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16/09/2024 às 6:30 • Atualizada em 16/09/2024 às 7:06 - há XX semanas | Autor: Ana Cristina Pereira

COMPORTAMENTO

Aumento do número de divórcios reforça tendência da chamada epidemia de solidão

Era da hiperconectividade e de interações virtuais traz desafios para relacionamento no ‘presencial’

Ilustrativa
Ilustrativa -

A relação com o telefone é uma boa metáfora para os relacionamentos afetivos atuais. Ele não sai do nosso alcance, mas poucas vezes conseguimos parar e ligar para conversar com alguém. Nem no dia do aniversário ou datas especiais, quando todo mundo está empenhado em trocar. Para quê, diriam muitos, se tudo pode ser resolvido rapidamente com uma mensagem – que tem seu valor, é claro.

Parece contraditório, e é mesmo. Como destaca a psicanalista Carol Tilkian, nunca estivemos tão conectados, mas isso não quer dizer que temos intimidade e cumplicidade com muita gente. Para ilustrar o que está falando, ela cita uma pesquisa mundial realizada recentemente pela Meta e Instituto Gallup, que aponta que uma em cada quatro pessoas se sente sozinha – e esse número não se altera mesmo para casadas, com filhos, namorado, ficante e afins.

“Aprofundar-se requer tempo, atenção dedicada, vulnerabilidade compartilhada e empatia. Percebo que há cada vez menos abertura para as incoerências do outro e, consequentemente, cada vez mais medo de mostrar as próprias incoerências, limitações, dúvidas”, afirma Carol, que tem se dedicado ao estudo das relações afetivas e fala em epidemia de solidão. “Quanto mais medo tivermos de colocarmos nossos sentimentos, necessidades, dúvidas e questões nas relações, mais propensos estaremos à sensação de solidão”, reflete Carol.

O peso das redes

Para a psicóloga, as redes sociais amplificam essa epidemia, por alguns motivos. A começar, pela forma como os contatos se estabelecem, sempre editados e controlados. Ela lista também outros fatores, como a comparação com a vida alheia – que contribui para o aumento de quadros de ansiedade e depressão – e a sensação de excesso de oferta amorosa.

“São tantos aplicativos de paquera, bem como a possibilidade de paquerar pelas redes sociais que as pessoas estão confundindo exigência com intransigência e acabam não dando tempo para se conhecerem efetivamente”, diz Carol, que ministra o curso on-line Como Fazer o Amor Ser Possível Hoje, e prepara um livro sobre o assunto.

>>> Saúde mental de jovens e telas geram debates

O excesso de ofertas parece ser o empecilho de Flávio Machado, de 26 anos, para firmar nos relacionamentos. Ele trabalha com marketing e gestão de redes sociais e está sempre conectado, por gosto e força do trabalho. E é justamente no ambiente virtual onde interage profissionalmente, troca com os amigos e surgem as muitas possibilidades de interações amorosas. “Quando decidimos sair do virtual as coisas não prosperam muito, sobretudo pela falta de tempo e excesso de trabalho”, afirma o rapaz, que está trabalhando em uma campanha política e tomou uma decisão: só vai voltar a pensar em namoro depois que a eleição passar. “Resolvi dar um tempo, ficar sozinho”, brinca, dizendo que agora está focado no trabalho.

A secretária Adriana Souza, 52 anos, também resolveu dar um tempo. Mas no seu caso, já são quase oito anos sozinha, desde que terminou um casamento de dez anos, em 2016.

“Optei por não ter nenhum relacionamento, é como gosto de viver, estou bem assim, não me sinto solitária e prezo muito a minha liberdade”, afirma Adriana, que também optou em não ter filhos. Ela conta que as pessoas no seu entorno a cobram muito, mas que ela não se deixa abalar. “Sou muito cobrada por estar só, mas não me incomodo. Tô fazendo várias coisas e, inclusive, vou voltar à faculdade e estudar pedagogia”.

Números na Bahia

Adriana se divorciou três anos após a separação e recorda que foi tranquilo. “Alguém tem que dar um basta, e no caso fui eu, porque por ele ia ficando, mas nós mulheres não precisamos mais arrastar um casamento, temos outros objetivos de vida”, afirma a administradora. Ela entrou para as estatísticas que apontam o crescimento de 160% nos números de divórcios no Brasil na última década.

Segundo dados do último censo, divulgados no início do ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os divórcios seguiram em alta em 2022, tanto na Bahia quanto em Salvador, mostrando um segundo ano consecutivo de aumento acelerado. No estado, foram registrados 23, 7 mil divórcios judiciais ou por escrituras em 2022, 23,2% superior ao de 2021 (19.244). Esse foi o maior número em quatro anos e o segundo mais elevado nos 13 anos da série para esse indicador. Já em Salvador foram registrados 4,8 mil divórcios judiciais em 2022, 43,8% a mais do que em 2021.

Os números de 2023 só vão ser conhecidos no final do ano, mas a supervisora de disseminação de informações do IBGE na Bahia, Mariana Viveiros, acredita que eles devem continuar seguindo a tendência. A única exceção foi em 2020, quando os divórcios caíram, em função da pandemia de Covid-19. Além das questões comportamentais e geracionais, Mariana acredita que o aumento está relacionado à simplificação no processo.

A medida mais recente para descomplicar o fim do casamento foi a inclusão da cláusula que permite a pais com filhos pequenos também oficializarem a separação diretamente no tabelionato, sem necessidade de recorrer à Justiça, desde que seja um fim amigável. Mariana usa a própria experiência para ilustrar o que está dizendo. Quando se separou, em 2004, mesmo sendo uma situação consensual, precisou ir diante do juiz para se justificar.

“Isso me marcou muito, foi constrangedor estar diante de um estranho que te pergunta se você tem certeza mesmo que quer se separar”, recorda Mariana, que não voltou a se casar, mas tem uma união estável.

Hoje, diz, ficou mais fácil, rápido e barato, já que não é necessário a presença de advogado nem a etapa de separação de corpos para depois entrar com o pedido de divórcio.

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