LAURO DE FREITAS
Alunos da Unime protestam contra insegurança na faculdade: "Medo"
Casos de roubos e perseguições foram registrados dentro da unidade
Por Leilane Teixeira
Medo e insegurança. Essas são as palavras que definem o sentimento de centenas de alunos que estudam na União Metropolitana de Educação e Cultura (UNIME), na unidade de Lauro de Freitas, região metropolitana de Salvador. Por causa disso, os estudantes protestaram na entrada da unidade nesta quarta-feira, 8, cobrando que haja, sobretudo, segurança no local devido a casos de roubos, perseguição e presença de "qualquer pessoa" na unidade.
"Existe o pagamento de uma mensalidade altíssima e a faculdade deixa muito a desejar nessa questão de infraestrutura. Ano passado teve a implantação do estacionamento pago e faculdade alegou que seria para o aumento de segurança, mas o que a gente viu foi que não mudou absolutamente nada. Na verdade, até piorou. Todo mundo entra aqui, não existe fiscalização, segurança. Já tivemos casos de assalto ao redor da universidade, dentro da universidade e, agora, tivemos praticamente o sequestro de uma aluna dentro da faculdade e levaram o carro dela. Como que pode isso? É revoltante", disse em entrevista ao Portal A TARDE uma das alunas da unidade, Juliana Ribeiro.
Os relatos sobre a insegurança na Unime de Lauro de Freitas são inúmeros. Um dos casos que impulsionou para que os alunos organizassem uma forma de dizer "basta", foi um episódio de roubo que aconteceu nesta semana. Uma aluna teve o carro levado por um bandido dentro do estacionamento da própria faculdade. Além de levar o veículo, o homem manteve a aluna no carro e só foi liberá-la na parte externa. Segundo Juliana, toda a situação é motivada porque não existe um processo para controlar quem entra e sai da faculdade, e, ainda de acordo com a estudante, a situação piora porque existe um posto de saúde dentro da faculdade.
"Aqui todo mundo tem acesso à faculdade, todo mundo tem trânsito livre, até porque a gente tem um posto de saúde público aqui dentro, que aumenta o fluxo de gente, mas não reforçaram a segurança de uma forma efetiva. Por isso, hoje em dia meu sentimento é de muito medo e insegurança. Estou com meu celular aqui na mão e mesmo sendo dentro da unidade, não me sinto segura. Era para ser um lugar onde eu me sentisse mais protegida, mas não é isso que acontece", desabafa a estudante de medicina.
Perseguição
Além de constante casos de roubos dentro da Unime em Lauro de Freitas, alunos relatam ainda passar por perseguição. Julia Catarina, também estudante de medicina, lembra exatamente do medo e angústia que passou ao ser perseguida por um homem desconhecido que entrou na faculdade. Segundo ela, o perigo é iminente a qualquer hora do dia, não só pela noite.
"Estávamos eu e duas amigas aqui na faculdade, saindo da aula mais ou menos umas 15h30. No momento e que estávamos saindo pela catraca, nos esbarramos com um homem parecendo que estava drogado, meio estranho. Ele nos abordou fazendo perguntas óbvias, como se quisesse puxar assunto. Ficou perguntando onde era a saída, sendo que a saída estava logo a frente. Quando saímos, encontramos com ele de novo no percurso e percebemos que ele estava seguindo a gente. Minha amiga pegou um outro caminho e ele continuou me seguindo, fazendo várias perguntas. Só parou quando eu achei um estabelecimento e entrei na tentativa de fugir dele. Fiquei lá até ele ir embora de vez", contou.
Questionada se o caso foi relatado a diretoria, Júlia disse que sim, mas que assim como outros casos "nada foi feito". "Fomos até o diretor de segurança da unidade, relatamos tudo, ele disse que ia olhar nas câmeras para identificar quem era e denunciar, mas tudo mentira. Pegaram nossos nomes, e-mail, mas até hoje nunca entraram em contato, nunca fizeram nada, tampouco barraram a entrada de desconhecidos".
Catracas quebradas
Um outro ponto citado que corrobora com a insegurança e que os alunos cobram solução são as catracas quebradas. Segundo os estudantes, a gestão não conserta, mesmo sabendo que isso facilita a entrada de pessoas até mesmo nas salas de aula e outros setores internos.
Eles relatam que, inclusive, uma mulher em situação de rua participou das aulas por meses e ninguém nunca tirou. Além disso, pessoas realizando vendas também entraram, outras que também não faziam parte do corpo de alunos utilizavam a biblioteca e afins.
"É uma situação que não é de hoje, só que a gente chega a uma hora que não aguenta mais, a gente tem que se pronunciar, tem que fazer uma manifestação, porque se a gente não fizer, a Unime vai continuar ganhando dinheiro e não vai estar ligando para a gente", disse o estudante de arquitetura, Leonardo Innocenti.
Um policial militar que esteve na universidade durante o protesto chegou a dizer, sem se identificar, que as reclamações em relação a falta de segurança dentro da faculdade são rotineiras. Segundo ele, já houve também relato de estupro dentro da unidade.
A reportagem do Portal A TARDE procurou a reitoria e a direção durante o protesto, mas não se pronunciaram e informaramque a assessoria de imprensa iria emitir um posicionamento sobre a situação. Procurada, a assessoria da Unime ainda não se pronunciou.
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