SALVADOR
Carteira de Identificação para pessoas com autismo ajuda em Censo
Iniciativa visa traçar perfil para criação de políticas públicas
Por Marcela Magalhães*
Com o objetivo de compreender e atender às necessidades das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) em Salvador, a SEMPRE (Secretaria Municipal de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer) está promovendo o Censo da Pessoa com Autismo, vinculado à criação da Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (CIPTEA). Esta iniciativa visa traçar um perfil detalhado desses indivíduos, permitindo a elaboração de políticas públicas mais assertivas e direcionadas às suas necessidades específicas.
Ao se cadastrar para confeccionar a carteira, o indivíduo automaticamente está inserido no recenseamento. O censo já contabilizou 4.249 pessoas, fornecendo informações cruciais sobre gênero, raça, idade, bairro e o gênero do cuidador. Esses dados são essenciais para o planejamento de ações nas áreas de mobilidade, educação, saúde, acessibilidade, lazer, cultura e esporte, promovendo um diálogo interdisciplinar e a otimização dos recursos disponíveis.
Sobre o Censo da Pessoa com Autismo, Anacleia dos Santos, Secretária da Associação dos Pais e Amigos de Autistas ressalta: "É de suma importância que haja essa pesquisa do Censo, pois vai proporcionar uma visão mais ampla do perfil dos autistas em Salvador. Cada autista é único, e entender suas características individuais é crucial para oferecer suporte adequado."
Quando questionada sobre a realidade atual das pessoas com autismo na cidade, Ângela descreveu uma situação alarmante, destacando a falta de acesso a serviços de saúde e educação especializada. Ela enfatizou a escassez de terapeutas e profissionais especializados nas escolas, o que tem gerado dificuldades significativas para as famílias. "Hoje, a maioria dos autistas em Salvador está sem acesso à terapia e profissionais especializados dentro das escolas. Muitas mães cometem suicídio devido a sobrecarga, não há vagas para seus filhos nas instituições, eles não são aceitos nas escolas por falta de aparato”.
Até o momento 46% da população foi cadastrada e cerca de 1.570 dessas pessoas recebem o Benefício de Prestação Continuada, um salário mínimo mensal fornecido à pessoa com deficiência que comprove não possuir meios de prover a própria manutenção. Os últimos dados apontam para uma população composta 70% de meninos até 17 anos e com diagnóstico de uma das quatro ramificações do autismo infantil: transtorno autista, Síndrome de Asperger; Transtorno Desintegrativo da Infância; e Transtorno Invasivo de Desenvolvimento Sem Definição Específica.
A carteira é gratuita e sem limite de idade, possibilitando identificar pessoas com TEA em espaços públicos e privados, facilitando o atendimento e evitando o constrangimento para as pessoas com autistas e seus familiares, que por vezes, não apresentam características visíveis do autismo e precisam de prioridade em filas e atendimentos diversos.
A confecção da CIPTEA pode ser realizada na sede da Sempre, localizada na Rua Miguel Calmon, 28, no Comércio, de segunda a sexta-feira, de 8h às 16h. Além disso, é possível realizar de forma online através do site https://salvadordigital.salvador.ba.gov.br. É necessário apresentar RG e CPF da pessoa com TEA e do seu responsável, em caso de menores de 18 anos, comprovante de residência e laudo médico da patologia carimbado.
*Sob a supervisão da jornalista Hilcélia Falcão
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