ESTRATÉGIA
Plano na Bahia visa reduzir emissão de carbono na agropecuária
Conjunto de ações previstas até 2030 visa conciliar incremento da produção no campo e aumento dos cuidados voltados ao meio ambiente
Por Miriam Hermes
O ‘Plano Setorial para Adaptação à Mudança do Clima e Baixa Emissão de Carbono na Agropecuária, com vistas ao Desenvolvimento Sustentável’ conta com ações práticas previstas até 2030. O desafio é assegurar o incremento da produção agropecuária baiana e ao mesmo tempo garantir o aumento dos cuidados ambientais para preservar a vida no planeta.
Mais conhecida como Plano ABC+ Bahia, a iniciativa, nesta etapa, envolve 25 instituições, entre órgãos públicos e entidades privadas, que compõem, através dos seus representantes, o Grupo Gestor Estadual (GGE) do plano, sob a coordenação da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura (Seagri).
Como parte do Plano Nacional ABC + (2020/2030), o programa foi lançado em junho no estado, depois de ser construído com a participação dos profissionais do grupo gestor, considerando os diferentes biomas e condições climáticas, bem como as atividades socioeconômicas desenvolvidas em cada região.
A estimativa é que a Bahia vai representar 7,63% do cumprimento das metas nacionais de redução na emissão dos gases do efeito estufa, com a utilização das tecnologias existentes, como a recuperação de pastagens degradadas e sistemas de integração lavoura pecuária e floresta. Também os sistemas agroflorestais, o modelo de plantio direto, o uso de bioinsumos e ampliação das florestas plantadas são opções que favorecem as metas planejadas.
“O momento agora é de alinhar as ações com as instituições. Cada uma delas assumiu compromissos durante a formatação do plano, cujos trabalhos devem ser desenvolvidos nos próximos anos”, afirmou o assessor especial da Seagri, Thiago Guedes, que representa o órgão na condução da iniciativa.
Segundo Guedes, todas as metas foram alcançadas na primeira fase do Plano ABC - desenvolvido no Brasil com participação da Bahia, entre 2010 e 2020. Ele destacou que 26 milhões de hectares de pastagens degradadas foram recuperadas, enquanto que a meta era atingir 15 milhões. A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), prevista para 4 milhões de hectares, chegou a 11 milhões e o plantio direto previsto para 8 milhões, foi implementado em 11 milhões de hectares.
O engenheiro agrônomo pontuou que, além de entidades voltadas à produção mais sustentável no campo, tem grande importância a participação de instituições financeiras no Plano ABC+ Bahia. Ele lembrou que os produtores rurais devem ter apoio para elaborar projetos para agropecuária sustentável e assim obter recursos financiados com condições especiais de prazos e juros dentro do Programa ABC.
Entre outras medidas em andamento, estão a reativação das Câmaras Setoriais e a implantação de Grupos de Trabalho especializados. Com a participação dos produtores, empresas da área e pesquisadores, os grupos setoriais devem potencializar as iniciativas que favorecem a preservação e conservação ambiental.
Uma das novidades para a execução desta segunda etapa do plano será a implementação de pontos de referência nas diferentes regiões, com áreas modelo com cultivos para facilitar a disseminação de diferentes tecnologias entre os agropecuaristas.
Dentro da proposta de ampliar a sensibilização para os cuidados com os solos, o 19º Encontro Nacional do Sistema Plantio Direto, organizado pela Federação Brasileira do Sistema de Plantio Direto e realizado no município de Luís Eduardo Magalhães, no oeste baiano, entre 9 e 11 de julho, já fez parte das ações que implementam o projeto estadual.
Próximos passos
Para o próximo dia 29 de julho, está prevista uma Oficina Técnica sobre Recuperação de Áreas de Pastagens Degradadas, que tem como público-alvo os representantes do GGE Plano ABC+ BA. Sob a responsabilidade do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), o evento ocorrerá na Superintendência Federal de Agricultura na Bahia (SFA), em Salvador.
Com a participação de consultores especializados do MAPA/Brasília, a oficina terá como um dos focos a divulgação de conhecimentos técnicos para elaboração de diagnóstico de áreas degradadas, visando a elaboração de projetos que possam captar recursos para regeneração de terras arruinadas.
De acordo com a analista da SFA, Francimary Maciel de Medeiros, uma série de outros eventos deve mobilizar o estado nos próximos meses e anos. Ainda sem datas definidas, ela citou a realização de seminários de divulgação do Plano ABC+ BA nos biomas Caatinga, em Feira de Santana, na Mata Atlântica, em Ilhéus, e no Cerrado, na cidade de Luís Eduardo Magalhães.
Nesse contexto, o Ministério da Agricultura e Pecuária tem ações específicas que vão ao encontro do Programa ABC+ como o Plano Nacional de Pastagens Degradadas e o Plano Nacional de Desenvolvimento de Florestas Plantadas, que também estão sendo difundidos entre produtores baianos.
Engenheira Agrônoma, Francimary Medeiros pontuou que a segunda fase do plano, que vai até 2030, “está mais robusta (que a etapa anterior, que foi até 2020), aponta para a utilização de novas tecnologias como terminação intensiva de animais, sistemas irrigados, dentre outros, e traz mais sustentabilidade, adaptação e resiliência”.
Ela enfatizou que este trabalho “é uma política agrícola do MAPA que faz parte do compromisso voluntário assumido internacionalmente pelo Brasil, em 2009, durante a COP 15 para reduzir a emissão dos GEEs”, acrescentando que a coordenação nos estados é das secretarias de Agricultura e que o SFA/MAPA é um dos órgãos que fazem parte dos planos estaduais, participando de suas diversas etapas.
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