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Após 4 dias, pais conseguem enterrar corpo de bebê que morreu em UPA

Pais estavam impedidos de realizar cerimônia por falta de segurança

Publicado segunda-feira, 08 de janeiro de 2024 às 11:17 h | Autor: Da Redação
A vítima deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade de Vera Cruz
A vítima deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade de Vera Cruz -

Após quatro dias, os pais de Lara Heloísa Pena da Conceição, conseguiram sepultar o corpo da bebê de 2 meses que morreu após dar entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Vera Cruz, na Ilha de Itaparica. Ao Portal A TARDE, Laline Souza, advogada da família, confirmou que a cerimônia aconteceu no último sábado, 6, no cemitério Memorial Vale da Saudade, em Candeias, na Região Metropolitana de Salvador.

O corpo da bebê tinha sido liberado do Instituto Médico Legal (IML), de Itaparica, desde a quarta-feira, 3, um dia após a morte ser confirmada, mas só foi sepultado no fim de semana porque os pais estavam inseguros, após receber ameaças de morte. As ameaças, segundo a advogada, começaram a surgir depois que o casal foi apontado por um médico como responsáveis pela morte da filha.

Em um laudo entregue ao Departamento de Polícia Técnica (DPT), o médico teria identificado no corpo da bebê sinais de violência sexual. Com a desconfiança, uma unidade da Polícia Militar foi acionada e os policiais conduziram o casal para a delegacia de Vera Cruz. "Eles prestaram depoimento e prontamente foram liberados porque a delegada concluiu que não tinha prova que apontasse a culpabilidade deles", informou a advogada.

Um dia após a morte, o caso ganhou um novo capítulo. Um outro laudo, dessa vez emitido pelos médicos do DPT, descartou violência sexual como sendo a causa da morte de Lara Heloísa. A essa altura, o caso já tinha sido divulgado e os pais passaram a receber as ameaças. Embora a morte tenha ocorrido em Vera Cruz, a família mora em Salvador e estavam na ilha passando a virada de ano. 

O caso é investigado pela 24ª Delegacia Territorial. Por meio de nota, a Polícia Civil confirmou a informação da família. "Durante apurações do fato, a perícia médica legal realizada pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT) não identificou nenhum tipo de violência sexual praticada contra a criança, não sustentando informações iniciais do relatório médico da unidade de saúde, onde a bebê foi atendida".

Já a Prefeitura de Vera Cruz, responsável pela UPA, negou que o médico tenha acusado os pais da criança de abuso. Ainda de acordo com o posicionamento oficial do município, Lara Heloísa já deu entrada na unidade de saúde sem vida.

"A Prefeitura de Vera Cruz esclarece que, em nenhum momento, houve divulgação de laudo sobre as possíveis causas da morte de uma bebê, em Vera Cruz, que chegou morta à Unidade de Pronto Atendimento de Mar Grande. O médico que prestou o atendimento todos os protocolos estabelecidos e informou, apenas ao DPT, as condições em que a criança se encontrava e as suspeitas em um relatório inicial. A Prefeitura reitera que é papel do DPT e da polícia as investigações de supostos crimes e a elaboração de laudos periciais", diz a íntegra da nota. 

A família nega a versão de que a bebê já estava morta quando recebeu atendimento. "Como a criança estava morta e ele [médico] levou para a sala e realizou os procedimentos?", questiona a advogada que conta a versão apresentada pelos pais. "Eles disseram que a criança começou a passar mal e que foram até um posto de saúde na ilha. Lá eles foram orientados a procurar a UPA. Assim eles fizeram. Os pais suspeitam que houve erro médico e para esconder a situação, ele terminou criando toda essa situação".

A reportagem do Portal A Tarde tomou conhecimento da identidade do médico, mas por se tratar de um caso em processo de apuração e investigação, optou por preservar. Ainda assim, procurou o Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb).

A informação é de que "até o presente momento, não recebeu nenhuma denúncia sobre o caso citado. No âmbito da sua atividade judicante, o Cremeb não pode emitir juízo de valor sobre denúncias, visto que qualquer manifestação sobre o assunto é extemporânea e uma vez formalizada, a tramitação ocorre em sigilo, conforme estabelecido em norma. A autarquia federal orienta aos responsáveis para que formalizem a denúncia e a mesma será devidamente apurada".

A defesa da família de Lara Heloísa informou que vai ingressar com pedido de investigação no Cremeb nesta segunda-feira, 8. "Vamos até o Conselho para buscar a reparação diante de um erro tão grave", garante Laline Souza. A real motivação para a morte da bebê ainda não foi divulgada pelo DPT. "Em 10 dias, contando a partir da data do fato, deveremos saber o que provocou essa tragédia", finaliza a advogada. 

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