilidade nesse momento, agarre e faça, não deixe ninguém falar que você está velho pra isso ou aquilo.
Então grande parte deve partir, principalmente, do querer?
Claro, pois a força do querer é o que nos move, não a idade. A idade não tem que nos limitar em nenhum momento. E nós mulheres sofremos mais do que os homens com isso. É normal para o homem maduro fazer um monte de coisas, que para as mulheres maduras parece não ser. Estamos velhas para usar determinado tipo de roupa ou precisamos pintar o cabelo para não parecermos velhas demais, por exemplo. O tempo todo as mulheres são cobradas, mas a verdade é que a idade não deveria ser parâmetro para nada. Se você consegue fazer algo, vá e faça.
E como tem sido realmente lidar com isso no dia a dia?
Não é fácil, é claro, mas trouxe algo muito positivo, por incrível que pareça: muitas mulheres se identificaram com a nossa situação, e muitas falam sobre seus relacionamentos comigo, tanto no Instagram quanto na minha barraca. Já perdi a conta de quantas chegam lá para contar, tímidas, sobre como é estar em um relacionamento com alguém mais jovem. Algumas me puxam no canto para contar histórias e damos risadas juntas. Outras são o contrário, bem mais novas que os maridos. E algumas ainda levam os maridos mais jovens e contam suas histórias. Em meio a tudo isso, esse carinho tem sido a melhor parte e também a mais inesperada, mas é o que tem me motivado a falar ainda mais sobre o assunto
Então que mensagem você gostaria de deixar para outras mulheres que sofrem preconceito pela diferença de idade em seus relacionamentos?
Primeiro é essencial que possamos entender que os principais sentimentos de uma relação tem que ser o amor e o respeito, independente da idade. A gente pode estar com uma pessoa da mesma faixa etária e não haver respeito algum ou mesmo amor. Nós mulheres é que devemos determinar a nossa trajetória e a nossa vida, apenas nós. A sociedade já nos impõe muitas coisas, apenas não é certo ela querer se impor em nossas relações pessoais. Não podemos deixar a sociedade nos governar.
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