ARTIGOS
Refinaria de Mataripe não é ativo de especulação
Deyvid Bacelar, coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP)
Por Deyvid Bacelar | Coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP)
A Refinaria de Mataripe, antiga refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, vem sendo vítima de ataques de fake news, que se intensificaram nos últimos dias, na tentativa de valorização da empresa para além do que de fato vale hoje.
A manobra parte da Acelen - empresa que administra e opera a refinaria vendida em 2021, a preço de banana, para o fundo árabe Mubadala - e acontece no momento em que há uma discussão sobre a recompra da refinaria pela Petrobras e em que as partes estão prestes a apresentar o valuation, a avaliação desse ativo.
Com o objetivo claro de valorização da empresa, a Acelen vem gastando dinheiro em intensa campanha de publicidade em rádio, televisão, outdoor, sites, jornais e redes sociais para dourar a realidade, dizendo que desde que eles comparam a refinaria, no governo Bolsonaro, a unidade está recebendo investimentos e crescendo.
Isso não passa de uma grande mentira e os trabalhadores baianos sabem disso. A refinaria está operando hoje com apenas 70% da sua capacidade de processamento, o que faz com que a Bahia perca milhões de reais com arrecadação de ICMS e tenha dificuldade em arcar com as suas contas. A refinaria representa em torno de 27% da arrecadação do Estado.
Por conta da capacidade ociosa da refinaria, a Bahia tem necessidade de importar diesel e gás de cozinha (GLP). Se os preços desses insumos já são altos, eles ficam ainda mais elevados para o cidadão e para a indústria baiana. E mais do que isso. Há a preocupação de que essa refinaria pare de produzir, como aconteceu com a Refinaria do Amazonas (REAM), também privatizada no governo passado.
Até 2015, antes, portanto, do golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, em 2016, a refinaria Landulpho Alves, a segunda maior do país, operava com 97% da sua capacidade de produção. Ou seja, um fator de utilização de 97%, o que significa o processamento de 97% dos 320 mil barris de petróleo por dia que ela tem capacidade de refinar.
A partir daí, porém, a refinaria entrou em processo de sucateamento, e chegou a operar com apenas 53% da sua capacidade. Com a venda da unidade para o fundo árabe, a preço abaixo do mercado, o fator de utilização passou para algo em torno de 75%. Agora, voltou a despencar para algo, em média, de 65%, 70% de sua capacidade.
Quem não pode ser prejudicado nesse processo é o povo trabalhador e a indústria baiana. Ao longo do processo de privatização da Rlam já tivemos unidades de produção que foram paralisadas e a demissão de mais de 700 trabalhadores, próprios da Acelen e das empresas terceirizadas. E mais: a refinaria privatizada impôs ao consumidor baiano o segundo maior preço de combustíveis do país, atrás somente da também privada refinaria do Amazonas.
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