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Centro financeiro muda de endereço

Expansão Com a evolução da cidade, principais escritórios migram do Comércio para a região do antigo shopping

Publicado sexta-feira, 29 de março de 2024 às 05:50 h | Atualizado em 29/03/2024, 09:06 | Autor: Madson Souza
A mudança impactou a região do centro antigo
A mudança impactou a região do centro antigo -

Como a própria dinâmica da economia, que muda e se adapta, a capital baiana, ao longo da história, trocou o endereço do centro financeiro, adequando-se ao desenvolvimento do mercado. Hoje, é nos prédios – muitos com arquitetura de ponta – do Caminho das Árvores onde estão os principais escritórios comerciais da cidade. Ao longo dos 475 anos, no entanto, nem sempre foi assim.

Segundo o historiador Rafael Dantas, o centro financeiros de uma cidade é “um espaço que comunga, que reúne uma série de instituições, tanto públicas como privadas, onde são decididas, onde circula de fato o capital e os recursos existentes”.

“O centro financeiro de Salvador, desde a criação da cidade, no século 16, em 1549, até o século 19, início do século 20, concentrou-se naquela região do Comércio, na Cidade Baixa, onde hoje temos um lugar com uma outra dinâmica”, afirma Dantas.

O historiador explica que, ainda com a cidade sob o jugo de Portugal, Salvador sempre esteve ligada ao mar e à Baía de Todos-os-Santos. A cidade alta foi definida como um primeiro centro administrativo da cidade, já a cidade baixa como um local para atividades econômicas e relacionadas ao mar.

Foi só a partir de meados do século 20, que os novos planos urbanos começaram a moldar a cidade de Salvador. Novas vias, avenidas, espaços. Ainda segundo Dantas, o responsável pela criação desse plano foi o engenheiro sanitarista Mário Leal Ferreira. Mas o projeto só foi posto em prática de forma plena na gestão do então prefeito Antônio Carlos Magalhães, entre 1967 e 1971. É nesse movimento que surge o Centro Administrativo da Bahia (CAB).

A mudança impactou a região do centro antigo, como explica Dantas. “Houve um esvaziamento e também uma ausência, na verdade, das iniciativas dos privilégios voltados para essa região, que era o centro de poder em Salvador. Assim, o poder ficou concentrado naquela região do (antigo shopping) Iguatemi, Paralela e CAB”.

A “cara” do centro financeiro na região do Comércio era o prédio da Associação Comercial da Bahia, ainda segundo Dantas. Entre bancos e grandes escritórios, o prédio foi construído no estilo neoclássico inglês.

Já no Caminho das Árvores, o “novo” endereço dos negócios tem um outro visual. O prédio da Casa do Comércio, o Centro Empresarial Previnor (Cempre) e o Empresarial Suarez Trade são algumas das faces da região. Para a urbanista Ana Fernandes, a grande referência de arquitetura na avenida Tancredo Neves, onde estão concentrados os mais altos arranha-céus soteropolitanos, é a Casa do Comércio.

“A Casa do Comércio é uma referência extremamente importante pelo tipo de tecnologia que ela usa, a mistura da estrutura de concreto com a metálica, a volumetria que ela cria, o jeito que se implanta na avenida Tancredo Neves. Você vê que ela está recuada, tem um espaço de chegada, você faz uma transição entre a calçada e o edifício. Ela compõe visualmente uma referência extremamente importante na cidade”.

O prédio abarca as sedes administrativas da Fecomércio-BA, Sesc e Senac Bahia, entidades que compõem o Sistema Comércio Bahia. O presidente da Fecomércio-BA, Kelsor Fernandes, conta que trabalhar no icônico prédio “é uma experiência única e marcante, porque o edifício é uma referência arquitetônica na cidade e no Brasil e desfruta de uma localização privilegiada no coração de Salvador”.

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